Capítulo 17 - Weenny: O Retorno e Reencontro.

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Nossa lua de mel tem como destinos finais Aruba e Curaçao, ilhas paradisíacas e sem dúvidas inesquecíveis.

Em nossos últimos momentos em Curaçao finalmente temos a conversa inevitável e tão adiada desde o momento da nossa coroação. Esse breve diálogo desperta meus velhos temores e ansiedades, mas me faz enxegar as novas responsabilidades que deverei assumir de agora em diante, mesmo que eu não esteja preparada para isso, ainda que se torne um desafio muito maior do que eu possa suportar... Nesse momento os meus anseios não importam, devo considerar o que é importante para o meu marido, para nossa família, nosso futuro, nosso povo e todo o Império, eles dependem de nós e de todo o nosso esforço.

Deixo Pati à vontade para acertar os últimos detalhes do nosso retorno, ainda tenho muito o que fazer antes de nossa saída, escolho e separo nossas vestes e jóias, preparo nossa bagagem de mão e as bandejas que deverão ser utilizadas nos primeiros rituais.

Em breve os servos virão para despachar nossas bagagens, checo mais uma vez se tudo está pronto e sorrio ao ver que consigo fazer tudo a contento.

Então me apresso para me preparar para a última atividade programada para antes da partida, a reaplicação do mehendi para a minha proteção nessa nova jornada.

Envolvo meu corpo em um penhoir branco e entro na espaçosa sala de estar, as quatro artistas param de arrumar o material para me saudar, eu as cumprimento e em um gesto discreto e gentil me convidam para sentar em uma confortável poltrona que está diante de mim, meus braços e pernas são apoiados sobre grandes almofadas neste momento, começam a executar seus desenhos elaborados sobre a minha pela alva.

Relembrando os dias felizes do meu shádi.

Yadi meree mahila mujhe kahane kee anumati detee hai, to usakee menhadee abhee bhee andhera hai, aap jaanate hain ki isaka kya matalab hai, kya aap nahin? (Se minha senhora permite dizer, sua henna continua escura, sabe o que significa, não sabe? – Numati pergunta.

Haan. (Sim.) – concordo e balanço a cabeça, fazendo-as sorrir e levar suas mãos ao coração.

Os indianos acreditam que quando os desenhos feitos com o mehendi nas mãos da noiva ficam escuro após a aplicação, representa que tanto o marido quanto a sogra vão amá-la. Que assim seja e para sempre!

Agradeço, pago e dispenso as artistas, então vou ao encontro do meu marido.

Temos um pequeno atraso para nos arrumar... Digamos que bem justificado.

Da saída do hotel até a chegada ao aeroporto tudo é feito com certa agitação, ao entrar no jato imperial tenho uma sensação estranha, uma espécie de mal estar que deve ser ocasionada pela ansiedade do retorno e do reencontro com nossa família.

Tentamos descansar, mas a inquietude desse momento me permite apenas um breve cochilo, meu marido ainda ressona tranquilamente, saio discretamente da cama e tento dedicar a minha atenção ao preparo das nossas vestes imperiais e todos os demais itens que devemos usar no momento da chegada, procurando ser o mais silenciosa possível.

Assim que ele desperta tomamos um banho demorado, ajudo Pati a vestir seu elegante sherwani bege e dourado, com carinho e orgulho pego uma a uma das jóias necessárias para o soberano indiano e vou adornando-o e admirando-o... Os vários anéis denotam a sua autoridade, suas pulseiras, o cinto e o colar, enfeitados com ouro e pedrarias reforçam o poder e status de sua posição.

Aapaka dhanyavaad. Tum meree itanee achchhee dekhabhaal karo. (Obrigado. Você cuida tão bem de mim.) – ele diz e sorri.

Sorrio e faço um sinal pedindo que sente na cama, o que é prontamente atendido, mas quase rio ao ver sua súbita expressão de surpresa e espanto ao me ver agachar diante dele para ajuda-lo a calçar os sapatos.

Escolhas Do Coração - A AscensãoWhere stories live. Discover now