R E M A K E - M E [First and Second Season]

LEAVING THE TABLE FOR ANOTHER MENU

Lisa havia tirado suas roupas e mergulhado naquele riacho vermelho cheio de luz, sentiu-se libertada e estimulada com o sol ficando azul até a noite, nadou até se sentir exausta. Os movimentos no riacho a deixava dormente, as correntes se comunicavam abraçando uma velha amiga; e ao sair e levantar-se na ponta do despenhadeiro, olhando de longe o santuário e todo o reino dos céus, ela já era outra pessoa. Lisa passou para o próximo nível, ascendeu-se, ergueu-se onde chegou e agora tinha vista panorâmica, Lisa via tudo. Conseguia ver sua beleza sem precisar de espelho, sua pele era exótica e seu corpo nu parecia embebido em vinho. Os Anjos no solo de baixo a admiravam com olhos redondos de impressionismo puro e tinham calafrios a todo momento. As estátuas excepcionais espalhadas pelo céu eram só pedra encaroçada perto daquela arte no alcantil que era Lisa. Ela não deixaria ninguém esconder sua luz. Ninguém poderia chegar à altura em que estava agora, ela tinha a realeza dos mundos nas veias e uma vez que soube dos ancestrais em suas raízes nunca sentiu-se tão grandiosa.

A Deusa e Lalisa haviam tido uma longa e informativa conversa que transformara Lalisa em uma garota furiosa e revoltada no início da puberdade. Sua mãe lhe revelou a existência de tantas responsabilidades — e consequências brutais caso ela não cumprisse o que deveria — que Lisa desejou estar de volta ao sono de meses. Se as escolhas não se faziam suas, não havia então vida, no caso dela não importava onde estivesse, no céu, na terra, nada mudaria. E atingida por essa realidade mortificada resumida em "você vai andar somente em linha reta e se fizer curva o bicho papão te pega e ainda leva a humanidade de brinde" percebe que não tem força contra as leis da natureza que a aprisiona num destino já escrito, não existe uma porta de escape para fugir disso. Sentiu rapidamente o painel de controle de sua mente dar início ao Estado-de-Negação. Algo acionou como um botão de alerta a fase rebelde que ela nunca havia tido. (1) O desleixo da mãe celestial, (2) a infância negligenciada, (3) injustiça por ser obrigada a assumir um propósito que ela não tinha escolhido e (4) a exigência de Demônio e Anjos — Porém sendo a lei muito mais efetiva por se tratar de Jennie Kim, filha de Lúcifer, e Lalisa Manoban criação da Deusa dos céus — precisarem se abster de qualquer modo de relacionamento. A voz de sua mãe dizendo-lhe "Você somente foi feita para ocupar a Rassividade, esse amor que nutriram de nada serve ou faz sentido" foi a pior ofensa que Lisa já tinha recebido. Irene não tinha cumprido sua missão sendo a Rassive antes de Lisa, portanto era uma traidora, então a existência de Lisa após isso ocorrer vem então como um tapa-buraco? Fodam-se todos do céu, ela não seria o plano B de ninguém.

— Bae Joohyun. — Diz Lisa, bem lentamente, para dois caras um tanto esquisitos de cabelos verdes e maquiagem brilhante sentados próximos a ela no jantar. Ambos (que eram idênticos) instantaneamente assentiram, o mais próximo de Lisa apressou-se em mexer no bolso de seu terno bem cortado, puxando de lá um cartão tão simples quanto medíocre que ofereceu para Lalisa. Ela pegou entre os dedos e o olhou a espera de explicações; seu cabelo era verde musgo e o terno dourado com lantejoulas e ombreiras de boá de plumas. Lisa teve a impressão de que ali tinha mais cores do que seus olhos eram capazes de identificar.

— Claro que a conhecemos, Kang Seulgi e Bae Joohyun são nossas primeiras opções essa noite, mas demos o azar de chegarmos tarde demais, seus rostos esculturais como estátuas do paraíso já estão em outra agência. — Ele está sorridente para ela, e se aproxima prestes a fazer uma proposta. — Mas você intensificou meus sentidos, flor rara, não vou sossegar até tê-la como uma das nossas, a maior delas. Você, Cleópatra contemporânea recém-chegada de empíreo, me fez subir aos céus e agora sinto que nenhuma garota é capaz de superar toda a imagem que tenho na minha cabeça com você sendo nossa protagonista de coleção.

Lisa o olha, mastigando, sentindo o sutil gosto do mar na carne da lagosta. Ela engole e depois beberica o champanhe.

— Seu prato vai esfriar. — Ela pontua, seca.