baby I'm yours

35

Quanto entrei na casa da Kate, tivemos aquela conexão de melhores amigas. Apenas nos olhamos e ela sorriu. A conversa e os abraços ficariam para depois.

Fui direto para o banheiro da casa e tirei o teste da caixinha. Fiquei olhando para ele por alguns segundos.  Tudo o que possivelmente vai acontecer se der positivo, passou pela minha cabeça.

Antes de fazer o teste, coloquei uma música no meu celular. De certa forma, ela me acalmava. Eu não conseguia pensar muito enquanto cantava a letra na minha cabeça.

Hold me close and hold me fast
The magic spell you cast
This is la vie en rose

When you kiss me, heaven sighs
And though I close my eyes
I see la vie en rose

Depois de fazer xixi no teste, me sentei no chão do banheiro e me encostei na porta. Deixei a música tocando e comecei a cantarolar baixinho.

When you press me to your heart
And in a world apart
A world where roses bloom

And when you speak
Angels sing from above
Every day words
Seems to turn into love songs

Dois minutos haviam se passado e a resposta já estava naquele teste. Reuni toda a minha coragem para olhar o resultado.

Virei o teste e cantei a última parte da música com a voz trêmula.

Give your heart and soul to me
And life will always be
La vie en rose.

Então era isso. Aquele teste me mostrou a resposta que irá inverter toda a minha vida daqui pra frente.

Saí do banheiro com ele em mãos e caminhei a passos lentos até a sala, onde Kate estava com uma caixa nas mãos.

— deu positivo. — falei, sem muito entusiasmo na voz.

Ela colocou a caixa no sofá e veio até mim.

— não era o que você queria? — perguntou, para depois me envolver em um abraço.

— eu não sei o que eu queria. — comecei a chorar. — eu não sei o que quero... Eu não sei o que o Alex quer.

Ela me soltou e segurou meu ombro.

— você está preocupada com o que ele vai achar? — perguntou, olhando no fundo dos meus olhos.

— sim, Kate. Eu estou. — suspirei pesadamente. — isso pode atrapalhar nosso relacionamento.

Ela segurou a minha mão e me levou até o sofá, onde sentei e relaxei minhas costas, que pareciam estar carregando duas toneladas de tristeza.

— ele tem a banda dele. Eu tenho meus eventos para organizar. Não podemos ficar em um lugar só. Nosso trabalho é o nosso sustento!

— Melinda, querida, acho que Alex não pensará em trabalho quando souber que será pai. Nem você deveria estar pensando nisso agora. —  deito minha cabeça no colo dela. — uma criança é uma benção. Vocês serão pais de uma benção!

Sorrio, enquanto limpo minhas lágrimas.

— eu sei, Kate. Mas por que isso tinha que acontecer agora? Pouco antes do meu casamento.

Ela da de ombros.

— algumas coisas não tem um motivo, apenas acontecem. Talvez isso tenha vindo para aproximar ainda mais vocês.

Penso no que ela disse.

— talvez.

Me levanto do colo dela e coloco o teste, que até então eu estava segurando, em cima de um papel toalha na mesinha de centro.

— vou para casa contar a novidade para a minha mãe. E depois irei pensar em um jeito de contar ao Alex quando ele voltar.

— certo. E, te recomendo fazer uma surpresa para ele. Creio que ela irá gostar.

Assinto.

— obrigada, Kate. — Levanto do sofá, pego o teste e o enrolo no papel.  — isso fará parte da surpresa.

— ele vai ficar feliz, Mel.

Sorrio.

— espero que sim. — dou um abraço em Kate. — tchau, amiga de barriga.

Ela começa a rir.

— tchau, mais nova mamãe. — diz, quando para de rir.

Saio da casa e respiro fundo. O ar entra nos meus pulmões como um presente.

Pego minha mala, que havia deixado do lado de fora, e começo a andar até a minha casa, que não ficava muito longe dali.

Não hesito em passar a mão pela minha barriga, mesmo sabendo que o bebê ainda é do tamanho de uma semente.

Agora minha ansiedade atacaria por causa da notícia que tenho que dar ao Alex. Mas primeiro contarei a minha mãe.

Ela sempre me dá os melhores conselhos.