CAPÍTULO TRÊS

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Dominick Hills.

Enquanto escuto, pacientemente, minha futura mulher tagarelando no telefone sobre como a vida é diferente na capital, encaro o que realmente me importa: minhas terras e seus plantios férteis.

Ainda com o celular preso a orelha, guio o cavalo até o estábulo e tento, pela terceira vez, prestar atenção nos vários assuntos que Hilary aborda de uma só vez.

— Um assunto por vez, Hilary — Interrompo-a. — Não estou conseguindo te acompanhar.

— Nick, você precisa prestar mais atenção no que falo, invés de ficar viajando na maionese. Às vezes você é bem lento — Ela retruca do outro lado da linha. — Acho que viver na fazenda te faz enxergar o mundo muito diferente do que ele realmente é, meu bem.

— Hilary, fala mais uma vez, só que dessa vez tenta abordar um assunto de cada vez, eu não sou essas assistentes virtuais que você tem instalado no celular.

— Falando nisso, não vejo a hora do senhor criar uma rede social, é muito difícil fazer os outros acreditarem que realmente tenho um noivo, além de não ter um perfil na internet você abomina tirar fotos. É complicado, Nick.

— Eu não gosto de tirar fotos, Hilary. Ainda não sei como aceitei participar desse álbum que você tanto quer. Você sabe que não sou muito fã desse tipo de coisa.

— É por isso que estou te ligando, e deixa de ser bobo com essa paranóia de não querer tirar fotos, até parece que você é feio — Hilary ri. — Você é um gato, amor. Aposto que se permitisse uma interversão também poderia aparecer em algumas capas de revistas.

— Hilary, ou você para com essas ideias de me colocar nesse mundo seu ou eu mesmo vou desligar o telefone.

— Tá, calma. Não precisa perder a cabeça, só quero que saiba que como estou no começo de carreira, também seria interessante se você pudesse vir ver os meus desfiles.

— Eu vou, mas você sabe que na fazenda as coisas são corridas.

— Você está adiando essa conversa, Dominick... — Escuto Hilary bufar. — Mas uma hora precisamos conversar sobre onde vamos morar. Você sabe que com essa nova rotina de desfiles, está fora de cogitação eu me mudar pra sua fazenda, não sabe?

— Eu sei — Sou sincero. — Mas você também deve ter ciência de que não existe a menor probabilidade de me mudar daqui.

— E como será então? — Ela pergunta, irritada.

— Eu não sei, Hilary. Nós vamos tentar.

— Nós vamos ter que conseguir equilibrar as coisas, podemos manter a fazenda e comprar um apartamento aqui em Nova Iorque. Assim posso ficar aqui pela semana e ir aos feriados pra fazenda. Estive vendo alguns apartamentos na ilha, o preço é meio puxado mas você tem uma herança recheada, amor. Não vai fazer cócegas.

— Hilary, pela última vez: não vou mexer no dinheiro que tenho guardado.

— Mas se vamos nos casar, tudo será dividido, amor.

— A herança não será dividida. Não tenho direito a herança enquanto meus pais estiverem vivos, Hilary. Você sabe muito bem disso — Faço uma pausa antes de fechar a porta do estábulo. — E não comece com o papo sobre pedir a minha parte ainda em vida. Eu posso ser do mato, mas não sou burro. O dinheiro é do meu pai e ficará com ele até quando Deus permitir.

— Tudo bem, amor. Não quero brigar com você, Nick! — Hilary sussurra. — Não quero que me veja como uma interesseira, não estou com você há quase dois anos por isso.

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