41

229 19 11
                                    

Um mês depois...

Já se passaram um bom tempo desde que Alex desapareceu da minha vida. Desde que ele foi embora, eu ando tomando medidas cautelosas para cada coisa que faço, pensando na saúde do meu bebê. Não está sendo fácil, mas, eu já passei por tanta coisa, que não é uma surpresa para mim algo dar errado quando está indo tudo bem.

Hoje é o dia da ultrassom para descobrir o sexo do neném, e eu não estou me aguentando de ansiedade. Ao mesmo tempo que estou feliz, estou triste por ele não estar aqui. Mas tudo bem. Tudo passa, né?!

Quem veio comigo foi o meu pai. Ele finalmente se aposentou e está cuidando dele e aproveitando a vida. Mas também está cuidando muito bem de mim. Ele faz de tudo para que eu não me sinto sozinha com essa criança. Eu sou tão grata, que nem sem dizer. Ele me ajudou na compra de um apartamento e eu finalmente moro sozinha. Não está sendo do jeito que eu imaginei, mas está sendo bom.

— Pronta? — ele perguntou quando o médico apareceu na porta do consultório.

— Pronta! — sorri para ele.

Entramos na sala e eu me deitei na maca. O gel gelado na minha barriga me fez apertar a mão do meu pai com força. Não doeu, eu só senti algo diferente.

— Está explicado o porquê dessa barriga estar tão grande com apenas três meses. — o médico falou após fazer a ultrassom. Ele estava sorrindo para a tela que mostrava o bebê.

— O quê? — perguntei confusa e então olhei para a tela também.

Meus olhos ficaram marejados quando eu comecei a enteder.

— São gêmeos, senhorita Clarkson.

Senti um calor invadir meu corpo e minha respiração ficou acelerada. Minhas batidas cardíacas aumentaram e senti as lágrimas quentes finalmente caírem.

— Parabéns, meu amor. — papai falou após me abraçar.

— Quer sabe os sexos? — o médico perguntou.

Fiz que sim com a cabeça.

— São dois meninos. — falou contente.

Respirei fundo e deixei a alegria invadir meu coração. Meu sorriso era tão sincero que engatei em uma risada de felicidade. Eu sabia que boa parte de tudo aquilo, era para tentar disfarçar minha tristeza por ele não estar aqui.

Saímos do consultório e eu já havia superado a parte ruim. Agora eu estava radiante. Uma criança já me deixara feliz, duas então...  Dois meninos a caminho. Era um dia maravilhoso.

(...)

Papai foi para casa e eu aproveitei o dia para descansar. Ainda não estou de licença, mas o serviço está um pouco parado por conta da temporada de férias. Fui a um café para fazer uma coisa que eu há muito queria fazer.

Escolhi uma mesa no centro do estabelecimento e me sentei em uma cadeira de costas para a porta. Tirei o meu notebook da minha bolsa e o coloquei em cima da mesa. A atendente se aproximou e eu pedi apenas um café descafeinado. Voltei meu foco para o computador e criei coragem.

Abri meu e-mail e cliquei para enviar um novo. Alex não se dá muito bem com as tecnologias de hoje em dia, por isso é um homem mais cético em relação a essas coisas. Ele tem celular e tudo. Mas mesmo assim, optei por um email, já que ele provavelmente não havia trocado o dele e ficaria curioso para saber o que era.

Comecei a escrever depois de virar a xícara com o café de uma vez.

"Querido Alex,

Já se passaram alguns meses, certo?! Não te vejo há um bom tempo e não tem sido fácil. Se você abrir esse e-mail, certamente vai se perguntar o porquê de eu o ter enviado a você. Mas logo que começar a ler, vai entender.
Naquela noite, você não me deixou explicar, mas eu não te culpo. Sei como deve ser doloroso achar que o amor da sua vida te traiu, mas, será mesmo que eu sou o amor da sua vida?! Você desistiu tão fácil... Enfim, não é disso que quero falar.
Fui ao médico hoje. Meu pai me acompanhou. Você não vai acreditar no que eu descobri!
Fiz a ultrassom e a surpresa veio em dobro.
São gêmeos, Alex! Dois meninos.
Seria bom se você estivesse aqui, para escolhermos os nomes. Certamente haveria discórdia, mas faz parte de momentos como esse.
Mas é isso... Te desejo tudo de bom e, torço para que você ao menos queira fazer parte da vida dos seus filhos. Seria muito ruim para eles crescer sem o pai por perto.
E, mais uma coisa...

Antes que eu podesse continuar, senti duas mãos geladas tocar em meus ombros. Me virei para trás, assutada. Meus olhos se encontraram com os de Kate e ela estava com o rosto vermelho. Logo notei que ela estava chorando.

— O que aconteceu? — perguntei me levantando para abraça-la.

Ela soluçava e eu tentava acalmá-la. Mas não adiantava. Comecei a ficar nervosa também.

— Sente-se e me conte o que aconteceu, Kate. — falei.

Ela parou de chorar por um minuto e me encarou séria.

— Não temos tempo para isso, Melinda.

— Quer dizer, nós duas?

Ela assentiu.

— O seu... O seu pai... Ele... Ele infartou. — ela suspirou pesadamente e o choro voltou, barulhento como antes.

Não consegui associar o que ela disse de primeira, mas logo a ficha caiu.

Saí da cafeteria correndo e deixei todos os meus pertences para trás. Nada do que estava ali tinha valor para mim perante a essa situação. A única coisa que importava naquele momento, era correr até o hospital e ver meu pai.

Susie - a garçonete

A moça sentada à mesa no centro, simplesmente saiu correndo e deixou todas as coisas que trazia com ela em cima da mesa. Computador, carteira, celular e outras coisas na bolsa. Eu não sei por que ela fez isso, mas parecia muito mal. A mulher que estava com ela, também saiu correndo. O que me veio a cabeça foi ir até a mesa e guardar todas as coisas para quando ela voltar. Certamente ela vai.

Quando cheguei perto da mesa, notei que o computador estava aberto e nele tinha uma mensagem escrita, mas não enviada. Sei que foi errado da minha parte, mas eu me sentei na cadeira de frente para o aparelho e comecei a ler. Me emocionei um pouco e claro, eu percebi que ela estava grávida, mas as coisas que ela falou foi triste de ler. O pai provavelmente fora embora e a deixara grávida. Isso é tão cruel.

Então eu me precipitei. Aproximei o notebook de mim e continuei o que ela estava escrevendo, mas mostrando que não era mais ela.

"Ei, Alex! Que coisa feia de se fazer, hein?! Sua mulher está com um barrigão por estar grávida de gêmeos, e o bonito não está aqui com ela, né?! Pode me chamar de intrometida, mas eu não ligo.
Ela acabou de sair chorando do café onde trabalho e deixou as coisas para trás.
Não sei o porquê dela ter feito isso, mas deve ter um bom motivo.
Espera...
Lembro-me de ter ouvido algo com pai. Sim, agora estou me lembrando.
Acho que ela saiu chorando após a outra mulher dizer algo relacionado ao pai dela.
Pobrezinha...
Enfim, espero que você crie vergonha nessa sua cara, seu pilantra!

Da furiosa, S.L."

Apertei enviar e fechei o aparelho. Levei as coisas para dentro da cozinha e as coloquei na parte dos funcionários. Agora só me restava esperar ela voltar para buscar.

baby I'm yoursWhere stories live. Discover now