CAPÍTULO DEZENOVE

1K 181 36
                                    

Dominick Hills

O tempo parece se estagnar e andar mais devagar enquanto espero, pacientemente, a decisão de Sky. Quando a vi sair da sala, fiz Trevor criar vergonha na cara e ir se sentar ao lado de Julia. Eles se gostam, mas ficam nessa merda de joguinhos imaturos. Porra, se ele soubesse a sorte que tem de poder segurar a mão dela sem se sentir culpado, ou de poder beijá-la sem que ninguém encha o saco...

Sei que devo estar semelhante a um bandido na cena do crime. Não quero que ninguém veja o que estou prestes a fazer. Quero beijar Scarlet. Anseio por isso. Preciso disso. Mas não vou. Não posso. Por isso prefiro que ninguém me veja assim, perdido e alucinado por uma mulher que não posso ter.

Aproveito o escuro para sentir sua pele macia e firme na minha. Tenho nossos dedos entrelaçados com força e aprecio a sensação única que é poder tê-la dessa forma, como se ainda fosse minha. E não pudesse ser de mais ninguém.

Ela está solteira. Ryder estava errado sobre ela ter alguém em Nova Iorque e saber disso me desestabilizou. Ethan estava prestes a levar um soco na cara, cheio de olhares indecentes para cima dela, mas até que foi útil ao fazê-la revelar aquilo que eu também queria ouvir. Se não fosse por isso, provavelmente estaria na delegacia assinando algum acordo de prestação de serviço comunitário.

Sempre perco a cabeça quando o assunto gira em torno de Scarlet Smith. O sentimento de ciúmes, que há muito tempo estava escondido dentro das profundezas daquilo que chamo de coração, está mais acordado do que nunca. Rugindo dentro de mim como os primitivos ancestrais. Não tenho orgulho do que sei que posso fazer e não sentiria nem um pouco de culpa se tivesse quebrado todos os dentes da boca de Ethan.

— Claro — ela sussurra, depois do que parece ser uma eternidade.

Não solto nossas mãos para caminhar entre as pessoas até chegar aos nossos lugares novos lugares. Não quero soltar. Não quero perder o toque.

Não quando tudo entre nós dois parece se encaixar com perfeição.

Seu perfume doce é pior que o cigarro, mas isso sempre soube. Quando ela for embora e meus olhos não puderem a ver mais, sei que ficarei pior. Talvez até volte para o vício de fumar. Ela vai me estilhaçar, de novo.

Ela não é culpada.

Não tem culpa de absolutamente nada.

O fracasso é exclusivo e somente meu por não saber diferenciar as coisas, por ainda querer que seja minha. A fraqueza de querer ser seu é pior ainda. Não é sobre possessividade, é sobre querer se entregar de corpo e alma. Eu quero. Quero andar de mãos dadas pela rua, comprar os malditos doces lotados de açúcares que não fazem bem para o coração, beijar sua boca e poder apontar para ela e dizer que sou sortudo.

Não consigo prestar atenção na merda do filme que Trevor quis assistir. Nem Julia gosta de terror, só quis dar o troco por alguma coisa que aconteceu entre os dois, porém, sentado ao lado da garota que me tem de quatro na palma das mãos, só sei torcer para que o filme dure mais umas três horas consecutivas.

Ignorando o fato de que já estou indiciado ao inferno, deixo de lado mais alguns princípios e passo o braço pelo encosto da sua poltrona até encostar na pele lisa e desnuda dos seus ombros.

Porra.

Como vou soltá-la depois?

Ou fingir que essa troca de carinho nunca aconteceu?

Mal consigo respirar quando sinto seu corpo pequeno se aconchegar no meu. Scarlet descansa as costas no apoio da cadeira, remexe-se um pouco para achar a posição perfeita e, mesmo que sútil e quase imperceptível, percebo seu respirar profundo e irregular. Será que está tão nervosa quanto eu?

EMPIRE MYSTERYHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin