19| O pesadelo

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|Aviso prévio: ATENÇÃO, este capitulo pode conter cenas insensíveis  e/ou delicadas.|


De novo. Sinto que estou naquele pesadelo, de novo. 

A angustia e ansiedade tomam conta de mim, me apavorando e agindo como uma anestesia.

A visão turva e a sensação de que meu quarto estava virando do avesso fazia meu corpo estremecer.

Estava lutando a dias para segurar o choro só de pensar  nesse terror de novo. Não importa o quanto de remédio para dormir tranquila eu pegasse na enfermaria, esse pesadelo sempre aparecia, como um intruso, um aviso, como um tiro.

A qualquer momento aquela sombra vai entrar pelo meu quarto, gritar meu nome e me encontrar. Vai segurar minha garganta com tanta força e vou perder a consciência. 

O frio e o ar gelado poderiam congelar um copo de água apenas por estar ali. Apenas conseguia ouvir a lareira crepitando a madeira sem sucesso e o relógio batendo: tic-tac-tic-tac.

Da cama, é possível ver um menino, talvez com pouco menos idade que eu, um ou dois anos mais novo, tentando ascender novamente  a lareira. Quando pergunto seu nome ele olha para o lado esquerdo, o oposto a porta. Vejo meus pais caídos no chão ensanguentados, com olhos arregalados como se o último suspiro fosse implorado.

A imagem me apavora, devora minha mente de forma voraz e fico atordoada.

Ouço gritos estremecidos. Quero gritar também, correr e me esconder, mas não consigo. Parece que estou presa a cordas invisíveis.

Agora, temo pela minha vida, não deixo escapar um suspiro, apenas sinto as lágrimas desapontarem do meu rosto e consigo sibilar: " papai, mamãe".

Quando o garoto olha para a porta, a sombra entra e fico em choque. Ela avança bruscamente e quando imploro socorro através do meu olhar para o menino, ele está morto também. 

A sombra se enfurece e avança mais ainda até mim. Não consigo me mexer muito, apenas recuo um pouco e atinjo a cabeceira da cama. 

A mesma me puxa pelo pescoço e o ato dói muito, ela me encara com seus olhos vazios e sem assustadores, aperta mais meu pescoço e não consigo mais puxar o ar.

— Por favor, me deixa ir — sibilo. — me deixa acordar  — imploro.

Ela não hesita em me sufocar mais, a fim de me matar. Perco as forças e não sinto mais o ar em meus pulmões.

Apenas as lágrimas descem. Olho para o lado e vejo todos a minha volta mortos.

Por fim ela sai do quarto, mas não sinto mais nada.

°°°

— Joy, Joy acorda — ouço alguém chamar.

Levanto num susto e passo a mão no pescoço por impulso.

Olho para um lado e para o outro, procurando os meus pais e o menino.

Vejo Ben sentado na minha cama, me encarando preocupado.

— Ainda bem que é você — digo o abraçando forte.

— Vim buscar o casaco que Kimmy esqueceu aqui, e pediu, mas vi você chorando e gemendo na cama e decidi ver se estava tudo bem — explicou ele.

— Deixei a porta aberta? — seco as lágrimas.

— Sim, mas está tudo bem?— pergunta.

— Uhum, foi só um pesadelo, nada demais — forço um sorriso.

— O.K. — fala Ben, soando desconfiado.

Nos afastamos e o acompanho até a porta.

— Boa noite, Ben — digo.

— Boa noite, Joy. 

O entrego o casaco e fecho a porta, dessa vez giro a chave, trancando-a.

Inspiro fundo e agacho escorando o corpo na parede.

Sinto as lágrimas de novo e afundo o rosto no joelho.

Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDAWo Geschichten leben. Entdecke jetzt