Now you're in the firing squad.

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Havia passado mais ou menos duas semanas desde o que havia acontecido naquela boate no centro da cidade. Harry poderia dizer que sua vida não havia sido exatamente mudada, mas tinha uma coisa diferente ali, ele podia sentir.

E não era o fato de sua morte se aproximando.

Sobre isso, ele não pensava. Ele não deixava que Zayn pensasse em pensar também, e quando o moreno ameaçava dar uma palavra sobre isso sequer, Harry o calava imediatamente.

Ele não se permitia.

Por medo ou qualquer merda, ele não queria assumir para si mesmo o que estava acontecendo dentro da sua cabeça. Só em pensar em voltar ao médico e pedir explicações, o fazia querer se jogar do terraço, ele não sabia lidar com esse pensamento de covardia extrema, tampouco. Sempre havia feito a primeira coisa que passava pela sua cabeça, sem pensar muitos nas consequências, mas aquilo...

Não. Ele definitivamente não se permitia.

Não se permitia também retribuir as implicâncias de Louis que se tornaram mais leve nas duas semanas. O adolescente não havia mais pedido para Harry tomar conta de suas irmãs, e as gêmeas também não. Elas apenas acenavam para Harry quando esbarravam com ele no corredor. Não era algo ruim, o fotógrafo sabia. Nada havia mudado entre eles.

Ele ainda sentia um carinho absurdo por aquelas crianças e nem mesmo se Mary decidisse levá-las para o outro lado do mundo aquilo mudaria.

Com a outra coisa que havia saído de dentro de Mary, ele não se importaria, entretanto, se Louis desaparecesse de sua vista, talvez... Pra sempre?

Não é sua culpa que aquela criança tenha se tornado tão estupidamente feliz de um momento para o outro, esbarrando em seu ombro propositalmente quando eles se encontravam no corredor, ou desejando que Harry se engasgasse com a fumaça do próprio cigarro quando uma vez Harry estava fumando dentro do elevador. Bem, tecnicamente, ele ascendeu o cigarro no momento em que as portas se abriram.

Mas não era isso. Era aquele arzinho contente e meio desafiador, como se Louis tivesse a certeza que poderia brincar com a cara de Harry, e então provocá-lo até o limite e o fotógrafo não faria nada em troca. Harry realmente não fazia, mas ele queria saber quem foi que disse para aquela criança que ele era inofensivo, pelo menos se tratando dela.

Ele tinha uma pequena desconfiança. Provavelmente foi Liam.

De qualquer forma, ele deixava que Louis jogasse as suas piadas em sua cara e quase nunca retrucava, era melhor que ele estivesse daquele jeito do que quando Harry o encontrou na boate, era menos uma coisa com que Harry teria de preocupar.

Sua cabeça já estava com merda demais.

Ele se encontrava, naquele momento, sentado na beirada do terraço, fumando o seu terceiro cigarro em menos de vinte minutos. Aquela vista suicida o incitava em seus desejos mais primitivos e sombrios, embora Harry nunca houvesse tentado nada de tão extremo em sua vida, ele geralmente sempre acabava se imaginando morrendo em diversas situações.

Quando estava dirigindo, quando estava tomando banho, ou até mesmo dormindo. E principalmente quando ia ao terraço, ele simplesmente não conseguiria não subir ali e não se imaginar pulando, ou então acidentalmente caindo. Será que doeria ou ele estaria tão anestesiado que não faria cócegas, sequer?

Ele guardou aquele pensamento no fundo de sua mente quando alguém pigarreou atrás dele. Ele lentamente virou a cabeça, apenas para ver aquela sombra pequena e toda encolhida.

- O que você quer? - Harry perguntou sem emoção, voltando a olhar pra sua frente, levando a droga até a boca e fechando os olhos.

Não era como se ele quisesse lidar com Louis naquele momento. Ele mal havia dormido durante a noite pois sua cabeça não estava dando tréguas. Nem mesmo todos os remédios que ele tomou foi o bastante para fazê-la parar de doer como se estivessem fazendo uma cirurgia com ele acordado.

TIME LAPSE | l.sWhere stories live. Discover now