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Chego em casa e demoro a achar minhas chaves na bolsa incrivelmente grande. Quando as acho, abro a porta e adentro o lugar com um ar de satisfação.

Deixo minha mala perto da escada, para eu levar ao meu quarto quando subir. Tiro os meus sapatos e os deixo ao lado da mesa de madeira que está na família há anos.

Eu não sabia se queria ser direta com a minha mãe ou fazer aquelas coisas que vejo no Instagram, de colocar alguma mensagem ou alguma coisinha de bebê em uma caixa e entregar para a pessoa dedicada a surpresa.

Como ela não estava em casa - pois a procurei por toda a parte de baixo, onde ela costuma passar quase o tempo todo, e não a encontrei -, decidi escrever alguma coisa fofa e colocar em uma caixinha junto ao teste, já que eu não tinha nada de bebês em casa. Depois eu pegaria o teste de volta para montar a surpresa do Alex.

Subi para o meu quarto e preparei o bilhete e a caixinha. Passei uma fita na caixa e a coloquei em cima da minha cama.

Aproveitei o tempo livre que eu tinha para tomar um banho e poder enfim colocar uma roupa confortável. Eu não estava tendo enjôos, pelo menos.

Entrei no banheiro e liguei o chuveiro. Após tirar minha roupas, observei meu corpo no espelho e imaginei minha barriga já grande. Depois pensei em como ele ficaria e entrei no chuveiro para deixar a água tirar os pensamentos negativos de mim.

Me dei o privilégio de um banho mais demorado. Eu havia vomitado muito e me sentia a pessoa mais suja do mundo.

Após terminar, desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha. Calcei meus chinelos para não correr o risco de escorregar e fiz meu processo de hidratação no corpo.

Enrolei meu cabelo na toalha, pois meu secador estava no meu quarto, e sai do banheiro.

Ao entrar no meu quarto, deixei a toalha cair com o susto que levei. Meu coração havia acelerado as batidas a ponto de eu achar que ele sairia pela minha boca.

Alex estava sentado na minha cama com o teste nas mãos. A caixa estava aberta e o bilhete estava ao lado dela, aparentemente molhado.

— esta grávida? — perguntou, olhando diretamente para mim.

Eu não conseguia formular uma frase sequer.

Não era pra ele ter descoberto desse jeito. Eu queria fazer uma surpresa decente. Achei que seria mais fácil de ele enteder se fosse de uma forma tocante. Mas cá estamos nós. E eu nem sei por que, já que ele não sabia quando viria para Nova Iorque, por estar ocupado com coisas em Londres.

— eu vou ser pai? — perguntou, novamente me olhando profundamente.

Peguei a toalha no chão e me enrolei nela para ir até a cama e me sentar ao lado dele.

— sim. — disse, quando consegui me recuperar. — isso não era pra você. — falei, me referindo a caixinha com o bilhete e o teste.

— é. Eu percebi. — ele pegou o bilhete dentro da caixa. — "querida vovó, é um prazer para mim ser seu neto ou neta. Foi descoberto hoje cedo que estou crescendo na barriga da minha mamãe, sua filha que te ama muito. Meu papai ainda não sabe, por isso, é um segredo nosso. Sei que posso contar com você, porque minha mamãe me disse que você é a melhor pessoa do mundo. Estou ansioso(a) pela hora em que irei te conhecer pessoalmente. Espero que fique ansiosa também, pois já te amo muitíssimo!

Do(a) futuro(a) integrante da família, seu netinho(a) que ainda não tem nome."

Alex sorri ao terminar de ler o bilhete, de novo. Ele o guarda de volta na caixinha e coloca o teste ao lado dele.

— acho que estraguei a surpresa da Eleanor. Molhei o bilhete. — diz, apontando para o papel.

— eu teria que escrever outro de qualquer jeito. — olho para o bilhete. — porque, agora o papai já sabe.

Levo meu olhar até o dele. Seus olhos estão cheios de lágrimas.

— aí, meu Deus! Eu vou ser pai! — ele me abraça fortemente e começa a chorar no meu ombro. — quando ia me contar? — diz, me soltando.

— quando você voltasse de Londres. E a propósito, por que voltou tão cedo? Cedo, tipo, junto comigo.

Ele sorri. Seu rosto está inchado e vermelho.

— eu queria fazer uma surpresa. — diz, enquanto pega minhas mãos. — sabe aquela igreja que você me contou uma vez? A que você sempre sonhou em se casar?

— sim. Eu me lembro. Te disse também que, é muito difícil conseguir data lá, pois está sempre com a agenda esgotada. 

Ele alonga ainda mais o sorriso.

— essa era a surpresa. — o olho confusa. — assim que você saiu lá de casa, esperei um tempo e sai atrás. Vim de jatinho, pois você poderia me ver no aeroporto.

O interrompi:

— me fez pagar passagem e veio de jatinho? — aperto a mão dele. — isso não foi nada legal, Turner. — brinco.

— calma. Foi por uma boa causa! — diz. — retomando, vim de jatinho e fui até aquela igreja. Adivinha? Consegui uma data!

— aí, meu Deus! Não acredito que vamos nos casar lá... — falo, tentando juntar o ar que perdi após saber disso.

— mas, podemos falar disso depois, porque... Vamos ser pais!

Respiro fundo. Eu estava tão aliviada pela reação dele.

— que bom que está feliz, meu amor.

— está brincando?! Eu sou o cara mais feliz desse mundo. Tenho a mulher que amo e agora terei um filho dela. — fala, me deitando em seu colo.

— eu estava com medo da sua reação.

— medo? — perguntou, passando a mão pelo meu braço.

— sim. Como não tínhamos conversado sobre ter filhos, achei que você poderia não gostar de ser pai agora ou sei lá...

— bobeira. — fala e beija o topo da minha cabeça, que já estava sem a toalha, pois a mesma caiu junto com a do corpo quando entrei no quarto. — sou sortudo por ter você e construir uma família com você.

Sorrio.

— eu tenho mais sorte ainda por ter um futuro marido tão incrível como você. — me levanto do colo dele e acaricio o rosto do mesmo. — mas irei tirar suas chaves, para que não me assuste mais assim. — digo, em tom de ironia.

Ele ri baixinho.

— logo iremos morar juntos, então, não me importo.

Assinto.

— tem razão.

Me deito novamente no colo dele e o abraço meio torto.

A sensação de alívio que eu estava sentido misturada com felicidade era surreal.

baby I'm yoursWhere stories live. Discover now