Need a little time to wake up.

4.1K 466 509
                                    

Quando Louis entrou no quarto que dividia com Lottie e Fizzy, seu peito instantaneamente doeu, porque a realidade o atingiu como um trem. Ali em seu quarto, olhando para a pequena beliche que dividia com a irmã mais velha, então olhando para baixo, para os brinquedinhos espalhados pelo chão, para a escrivaninha no canto esquerdo, para o guarda roupa empoeirado.

Aquela era a sua realidade naquele momento.

Triste ou não, trágica ou não, era tudo o que Louis tinha, e ele sabia, no fundo do seu coração, ele sabia que não havia como fugir, não importava a quantidade de baseado que fumasse, ou o quanto de álcool circulasse em seu sangue. Nada que ele fizesse poderia impedi-lo de viver aquela vida, a sua própria.

Com todos os baixos possíveis.

As lágrimas corriam compulsivamente pelo seu rosto quando ele se deitou de barriga pra cima na beliche mais alta, encarando o teto bege com os olhos embaçados. 

Havia feito uma escolha infeliz na noite passada, deixando o terror falar mais alto em sua cabeça, puxando Niall, o enfiando naquele lugar sujo, junto consigo. Se ao menos ele não tivesse o levado para aquela merda. 

O amigo não tinha nada a ver com seus problemas, e Louis sabia que havia sido egoísta demais, simplesmente intimando o amigo a ir com ele, jogando em sua cara que Niall não se importava com ele, numa chantagem emocional tão barata que até mesmo Mary poderia fazer igual.

Ele se amaldiçoou novamente.

Desde que Mark havia ido embora levando tudo o que eles tinham, Louis não podia ao menos respirar um segundo em paz sem que enxurrados de problemas caíssem em sua cabeça.

Tudo começou quando Mary o intimou a procurar um emprego, ele sabia que deveria ajudar dentro de casa. Após muitas entrevistas, muitas roupas emprestadas de Niall, ele finalmente conseguiu um emprego em uma loja de departamento no shopping da cidade. Não era o emprego dos sonhos, estava bem longe na verdade, mas ele podia ao menos ajudar sua mãe com as contas de casa.

O problema era que agora, Mary não enxergava mais Louis como um filho, e sim como uma fonte de renda.

O adolescente tinha que trabalhar duro para conseguir o seu dinheiro, então, tinha que vê-lo sendo consumido por Mary: ele tinha que pagar o aluguel, então as compras de casa, e às vezes até mesmo as contas que a mãe fazia.

E se não bastasse isso, mesmo cansado do trabalho, ele precisava chegar em casa, fazer o jantar, tomar conta das meninas, ensiná-las a fazer o dever de casa, contar história para elas dormir e...

E quando ele conseguia um tempo parar respirar?

Era ruim o suficiente ver todos os seus amigos levando uma vida boa, fazendo faculdade, viagem, tendo o tempo de suas vidas, enquanto Louis ao menos sabia se conseguiria pagar o aluguel no mês seguinte.

Era como se ele estivesse ficando para trás. Apenas vendo seus amigos vivendo suas vidas.

Não era o suficiente, embora. Aqueles não eram motivos para ter feito o que fez, ele sabia. Mas já havia feito, não podia voltar atrás. Só podia prometer a si mesmo que não faria novamente.

Que, pela primeira vez em sua vida, ouviria o que Harry estava falando. "A voz da experiência."

Suas irmãs não mereciam aquilo. Não importa o quão as coisas estavam difíceis, Louis tinha a consciência de que suas irmãs precisavam dele, elas se apoiavam nele.

Só era triste porque, enquanto todos naquela casa se apoiavam em Louis, em quem ele se apoiaria?

xx

TIME LAPSE | l.sWhere stories live. Discover now