'Trinte e Dois'

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-Não, não vou mais esconder isso deles. –A moça falou com se tom de voz mais alto. –Certo dia seu pai foi ao meu reino, acabado pelo fato de ter brigando com sua mãe. –Ela falou enquanto me encarava.

-E então nessa noite chuvosa acabamos se relacionando...

-Você traiu meu pai? –Bailey perguntou furioso.

-Não meu filho, eu e seu pai éramos melhores amigos, a gente se amava sim, mas não na forma como as pessoas imaginavam não como marido e mulher. Nosso casamento foi armado. –Senhora May falava e mais lágrimas escorriam por suas bochechas. – Depois de alguns dias seu pai Caliope voltou para o reino e se resolveu com a sua mãe... Mas depois de alguns meses comecei a sentir enjoos, minha menstruação estava atrasada e foi ai que percebi que estava grávida de você Bailey... Como eu e seu pai éramos muito amigos ele não achou ruim em assumir ser seu pai, ele era uma pessoa boa, pena que se foi muito cedo.

Eu não podia acreditar no que ela estava dizendo, se antes eu já estava confusa agora eu não to entendendo mais nada.

-Você quer dizer que...

-Sim Caliope. Eu sou o pai de sangue do Bailey, ou seja, você e Bailey são irmãos. –Meu pai se pronunciou pela primeira vez.

Meu mundo desabou, eu vivi 17 anos da minha vida, achando que era apenas eu e meu pai, e quando ele partisse seria apenas eu, eu passei anos da minha vida confiando cegamente nele...

Senti meus olhos marejarem, na minha garganta já havia se formado um grande nó. Olhava pras pessoas ao meu redor todas sem saber o que dizer, procurando entender aquela loucura.

-Me desculpa minha filha. –Meu pai disse me encarando, não sabia expressar o quão traída eu estava me sentindo.

Todas aquelas pessoas me olhando estavam me sufocando, sai correndo de lá, com as lágrimas já encharcando minhas bochechas, minha visão toda embaçada e minha mente tão confusa.

(...)

-Finalmente te achei. –Noah disse ao subir até o terraço do castelo.

-Como sabia que eu estava aqui? –Perguntei enquanto limpava uma lágrima que escorria por minha bochecha.

-Você sempre está aqui. –Noah disse e era verdade.

O moreno sentou-se do meu lado e ficamos em silêncio por um bom tempo, acho que ele não sabia o que falar e eu não o julgo se estivesse no lugar dele também não saberia.

-Como Bailey está? –Perguntei quebrando o silêncio.

-Totalmente confuso e irritado... Acho que você deveria falar com ele.

-Eu sei... Mas não sei o que dizer Noah. –Falei sentido o choro preso em minha garganta. –Sei que pra ele as coisas estão bem mais difíceis, porra ele achou que o pai dele tinha morrido e agora ele descobre que o verdadeiro pai está vivo e que tem uma irmã... Isso é tão doido.

-Eu não consigo imaginar pelo o que vocês estão passando, mas é melhor vocês ficarem juntos nessa hora. –Noah falou e mais uma vez ele tinha razão, fui um pouco egoísta e pensei só em mim, precisava ver como Bailey estava.

Levantei-me junto com o moreno ao meu lado e então saímos ao terraço, fui em direção ao lugar que eu tenho certeza onde Bailey pode estar na academia.

Olhei pelas grandes portas de vidro e lá estava o moreno dando socos em um saco de areia, totalmente submerso aos seus pensamentos.

Entrei lentamente para não o assustar, mas ele se quer notou minha presença. Noah já havia indo para seu quarto sabia que esse assunto era somente entre nós dois.

Pensei seriamente em sair de fininho e ir para meu quarto, mas sabia que isso não seria o certo a se fazer. Depois de um tempo o moreno finalmente notou minha presença e me encarou com sua expressão neutra.

-Bailey... –Falei sentindo as lágrimas surgirem em meus olhos, que saco será que eu não consigo dizer uma sequer palavra sem chorar.

Antes que eu pudesse terminar minha frase, Bailey me puxou e me deu um grande abraço.

-Não poderia ter uma irmã melhor. –Ele disse enquanto minha cabeça descansava em seu peito, devido à grande diferença de altura.

-Como você está? –Finalmente perguntei, após me desconciliar de seu abraço.

-Confuso... Mas quer saber não vou deixar isso me abalar e fazer com que estrague esses últimos dias aqui com os meus amigos.

-Eu fiquei com tanta raiva, eu não quero nunca mais olhar pra cara do meu... Pai. – Falei vendo a reação do garoto, não sabia se agora eu deveria chamá-lo de nosso pai.

-Eu entendo estou assim com a minha mãe. Mas pra ser sincero, a parte que mais me doeu foi saber que tinha uma irmã todos esses anos e ela nunca sequer comentou, só Deus sabe quantas vezes eu me sentia sozinho naquele castelo. –Falou respirando fundo, parecia que ele estava se segurando para não chorar. –Meu pai sempre vai ser meu pai não importa se é de sangue ou não, ele foi e ainda é minha maior inspiração, não vai ser qualquer cara chegar aqui e dizer que tenho seu sangue correndo por minhas veias que vai mudar isso.

Sorri ao ouvir ele dizer isso, era bonito ver essa paixão de Bailey por seu pai, mesmo depois de anos de sua morte. O mais bonito de se ver era que pra tudo Bailey tentava ver o lado bom das coisas, não importa o quão ruim esteja, ele sempre vai tentar achar alguma coisa que ainda lhe de esperanças. Admiro isso nele.

The Real Life// Now UnitedWhere stories live. Discover now