'Quarenta e Quatro'

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DOIS MESES DEPOIS...

Acordei e o relógio marcava 02h45min, meu coração batia rapidamente e eu podia sentir o suor deslizando pela minha nuca.

Minha mão estava gelada e minha garganta seca, esse sonho que tive foi tão estranho...

Sonhei que subia em uma montanha tão alta que era capaz de alcançar as estrelas. Ao chegar ao topo dessa misteriosa montanha, ouvi uma voz muito familiar não entendia o que falava, mas sabia que eu conhecia essa voz.

Uma voz que exalava agonia e medo. Aquela voz estava me deixando tensa e então tentava ficar nas pontas dos pés para alcançar a estrela que brilhava alguns metros das pontas dos meus dedos.

Quanto mais eu me esticava mais a voz ficava baixa até que quando finalmente dei um leve toque no ponto de luz, senti um vento forte e cai para trás, fazendo com que a voz sumisse.

E foi ai que acordei completamente assustada, demorou para que eu conseguisse a pegar no sono de novo, mas felizmente após alguns minutos rolando na cama, finalmente consegui.

(...)

-Cali, acorda. –Diana disse enquanto me chacoalhava.

-Deia eu dormir mais um pouco... –Falei ainda totalmente coberta de sono.

-Seu pai Cali... –Diana disse e eu abri os olhos com rapidez dando de cara com os olhos marejados da mais velha.

Ainda estava tentando entender se aquilo era real, ou mais um sonho maluco.

-O que está acontecendo? –Perguntei levantando de minha cama.

-Lembra que alguns dias atrás seu pai saiu para um reino pequeno há alguns quilômetros daqui? –Acenei sim com a cabeça. –Então nessa madrugada ele estava voltando para casa e seu carro acabou derrapando em uma curva, o motorista perdeu o controle e seu pai...

-Não Diana. –Falei já sentindo o nó em minha garganta. –Não termina essa frase.

-Cali... Seu pai faleceu.

E foi ai que meu mundo caiu... Por dentro rezava para aquilo ser só mais um sonho, mas por fora as lágrimas já faziam rastros em minhas bochechas.

-Diana eu preciso dele aqui, ele não pode ter indo embora. Por favor. –Chorava.

Essa foi com total certeza a pior manhã da minha vida.

(...)

Depois de horas chorando e sem acreditar que aquilo estivesse realmente acontecendo. As noticias já haviam se espalhado por todos os nove reinos. Recebia ligações de pessoas que eu nem se lembrava da existência, mas não atendi nenhuma não queria falar com ninguém.

Sentei-me no sofá na sala de estar onde tinha vista para uma grande varanda e então percebi como o dia estava nublado e chuvoso, há tempos Teia não ficava assim.

Escutava pessoas chorando de todos os cantos do castelo, meu pai realmente era muito amado por todos. O melhor rei que esse lugar já teve.

(...)

-Sei que é cedo demais para falar isso e eu sinto muito pela sua perda. –Fred um dos conselheiros do meu pai e o amigo mais próximo do mesmo disse. –Mas precisamos tratar alguns assuntos.

Concordei com a cabeça e então ele prosseguiu.

-Amanhã de manhã será o funeral de seu pai e acredito que todos os reis dos nove reinos virão. Principalmente para te reconfortar. –Fred disse de uma maneira sútil. –Há um tempo, eu e seu pai conversamos e chegamos à conclusão que se algo acontecesse a ele, alguém deveria governar o reino.

-Eu vou governar. –Falei diretamente, sem pensar.

-Tem certeza disso? –Diana que estava sentada ao meu lado perguntou.

Não tinha, odiava toda essa história de reino e ter que governar isso era chato e eu nunca quis isso pra mim, mas meu pai queria e eu estou disposta a fazer seus desejos.

-Tenho. –Disse firme.

-Então eu irie lhe ajudar em tudo que você precisar, vou ser seu braço direito assim como eu fui há anos para seu pai. –Fred finalizou.

DIA SEGUINTE...

-Acorda Cali. –Diana disse ao entrar no meu quarto.

-Acordaria se tivesse dormido. –Suspirei.

-Você deve estar tão cansada. Vou fazer um chá pra você, daqui a pouco é o... –Diana não terminou a frase.

-Funeral, eu sei. Vou tomar um banho, pode trazer o chá, por favor.

Entrei no banho gelado fazendo com o cansaço que reinava sobre mim fosse embora. Minha cabeça latejava, e meus olhos estavam muito inchados, tudo isso pela noite mal dormida e pelas milhares de lágrimas derramadas.

Não podia mais ficar chorando, precisava agir feito uma adulta agora, seria isso que meu pai iria querer, sei disso. Preciso assumir suas responsabilidades e torna-las minhas, não posso ficar tendo tempo para chora, quero que meu pai se orgulhe de mim não importa onde esteja.

Sai do banho e coloquei a roupa que Diana deixou separada para mim e então fomos até o local do funeral. A igreja com a ponta mais alta de todas as outras igrejas.

Ao chegar lá estavam todos chorando e bem tristes. Recebi milhares de abraços e 'Sinto muito' de diversas pessoas.

Chegou uma hora que eu nem sequer pensava em responder, as palavras da minha boca saia como se fosse algo automático.

Senti alguém me puxar e então me embalar em abraço quente e reconfortante. Era Bailey que chorava em meu ombro.

-Me desculpa estar chorando era pra eu estar te consolando, mas...

-Ta tudo bem Bailey, sei como deve ser difícil pra você também.

-O difícil pra mim é ver você mal. - O garoto respondeu e permanecemos abraçados mais um tempo.

Cada amigo meu que vinha me abraçar eram mais lágrimas derramadas.

Depois que Joalin e eu paramos de nos abraçar logo atrás da loira veio o dono dos olhos esverdeados e do cabelo bagunçado.

-E-eu posso abraçar você? –Noah perguntou com medo da resposta.

Se fosse qualquer outro dia eu iria obviamente dizer não para o garoto, mas hoje... Hoje nenhuma dor que ele já me causou vai ser maior que a dor que eu estou sentindo hoje.

Fiz um pequeno aceno de sim com a cabeça, e então o garoto me puxou para seu abraço que eu nem me recordava de como era, mas era bom... Muito bom.

The Real Life// Now UnitedWhere stories live. Discover now