CAPÍTULO DEZ

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Scarlet Smith

Puxo a única mala para fora do vagão do trem e encaro a antiga estação. Sullivan. É estranho estar de volta. O tempo não parece ter passado aqui. Ao contrário de Nova Iorque, a estação não é coberta e não há paredes para proteger o vento gelado do interior.

Saio da frente de algumas pessoas que me olham feio e caminho até o outro lado da estação, encantada com todos os pequenos detalhes que me fazem viajar de volta. Ajeito a bolsa no ombro, respiro fundo e evito olhar para frente.

A pequena estação é localizada em uma área externa com diversos banquinhos de madeira que ficam espalhados pelo grande e espaçoso corredor.

Passo os olhos por um grupo de pessoas, procurando por alguém conhecido, mas meus olhos encontram outros que aparentemente também buscavam os meus.

Os braços do rapaz familiar se abrem em minha direção e um sorriso gigantesco esparrama os seus lábios carnudos. E, movida pela nostálgica lembrança daquelas covinhas, abro meus braços e sorrio de volta.

Só existe uma pessoa que poderia me esperar assim.

Não é Dominick.

É Ryder.

Antes de conseguir dar o primeiro passo em sua direção, seus braços me envolvem em um abraço apertado e cheio de saudades. Como ele cresceu... Aproveito o abraço de olhos fechados e aperto seu corpo alto e esguio.

Ele não usa mais os antigos óculos redondos que deixavam seu rostinho redondo, e também não se parece um menino. É um homem da minha idade.

Eu quase nem pensei em como Ryder estaria, mas, com certeza, o pouco que pensei não seria assim.

— Meu Deus, Sky. Que saudades! — ele bagunça meu cabelo de um lado para o outro. — Quem diria que um dia eu seria mais alto que você, Sky?

— Ryder, você está tão... tão alto e adulto — desvencilho o abraço e chego mais para trás, observando-o melhor.

— Você também, Sky. Merda — Ryder cruza os braços e estreita os olhos em minha direção. — Eu não sabia que estava com tantas saudades de você até te ver parada como antigamente.

— Como assim "como antigamente"? — Rio de sua expressão superior e puxo a mala para perto.

— As mãozinhas dentro do bolso da calça, eu lembro que você sempre ficava assim — Ryder coloca as mãos grandes dentro dos bolsos da calça e finge chutar alguma pedrinha inexistente. — Eu pensei que nunca mais iria ver você, menina.

Merda.

— Você me desculpa, Ry-Ry? — Recordo o apelido que dei a ele em um dos seus aniversários.

— Ry-Ry? — Ryder explode em uma risada alta e exagerada. — Nem acredito que você ainda lembra disso. E você está me pedindo desculpas pelo quê?

— Por nunca ter me despedido.

— A despedida só serve para as pessoas que nunca mais irão se ver. Nós estamos nos vendo, agora — Ryder me puxa para outro abraço. — Ainda nem acredito que você está aqui.

— Nem eu, Ry-Ry.

— Pare com isso, Sky.

— É mais forte do que eu, Ryder.

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EMPIRE MYSTERYWhere stories live. Discover now