46| A maior estrela

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Carter

— Carter! — Ouço a voz bastante familiar, que tanto ouvi meses atrás e adquiri como porto seguro. Era a Joy, mesmo vestida como todas as outras jovens e mulheres, ela se destacava parecendo a estrela Sirius, da constelação de Canis Major, a mais brilhante do céu noturno durnte os meses de inverno no Hemisfério Norte.

Alguns dias antes dela partir passamos uma noite no observatório contemplando o céu estrelado.

"O brilho em seus olhos parece parte da constelação", lembro de dizer.

"Queria poder ficar aqui, neste momento, para sempre. Não dormir e ter que acordar, nem ir embora, apenas ficar presa aqui, sem preocupações e incertezas", dissera ela.

—Srta. Joyce. — Tento cumprimentá-la sendo mais indiferente possível.

— Princesa — diz ela, com um breve aceno de cabeça. — Carter, preciso que me ajude com umas perguntas.

— O.K.

— Princesa, poderia nos dar um minuto? — pediu.

— Tudo bem. Te espero na cafeteria — avisou-me, Miranda.

Concordo com a cabeça e sugiro:

— Vamos até minha sala.

Atravessamos a ala fazendo o que saíamos fazer de melhor: ficar em silêncio, por um longo tempo. Isso não era ruim, talvez para algumas pessoas isso poderia ser constrangedor, para nós, um alívio por não tentar iniciar uma conversa vazia. Em contradição, havia tanto que eu queria dizer a ela, explicar o que nem tinha explicação

Minha sala possuía uma decoração era simples. Alguns itens de militares pendurados na parede, uma mesa no centro, e objetos diversificados espalhados pelo ambiente. Além disso, as paredes era cor cinza queimado, haviam poltronas e sofás. Alguns monitores na parede e uma geladeira média.

— Bem vinda ao meu refúgio, sente-se — digo.

— Não, estou bem em pé. Pretendo não demorar muito.

— Quer uma água? Café?

— Carter. O que foi aquilo? — Ela nem precisou mencionar nada para que eu pudesse entender do que se tratava. Celine.

— Eu tentei convencê-los de não fazerem isso com Celine, mas, minha palavra não tem muito valor naquele conselho. Sabe disso.

— Inacreditável — diz, bufando.

— Acha que gostei de vê-la sendo humilhada lá?! Joy, eu tentei persuadi-los, entretanto a opinião de minha tia sempre é a mais forte. É o trunfo de qualquer decisão — digo, aproximando-me.

— Ela era minha amiga, é minha amiga. Foi tão desnecessário tudo aquilo. 

— O caso dela foi especificamente difícil, Celine não negou nada, e se absteve a dizer o que sabia da guarda. Eu me sinto um completo idiota, por ter um cargo tão alto lá dentro e não ter influencia em nada! Primeiro você, agora Celine... — Sinto um vazio se instalar por meu corpo. 

Joy expira e parece desmontar.

— Carter, não vim aqui te culpar, apenas tentar entender melhor o quão longe sua tia pode ir. Além do mais, Conrad não foi culpa sua, sabe disso. O casamento também não, você só está no olho do furacão sem poder se segurar em nada.

Então, ela se aproximou. Estávamos perto demais.

— Tem algo que quero te dizer. Obrigada, por me salvar. A Primeira Dama teria dado um jeito de me matar caso ainda estivéssemos juntos, ou de me prender de novo. Obrigada, também, por sempre me salvar de acontecimentos inconvenientes do cotidiano.

Eu fiquei sem palavras.

Ela avançou um passo, estávamos perto demais, dividindo a mesma respiração. Perto demais para um simples ato tolo — porém desejado — acontecer. Antes que pudéssemos, de fato, avançar mais, uma batida na porta interrompeu aquele momento estranho.

Joy deu um passo para trás ficando distante o suficiente para uma conversa casual, quase formal.

— Entre! — digo.

A Primeira Dama entrou, com algumas pastas finas na mão, e uma expressão de confusão.

— Com licença, preciso ir. Obrigada... pelas dicas — disse Joy, já cruzando a porta.

Assim que saiu, minha tia fechou a porta atrás de si e disparou:

— O que ela estava fazendo aqui? — senti seu tom de censura se instalar pelo ambiente.

Ela, veio questionar sobre seu show com a Celine — respondi.

— Já imaginou se alguém, ou a Princesa, visse vocês aqui?! O que iriam pensar?

— Ninguém nos viu, apenas você. Creio que não irá contar para ninguém, não estaria disposta a arruinar o casamento que você mesma arranjou.

Ela apenas deu um sorriso sombrio.

— Tudo bem, mas dá próxima vez... Bem, espero que não haja uma próxima vez — falou.

Com certeza, depois disso, Joy certamente me evitaria durante dias.

Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDAWhere stories live. Discover now