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acordei em um lugar totalmente sem iluminação e ventilação. logo percebi que eu estava no porta-malas de um carro. o carro parado em frente a casa.

eu não conseguia ouvir nada. ver então era impossível. as minhas lágrimas desciam quente e o som do meu choro era abafado pela minha mão, que estava tampando a minha boca.

tentei procurar por alguma coisa que me ajudasse sair dali, mas logo achei algo totalmente assustador que me fez paralisar.

havia uma arma comigo. no porta-malas... havia uma arma.

seja quem for que me sequestrou, pretende me matar.

um som começou a tocar, ele vinha de dentro do carro e logo reconheci a melodia.

ah não... mas que merda.

oh! darling tocava no rádio do carro abrindo a minha mente para que eu soubesse quem era ali dentro.

Jesse.

não tentei mais chorar sem fazer barulho. eu iria morrer de qualquer jeito.

— vejo que acordou — a voz dele sussurrou pelo pequeno buraco, agora aberto, entre o banco e a parte de trás.

— por favor, não me machuque — não sei por que disse isso, eu sabia que ele iria.

escuto uma risada sombria da parte dele.

— ah, querida, você continua tão inocente — ele para de rir. — na verdade, você não é inocente e sim uma vadia.

começo a chorar mais alto.

— eu não sou uma vadia só porque terminei com você... suas atitudes me levaram a fazer isso.

eu estava tirando forças do fundo da minha alma para conseguir falar.

— eu só queria te proteger... porque eu te amo, Melinda.

senti nojo daquelas palavras.

— você é um maluco sem noção.

aquelas palavras o irritaram. senti o carro todo balançar.

— chega! — ele grita e depois escuto o barulho da porta batendo.

uma claridade invade o pequeno lugar aonde eu estava sufocando.

Jesse pega a arma do meu lado com muita brutalidade e depois a carrega.

esse era o momento em que eu iria morrer.

não consegui sequer me despedir dos que amo. não consegui conhecer meu afilhado ou afilhada. não consegui aprovar a próxima namorada do Peter. não consegui ver a Molly crescer e ir pro ensino médio. não consegui casar... nem ter filhos.

minha vida foi muito curta e eu não podia morrer agora.

fecho meus olhos e escuto ele puxar o gatilho. o som que vem depois é do disparo da arma, mas ao contrário do que achei que aconteceria, não sinto dor alguma.

estranho. achei que a morte seria pior. mais dolorosa. mais devagar. mas nada aconteceu. eu ainda estava chorando e do mesmo jeito que me encontrava antes de ele apertar o gatilho.

arrisco abrir meus olhos e o que vejo me faz gritar.

eu não estava morta, mas Jesse estava. ele estava caído no chão, cheio de sangue e com a arma na mão.

me levanto do porta-malas e não consigo desviar os olhos do corpo dele caído ali.

sinto uma mão tocar meu ombro e levo um susto.

baby I'm yoursWhere stories live. Discover now