CAPÍTULO NOVE

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Scarlet Smith

Como de costume, encontro mamãe no portão de casa me esperando. Ela faz questão de ficar me aguardando chegar, independentemente se no céu brilha um sol de quase trinta e sete graus.

Com os óculos acima da cabeça, seus braços sem abrem quando me veem virando a esquina.

As meninas resolveram vir e isso não poderia alegrar mais a minha mãe.

Mamãe adora minhas amigas e as trata como verdadeiras filhas.

— Oi, mamãe — seus braços finos apertam meu corpo. — Que saudade.

— Muitas saudades, querida. Você precisa aparecer mais vezes, meu amor — Mamãe continua com os braços em um aperto considerável. — Sei que a sua vida está corrida, mas venha mais nos ver.

— Eu sei, mamãe. Me desculpe por isso — beijo sua bochecha macia. — Semana passada foi uma correria que só, foi por isso que não vim.

— Tudo bem, querida. Você vem toda semana e isso já me deixa feliz. Como está o estúdio?

— Incrível, mãe — respondo sem esconder minha animação. — Estou só esperando as coisas estarem nos devidos lugares para que vocês possam me visitar. Eu sei que a poeira ataca a alergia do papai.

— Fique tranquila, querida. Sei que essas coisas levam tempo — Mamãe, mais conhecida como "tia Ellie" pelas minhas amigas, vai até as outras duas mulheres. — E vocês? Acham que podem sumir assim?

— Ah, tia Ellie, nos perdoe!

— Onde o papai está?

— Na sala, querida. Vá até ele, vou matar a saudade das meninas mais um pouco.

Deixo as meninas e a mamãe conversando e subo os degraus da varanda. O barulho da televisão ligada em algum jogo de futebol americano pode ser facilmente escutada ainda do lado de fora.

Dou uma olhada nos móveis antigos que mobíliam a casa e sinto um aperto no peito. O tempo parece não ter passado por aqui.

— Pai?

— Oi, querida! — Escuto a voz rouca de papai surgir de trás de um dos sofás marrons.

Caminho até ele e vejo um homem que, para mim, foi meu herói.

Apesar do câncer não ter deixado nenhuma sequela, sei que a sua saúde já não é mais a mesma. Sei que grandes caminhadas já não possíveis e que o seu coração também não é igual.

Doença maligna.

Doença maldita.

Quase tirou de mim o homem que me criou.

Papai consegue se virar bem dentro de casa, consegue fazer praticamente tudo, mas com certa limitação. As coisas ficaram um tanto quanto devagar para ele. E por conta disso, mamãe e eu achamos melhor que evitar viagens de metrô ou qualquer coisa do tipo.

Sei que ele se sente trancafiado.

E que também sabe que já não pode fazer coisas que antes podia.

Eu sinto tanto por isso.

Queria poder encontrar um lugar melhor para os dois, um quintal maior para que ele pudesse ter animais, que pudesse plantar o que quisesse pra entreter seu tempo vasto.

Eles não precisam mais da correria da cidade grande, as consultas regulares acontecem de ano e ano e os exames são sempre positivos em relação à sua saude. Não há células cancerígenas percorrendo suas veias.

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