C O N F E S S I O N

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Point Of View: Lalisa Manoban

Eu via Gangnam, e ela estava diferente, totalmente bagunçada e quebrada. Estava muito escuro, a lua tinha uma cor vermelho berrante e estava tão grande quanto um caminhão, deixando as calçadas, carros, prédios e casas sobre uma iluminação escarlate completamente aterrorizante aos meus olhos. 

Estava tudo muito deserto, eu só escutava o som da minha respiração. Estar sozinha me deixava com medo e a única coisa em que eu pensava era em como a ciência explicaria essa mudança da lua. Tão grande e tão vermelha, como se os pecados de todas as pessoas do mundo se juntassem num só lugar. E diante desse pensamento, eu tentei procurar onde estava o meu pecado.

A algum tempo atrás eu estava entediada, pois pensava que o mundo era sempre a mesma coisa. Você nasce, vai à escola, se forma, e aí você casa... então têm filhos... depois, quando nem se dá conta, está num lar de idosos, balançando numa cadeira de balanço, escutando um velhinho ao seu lado lhe recitar a mesma história que foi dita pelo próprio na semana passada, ao mesmo tempo em que sentia o frio se tornar ainda mais frio em sua pele. E então, a mesma história se repete com seus filhos, e com os filhos dos seus filhos.

Recentemente coisas aconteceram. E eu passei a não pensar mais assim.

Havia algo que me prendia em um mundo perfeito, onde todos eram legais e honestos, onde todos ajudavam a todos e te faziam se sentir bem, onde existiam pessoas que criavam histórias legais e piadas engraçadas. Mas bastou apenas eu presenciar um único momento desagradável, momento esse que se repetia durante os dias, que faziam pessoas sofrerem, e que eu não fazia ideia de que poderia acontecer em um ambiente escolar. A partir daí eu soube o que realmente é um dia de sorte. Um dia de sorte, quando você encontra alguém disposto a conversar em um mar profundo de assuntos, onde a areia é cheia de sentimentos e os peixes tocam melodias bonitas enquanto nadam. Esse é o único mar onde eu adoraria me afogar, pois o mundo está repleto de mentes com a maré baixa demais para poder nadar.

Depois de alguns minutos hipnotizada por aquela paisagem tenebrosa, senti meu corpo gelar quando um mar de pessoas mortas e ensanguentadas preencheram o ambiente. Era uma chacina, um banho de sangue. Haviam pessoas desmembradas, brutalmente arranhadas e algumas que tiveram grandes pedaços da pele de seu corpo arrancadas. Eu me senti enjoada e tive a sensação de que minha pressão tinha baixado significativamente ao ponto de me fazer desmaiar. 

Desse jeito, eu não consegui me manter em pé, as pernas fraquejaram e eu caí no chão. Quando tive a certeza de que não conseguiria mais me manter acordada, dei uma última olhada para a visão dos infernos e enxerguei Jennie no meio da multidão. Ela estava suja de sangue e não demonstrava nenhum sentimento em seu rosto, como uma estátua. Seus olhos mais escuros que a própria noite, a luminescência da lua os deixando avermelhados e sombrios, malignos como os olhos de um animal com raiva. Antes de eu acordar desse sonho, Jennie sorriu sarcasticamente, mostrando presas em seus dentes, fazendo sangue escapar por seus lábios e escorregar até pingar de seu maxilar. 

Seu sorriso me dará calafrios sempre que fechar os olhos.

- Lisa





















- Lisa!! EEI! LISA! 

As mãos de Jennie estavam me chacoalhando, com o intuito de me acordar daquele pesadelo, e eu nunca fiquei tão agradecida por isso. Eu respirava rápido, como se tivesse passado um certo período sem respirar.  

- Eu odeio dormir com roupa, mas fiz o sacrifício de me vestir porque você veio dormir aqui, e ainda assim, você me acorda dessa maneira? — Jennie reclamou. Seus cabelos estavam bagunçados e seu rosto amassado, os olhos cerrados e um bico enorme nos lábios. — E você é inquieta até na hora de dormir. — Comentou, já deitando novamente e cobrindo os olhos com o braço.

R E M A K E - M E  [First and Second Season]Where stories live. Discover now