L I E S

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Querido diário, agora eu posso voar. A sensação estranha na saída do restaurante, na despedida. Maldita hora. De qualquer forma, é fascinante. Pensei que a sensação genuína de liberdade vinha só após o abandono, mas sentir as asas em meu corpo me deixa ainda mais liberta. Ao que parece, vivi a vida toda sem uma parte de mim.

Todas as mudanças do meu corpo até agora, 6 anos de vida foi o suficiente para evoluir até os 18. As Modificações Naturais sempre foi uma conversa que eu procurava evitar, em parte era constrangedor, mas eu precisava estar ciente da situação. Tinha que saber que a falta de humanidade e sanidade diante de almas seria um processo doloroso, que eu envelheço mentalmente um mês a cada três dias e paro de mudar aos 19, mas a parte que os ossos das minhas costas se quebrariam em asas nunca fora mencionado.

Quando eu desmaiei posteriormente a silhueta que tanto me chamou a atenção, Rosé teve que me carregar até em casa. Ela esteve me seguindo enquanto eu voava por aí, disse que quando me viu cair correu ao meu encontro e conseguiu me segurar antes de eu tocar o chão. Disse também que eu estava chorando. Eu não me lembro de ter chorado.

Hoje mesmo irei para a casa de Omma, preciso que ela me explique o que aconteceu comigo noite passada.

- Jennie




















Point Of View: Lalisa Manoban

Uma enorme mão assombrosa e negra cobria e esmagava meu corpo por completo, me pressionando em sua pele asquerosa e ardida. Eu agonizava e gritava, meus ouvidos e minha garganta já estavam dormentes. Um forte cheiro de enxofre me dava náuseas. Sentia que minha cabeça iria literalmente explodir a qualquer momento se aquela mão intensificasse mais um pouco o aperto. Tamanha era a minha agonia. Até eu desistir de gritar e olhar para quem estava me segurando... e era você. Você de novo. Seus grandes e profundos olhos negros me olhando... com pena? Não, com prazer.

Não olhe em meus olhos, Pequena Lalisa, você pode cair... — Sua voz estridente e grossa ecoou em minha mente em um tom brincalhão, era profunda como se produzida do fundo de um poço. — Se cair nesse escuro vai acabar se perdendo. Mas você já está se afundando aos poucos, está entrando em um caminho sem volta. Não se perca por completo. Você nem sabe o que vai acontecer. O doce da ingenuidade.
















Hey? Lalisa? Acorda! — Alguém cutucava meus ombros irritantemente. — Uma das representantes da Sook-Ho Korean School dormindo até o final da aula? Tsc-tsc — Reproduziu um barulho com a língua em desaprovação. Sua voz era arrastada, lenta e um tanto sarcástica, mas ao mesmo tempo doce e clara. Eu tinha a ligeira impressão de já ter escutado aquele som.

Senti minhas costelas tremerem ao levantar a cabeça e uma pontada de náusea me dar as boas-vindas. Uma enxaqueca forte habitando no meio da cabeça, como agulhas perfurando meu crânio.



Desde do dia em que eu tive aquela dor física eu venho tenho alguns "mini-sonhos", eles nunca se completam e as vezes eu tenho pensamentos no qual eu sinto que já vivi, mas não lembro de nada. Como se eu estivesse com as memórias de outra pessoa. É confuso e eu juro que tento entender, mas nunca chego em uma resposta. Talvez eu devesse contar para alguém. Eu falaria com Jisoo, mas ela está ocupada ajudando Rosé com as matérias perdidas.

- Lisa


Jennie; pude jurar que não conseguia a ver se mexer ou até mesmo respirar algumas vezes. Ela não demonstra feições tristes ou felizes, sempre neutra e fala o mínimo possível. A única demonstração agradável que eu vi até agora fora aquele sorrisinho sarcástico em seus lábios, nada além disso. Tanto mistério envolvido me dá calafrios, e uma coisa amedrontadora é a sensação que eu sinto quando ela se aproxima ou olha em meus olhos, uma sensação de desgosto, falta de satisfação, sofrimento e até mesmo de repugnância. Como uma pessoa que nem se mexe pode me fazer sentir tantas coisas desagradáveis?

R E M A K E - M E  [First and Second Season]Where stories live. Discover now