CAPÍTULO QUINZE

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Scarlet Smith

De todo modo, crio coragem para conversar com Dominick sobre algo que tenho como prioridade. Ele pode me ignorar se quiser, pode mentir na resposta, mas algo me diz que ainda é verdadeiro comigo. Nunca escutei uma mentira sair pelos seus lábios quando ainda era só uma criança, doesse a quem doer, Dominick sempre gostou e ficou do lado da verdade. Aposto que não começou a mentir depois de adulto.

Era algo que sempre apreciei.

— Sim — ele responde, depois de alguns minutos, arqueando as costas para frente.

Inspiro.

Expiro.

Por que me sinto tão perdida?

Sinto meu coração bater frenético dentro do peito que parece querer obstruir os pulmões pela velocidade das batidas irregulares e desconexas.

De canto de olhos, vejo seus ombros subirem e descerem, seu corpo também parece tenso e cheio de pesar. Dominick cede o peso do corpo e afunda no chão de terra macia. Ele bate a mão nos joelhos, espantando a terra seca que ameaça sujar sua roupa bonita.

Olho para baixo e vejo seu tronco relaxar. Mesmo sentado ainda é possível ver como é imponente e seguro de si. Seus braços, envoltos pela camisa polo que escolheu, apoiam o peso do corpo para trás.

Talvez ele também tenha perguntas.

Espano a mão para tirar algumas folhas do chão e, com uma distância segura, sento ao seu lado.

— Você não precisa me responder, se não quiser — digo num fiapo de voz.

— Eu vou te responder, Scarlet — ele joga os braços para trás, apoiando-se na própria força, seu rosto busca o topo da árvore que estamos abrigados. — Também tenho perguntas.

Aos poucos, recordo-me da sensação que ficar ao seu lado me proporcionava. Dominick despertava em mim um lado protetor e atencioso que só aparecia quando se tratava dele.

Por incrível que pareça, sinto-me tranquila.

— Por que eu? — gesticulo para a mochila cheia de materiais e equipamentos fotográficos caros. — Eu sei que estou aqui para fazer o meu trabalho, mas há tantos outros fotógrafos pela cidade...

Engulo a parte da frieza que o balde com água fria me acertou no dia que Hilary acrescentou o nome de Dominick no contrato assinado, intitulando-o como noivo.

— Eu pensei que fosse perguntar isso, Sky — sua voz rouca despeja meu antigo apelido como uma oração não atendida, mas não há desprezo contido nela. — Mas a verdade é que eu não sabia que seria você.

O quê?!

Não?

Não entendo.

Mantenho as costas ereta e cruzo os braços.

— Eu realmente não sabia que você seria a fotógrafa que Hilary escolheria — seus olhos buscam os meus e, mais uma vez, estou perdida. — Não fazia ideia de que era sobre você que ela tanto falava.

— Faria alguma diferença se você soubesse? — sussurro, sem conseguir me conter.

— Sim — sua resposta é outro sussurro melancólico. Sua anuência dói e me queima por dentro. — Não quero que você me interprete errado, Scarlet. Mas ninguém, em sã consciência, escolheria alguém com quem teve um história no passado para fazer algo assim. É crueldade.

Sim, crueldade.

Merda, é cruel e frio.

— Mas acho que eu precisava disso — ele continua, seus dedos roçam a lateral da minha palma, chamando minha atenção. O toque, apesar de suave e sútil, faz minha pele ansiar por mais. — Posso fazer uma pergunta? — dispara ele, sem perder tempo.

EMPIRE MYSTERYWo Geschichten leben. Entdecke jetzt