12| As regras e seus segredos

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Na manhã seguinte, desci a escadaria em praticamente um pulo de tão rápida e avoada. Por muita sorte eu não caí.

Chegando à cafeteria, procurei pela mesa onde Ben estaria sentado, como de costume.

Hoje, Kimmy, Hester e Celine tomavam seus cafés com croissants juntamente com Ben.

— Bom dia. — Anunciei sorridente, puxando uma cadeira de outra mesa e pondo-a na mesa onde todos estavam.

— Bom dia, Joy — cantarolou Ben, me entregando uma porção de pães de milho.

— Está tão sorridente! Algum bicho-alegre te picou durante a noite? — Brincou Kimmy, dando um gole em seu café.

— Não, acho que só tive uma boa noite de sono mesmo. Na realidade, a primeira em muito tempo, dormi feito um bebê após um leite quente — admiti.

— De fato, sua aparência está bem melhor comparada a de quando chegou — complementou Hester, passando um pedaço de seu croissant para Celine, que concordava com a cabeça conforme mordiscava o pedaço.

— O que aconteceu com você ontem à noite? Te procurei, mas Kimmy disse que já tinha ido embora — indagou Ben.

Estava na floresta, beijando um desconhecido sob a chuva fria, pensei comigo mesma.

— Ahm, eu acabei ingerindo alguma comida que não me fez bem. Decidi ir embora, não havia muita coisa pra fazer ali além de acenar e sorrir mesmo — menti, tentando não corar ao lembrar do real motivo por ter ido embora. 

— Está melhor? — pergunta Ben.

— Sim, bem melhor.

Meu olhar vagava o refeitório involuntariamente em busca de Carter. Eu precisava urgentemente falar com ele.

Eles tagarelavam sobre assuntos aleatórios, Hester e Celine parecia imersas em seu próprio mundo, já Kimmy e Ben discutiam sobre as ultimas tendências de moda e sobre o quão pessimamente algumas pessoas se vestiram na noite passada.

— Preciso voltar ao meu quarto. Lembrei de uma coisa importante que devo fazer, vejo vocês mais tarde — inteirei, ajustando meu casaco e terminado de beber o café.

Pensei em uma maneira de me comunicar com Carter. Talvez pudesse ser durante o treino, assim não levantaríamos suspeitas, já que em um dia eu olhava para ele com olhar desconfiado, e no outro ele me arrancava suspiros.

Recebi uma notificação pelo meu relógio digital, que adquiri na primeira semana em que cheguei na Embaixada.

"Joy, me encontre na mesma floresta de ontem assim que ler isto.

                                                                                    Carter."

Certo, facilitou bastante o meu trabalho. 

Isso significava que possivelmente ele também buscava esclarecer o acontecimento de ontem. 

Calcei as botas mais longas que encontrei no closet. Coloquei um sobretudo cinza, com corte reto, e um cachecol fino.

Apesar de não estarmos de fato no inverno, brisas gélidas cortavam o ar toda vez em que eu abria as janelas. 

Dessa vez eu levaria um guarda-chuva também, por precaução.

°°° 

Chegar na floresta não foi exatamente o maior dos problemas, encontrar Carter nela seria bem pior.

A floresta era arborizada, o chão lamacento misturado com folhas secas avermelhadas. 

Talvez eu devesse mandar uma mensagem para ele pelo relógio, se eu ao menos tivesse aprendido como usar essa função...

Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora