015

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{Só porque eu estou morrendo?}
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     — Quando você pretendia me contar? — Ralhei. — Eu quero explicações agora!

    — Betty eu... — Ele tossiu.

    — Jughead... — Meus olhos se encheram de lágrimas e eu abaixei o tom de voz. — Você está morrendo! Você está morrendo aos poucos e não me contou nada?

    — Eu vou ficar bem. — Ele falou.

    — Jughead, para! Você acha o que eu não sei o que é Fibrose Cística? — Falei, chorando.

    — Eu ia te contar, mas não tive coragem. Fiquei com medo de que desistisse de mim. — Ele engoliu o choro, se sentando na cama.

    — Juggie... — Fui até ele e me sentei ao seu lado. — Olha pra mim... — Falei levantando seu queixo. — Eu sempre vou te apoiar. A partir do momento que eu falei que te amava, você devia saber.

    — Eu só estou tentando aceitar tudo isso. Se não acharem um doador de pulmões compatíveis, eu posso viver somente até os 25 anos. — Ele falou sem conseguir conter o choro.

    — Eu sei meu amor... eu sei... — Falei engolindo meu choro.

Eu o abracei e ele desabou de chorar. Nos deitamos na cama, e eu continuei abraçada com ele.

Naquele momento eu precisava ser forte, eu precisava estar com ele.

A fibrose cística é uma doença que afeta principalmente os pulmões, mas também o pâncreas, fígado, rins e intestino. Questões de longo prazo incluem a dificuldade em respirar e tosse com muco, como resultado de frequentes infecções pulmonares.

Eu só chorei quando Jughead dormiu. Nunca imaginei que precisaria passar por isso.

A pessoa que eu amo tem uma doença, que na maioria dos casos pode matar. Eu precisava passar por isso junto com ele. Eu não iria deixá-lo.

[...]

No outro dia acordei eram 8 da manhã. Não consegui dormir direito, fiquei a noite inteira pensando em Jughead.

Levantei da cama devagar para não acorda-lo. Peguei uma calça moletom em seu guarda-roupa e coloquei por baixo de sua camisa que eu estava usando.

Desci devagar, não sabia se havia mais gente dormindo. Cheguei lá em baixo e vi Sweet Pea e Reggie conversando e comendo na mesa de café.

    — A gente precisa fazer ele usar o cateter de ar. — Escutei Sweet Pea dizer baixinho. — Ele não pode usar a bombinha para sempre.

    — Como? Ele não quer que ninguém saiba da doença. Você sabe que já foi difícil convencê-lo a contar para a Betty. — Reggie falou.

Entrei na cozinha e os dois me olharam em silêncio, esperando que eu dissesse alguma coisa.

    — Eu já sei. — Falei me sentando na mesa.

Sweet Pea empurrou um prato com panquecas e mirtilos para mim e eu agradeci.

    — Ele não quer usar o cateter? — Perguntei.

Eles balançaram a cabeça negativamente. Cobri minhas mãos com o rosto e deixei que algumas lágrimas escorressem.

    — Betty... — Reggie acariciou meu ombro. — Não fique assim.

Fragile Lies Where stories live. Discover now