CAPÍTULO VINTE E CINCO

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Scarlet Smith

Estamos voltando para casa em silêncio, mas não existe clima ruim entre nós, estamos aproveitando a companhia um do outro. Gosto da sensação de ficar tão próxima de Dominick, dos arrepios que sinto e de como o meu corpo parece reagir tão bem ao dele.

De toda forma, assisto a forma que Dominick conduz a caminhonete de volta à fazenda em que crescemos. É tão singular o jeito que o meu coração bate quando passeio os olhos por cada detalhe do seu corpo. Admiro, pela milésima vez, os braços relaxados que tombam pelo volante, os dedos tamborilando sobre o painel no ritmo da música aleatória que escolhi ao entrar no carro.

Seu telefone toca, de repente, assustando a nós dois com o barulho estridente vindo de dentro do bolsa da calça jeans.

— Ryder? — Dominick atende o irmão no segundo toque e coloca a chamada no viva-voz para poder continuar dirigindo, o tom preocupado pesa a ligação.

— Dominick, onde você está? — Ryder grita, apavorado. — Você precisa ir até o hospital!

Hospital? Arregalo os olhos, prestando atenção no que Ryder tem a dizer. Meu coração pronto para sair pela boca.

— O que aconteceu, Ryder? — ouço Dominick perguntar, seus dedos apertam com força o volante enquanto tenta manter a calma, tão apavorando quanto eu.

Não consigo pensar em nada, só nas piores coisas que assolam a mente.

— Ligaram da emergência pra mim, papai foi levado para lá as pressas por um caseiro da fazenda.

Oh, Meu Deus!

Joseph.

O que aconteceu com Joseph?

Sinto as mãos tremerem.

Deus, o que aconteceu?

— Ryder, o que aconteceu? — Dominick fala alto com o irmão, estremecido com a notícia de Joseph ter dado entrada no hospital.

— Não sei, merda — Ryder bufa, tão amedrontado quanto qualquer um de nós. — Ainda não falei com a mamãe.

— Estou indo pra lá!

— Nos encontramos daqui a pouco, Nick! — Ryder faz uma pausa, ouço sua respiração profunda. — Vai ficar tudo bem, irmão.

Dominick encerra a ligação, guarda o celular no bolso e fixa os olhos na estrada. Sinto a caminhonete acelerar mais do que o permitido, mas me mantenho em silêncio por dois motivos: primeiro que faria exatamente a mesma coisa se fosse o meu pai e; segundo, conheço a dor do "quase" e da incerteza pairar sobre alguém que amamos.

Ainda sinto o sabor do nó engasgar na garganta e a sensação claustrofóbica se arrastar na sua direção, como uma cobra traiçoeira.

Vinte minutos depois, chegamos ao único hospital da cidade. Por sorte, lembro de ser o melhor entre as regiões vizinhas. O carro de Ryder já está estacionado do outro lado da rua. Dominick espera, sem muita paciência, eu descer da caminhonete para poder trancar o veículo.

Caminho atrás dele, alguns passos de diferença nos separam. De longe, consigo ver o quanto de medo Dominick carrega no peito. É angustiante o assistir assim, morto de medo de perder o pai. Eu sei o que é isso e como é não conseguir respirar até ter alguma resposta, qualquer uma que seja, mas que tire essa agonia que assola o peito.

Eu já estive no seu lugar e não desejo a ninguém.

Vejo Dominick se informar na recepção e noto algumas enfermeiras passarem por nós, reparo que uma delas conversa diretamente com ele e ouço, atentamente, quando informa o andar que Joseph está e que o estado de saúde é estável. Graças a Deus. Respiro aliviada, sentindo as próprias pernas fraquejarem com a "boa" notícia.

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