R E M A K E - M E [First and Second Season]

R E V E L A T I O N

Point Of View: Lalisa Manoban

Flash-Back

Meus passos solitários ecoavam pelo corredor. Mais uma vez, eu tinha ficado sozinha na escola, e já estava escurecendo. Eu não gostava disso. Dessa sensação de ser a única em uma estrutura tão grande. Me sinto como uma formiga no centro do mundo, propicia a ser esmagada por qualquer coisa ou até mesmo empurrada pelo vento. 

Eu tinha feito tudo, respondido todos os exercícios, aprendido todas as matérias, tinha todas as coreografias perfeitamente decoradas em mente. Todo esse tempo ficando depois das aulas me renderam bons resultados. Agora eu só precisava ir ao banheiro antes de partir. Não liguei para Bob, meu motorista, e nem chamei as meninas, não quero que percam tempo comigo, eu sou capaz de pegar um ônibus sozinha e ir para casa (apesar de eu nunca ter entrado em um em toda a minha vida).

Ao terminar minhas necessidades, enquanto lavava as mãos eu observei meu reflexo no espelho, e lembrei que finalmente tinha terminado o resumo de todos os assuntos que precisava passar para Jennie... ah, como será que ela está? Será que se arrepende de tudo o que fez? 

Mas é claro que não! Estou falando de Jennie Kim, imprudente, negligente, inconsequente, babaca, sarcástica, desleixada, indecente, prepotente, arrogante, entre outras definições. Pensar nela só me deixa triste. Triste porque, por um breve momento, eu olhei em seus olhos e aceitei que me sentia feliz em estar perto dela, aceitei que seus sorrisos repentinos para mim significavam que ela estava do meu lado e que me ajudaria a passar por isso também, como todas estavam. Mas... por que a presença dela na minha vida significa tanto, quando eu não sei nada sobre ela? Por que eu me sinto tão atraída pelos seus olhos totalmente negros? Nunca conversamos sobre nós. Isso é complicado demais para a minha cabeça. 

Jisoo me contou o que ela fez com Rosé. Ela não ia se machucar, porque Rosé não pretendia revidar. Jennie precisa cair na real. Pensar nisso me deixa decepcionada. 

Fechei a água da torneira e girei nos calcanhares, porém meu corpo tremeu e um grito quase deixou minhas cordas vocais quando senti uma picadinha em minha nuca e vi que alguém prendia meus braços enquanto inseria algo através de uma seringa. Fui impedida de emitir qualquer som, quando minha boca foi coberta por uma mão com luva. Vestia somente preto, seu rosto estava coberto por uma máscara, é difícil descreve-la, era algo como aquelas pinturas de festivais japoneses, algo pálido e que lembrava a aparência de um gato, mas estava longe de ser fofo e cultural, olhar para aquilo me passava a sensação de ardência. As chamas brilhantes desenhadas em cima das órbitas (grandes e com elevações nos cantos externos, as linhas do desenho eram finas no começo e iam engrossando conforme o desenho se elevava. A pintura era completamente dourada e opaca) faziam meus olhos lacrimejarem. Não sei como cheguei a essa conclusão, mas a figura que estava em minha frente tinha uma presença tão forte que fazia minha cabeça doer. Antes de ficar inconsciente, eu tive a certeza que era a mesma pessoa que anda me vigiando pelos cantos, por causa dos cabelos pretos.