39| A tempestade

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Joy

Acordei assustada com o barulho da porta sendo forçada. Erick não estava mais ao meu lado, me encontrava sozinha na cabine.

O barco balançava bastante, quase não conseguia ficar em pé.

Creio que seja algum problema nas correntes de ar.

Assim que abri a porta, um volume de água entrou. Peguei os passaportes enfiei no bolso da calça.

— ERICK — grito.

Avanço mais um pouco. Vejo vários pescadores correndo com cordas, coletes e boias.

— Erick — chamo, o encontrando.

— Joy, eu ia te chamar — disse ele, amarrando algumas cordas.

— É uma tempestade? — perguntei.

— Sim, estamos quase na fronteira de Pandora. Isso é uma tempestade artificial, uma barreira.

O ajudo a amarrar algumas cordas.

Uma onda invadiu o barco, encharcando todos nós.

A água estava gelada.

— Joy, esquece a maleta, procura algum colete salva-vidas nas cabines — ordenou.

Tentei não escorregar no chão inundado. A medida que eu avançava, a água subia. Chegando na cabine, muitas coisas flutuavam na altura de meus joelhos.

Quando estava voltando para o deque, vi um pescador se atirar ao mar.

Meu Deus.

Não era só ele, outros faziam o mesmo. Alguns com coletes, outros sem, outros ainda em botes.

— Erick, não achei nenhum. Acho que já pegaram todos — digo.

— Não é possível — diz caminhando em direção às cabines.

— Está tudo alagado. Não vai conseguir entrar — aviso.

Ele me puxou pelo pulso, e me arrastou para a frente do barco.

— Você confia em mim? — perguntou.

— Não! O que você vai fazer?

— Confie em mim. Vamos chegar a Pandora. Eu prometo — diz.

Ele me abraça.

Em seguida, sinto ele me empurrar para água.

Naquele exato momento, em que caía, lembrei da sensação de cair no gelo.

Uma memória veio em minha cabeça, sentia que já tinha sido empurrada. Lembrei de um espelho, e de cair dentro dele.

Atingi a água com força. Tentei manter o mínimo de calma para conseguir nadar.

O barco diante de mim afundava.

— ERICK, ERICK — gritei, enquanto me mexia desesperadamente.

— EEEERICK — repeti.

A água estava gelada, mas meu nervosismo e pânico, praticamente apagavam esse fato.

Procurei algo para me segurar.

Haviam pedaços de madeira e botes ao meu redor.

Subi em um bote.

— ERICK — gritei mais uma vez.

O pânico tomou conta de mim. Eu não sabia o que fazer.

Minha vida passou diante de meus olhos. Temia ficar à deriva, até morrer. Poderia ser de fome, frio, medo, ou até afogada.

Estava tudo escuro, apenas as estrelas e a lua iluminavam a noite.

Então, comecei a contar os minutos.

UM



















DOIS














TRÊS












QUATRO


















CINCO














— JOY — ouço alguém gritar.

Me movimentei rapidamente, quase caí do bote.

Vejo Erick nadando em minha direção.

ELE ESTAVA VIVO.

— ERICK — gritei de volta.

Ele subiu no bote com dificuldade, quase caímos.

Eu o abracei fortemente.

— Meu Deus, meu Deus, eu pensei que iria morrer. De verdade, eu achei que você também estivesse morto — afirmo.

Tinham sido os cinco minutos mais longos de toda minha vida.

— Falei para confiar em mim. Não te abandonaria.

— Erick, estamos a deriva, o que vamos fazer? — pergunto.

— Atravessamos a fronteira, alguém virá nós buscar — disse ele.

Tentei respirar fundo.

Aguardamos alguém aparecer. Passavam navios, longe, mas nenhum barco.

Após um longo tempo, estávamos congelando. Não adiantava dizer que tínhamos conseguido, o frio era mais forte.

— Não feche os olhos Joy, tenta ficar acordada — disse Erick,e chacoalhando.

Um sino tocou longe, em seguida uma luz forte surgiu.

Era o barco salva-vidas. Realmente queria gritar, mas estava muito difícil.

O dia estava amanhecendo.

Erick também não tinha forças, ele estava tentando se manter acordado e me manter acordado.

— Aqui — levantei o máximo que pude do meu braço.

Erick fez o mesmo.

O barco nos avistou, e veio em nossa direção.

— Estão à salvo — disse um homem, fardado com as cores de Pandora.











Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora