4 - 1º ataque dos vilões

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Sayumi Aizawa

Por alguns dias, não consegui encontrar meus novos amigos na escola, eles estavam tendo treinamentos mais pesados. Apesar do pouco tempo que nós conhecíamos, eles se importaram em me mandar mensagens sempre e me chamar pra passar o almoço com eles, aquilo já era mais do que esperava.

Estava em casa ensaiando violino, meu pai ainda trabalhava, quando o telefone tocou, sorri ao ver que era Mic.

- HEY! Meu tio favorito!

- Sayumi, aconteceu uma coisa. A 1-A foi atacada por vilões no treinamento de resgate

- Eles tão machucados? - meu coração acelerou.

- Todos vão ficar bem. Os alunos não foram feridos gravemente, na verdade, só o midoriya se machucou. O Shota...Ele vai precisar da Recovery girl, os vilões acabaram com ele.

- O que eu faço??

- Só espera em casa, princesinha. Eu vou te mandar notícias, okay? Não se preocupa muito.

Eu esperei, com o coração na mão, se ele morresse, eu ficaria sozinha. Mandei mensagem para meus amigos, eles me contaram tudo. Contaram do vilões e de como tiveram que lutar pela própria vida, eram muitos. também contaram como meu pai e ali might salvaram o dia. Da coragem e da força do meu pai, que mesmo machucado, usou sua individualidade para salvar uma aluna.

Ele sempre foi corajoso, isso eu sabia, nos seus tempos de herói profissional, nunca deixou ninguém pra trás. Ele estava sempre treinando e evoluindo para ser o melhor. Minha mãe costumava me contar histórias sobre ele com brilho no olhar, mas com o tempo, o brilho foi se apagando. Eraser Head era um herói justo e corajoso, admirado por muitos. Shota Aizawa era um pai ausente, que aparecia de vez enquanto com um elogio clichê e um presente e depois esquecia da família. Por isso minha mãe foi embora.

Ele passou a noite no hospital, mas Mic disse que ele estaria em casa pela manhã. Eu fiz o café da manhã e esperei, mas ele não veio. Fiquei preocupada. E se os vilões tivessem atacado ele de novo? Liguei para Mic.

- Tio, o papai ainda não chegou em casa. Você não disse que ele viria?

- Ele não foi?? Eu não acredito! Eu não acreditei quando ele disse que preferia ir trabalhar.

- Então ele tá na escola?

- Isso, acho que sim.

- Tudo bem, eu encontro ele ai.

Desliguei o telefone. Se ele estava tão machucado mesmo, como se atrevia a ir trabalhar??? Ele não tinha noção nenhuma. Era um péssimo exemplo pros alunos!

Fui pra escola, eu nem planejava ir naquele dia, planejava ficar cuidando dele. Tive sorte de o encontrar antes da aula começar, mas todos os outros já estavam na sala. Ele tinha o rosto e os braços enfaixados, aquilo devia doer muito.

- Pai! Você não pode trabalhar, você tá machucado! Vamos pra casa, o diretor arruma um substituto. - Ele suspirou pesado.

- Sayumi, vai pra sua classe. Eu já disse, a classe 1-A é minha prioridade máxima. Não posso deixá-los assim.

Fiquei sem reação, o que eu iria responder? Ele tinha acabado de falar que não importava o seu bem estar ou a minha preocupação, ele faria o que fosse bom pros alunos. Ele passou direto por mim, entrando na sala. Totalmente desestabilizada e triste, voltei pra minha turma. A notícia do festival de esportes já tinha sido dada e eu seria obrigada a participar. Por que eu deveria? Não chegaria nem perto dos alunos do curso de herói.

No almoço, não respondi as mensagens de Sero. Eu queria falar com eles, mas já sabia que eles iam perguntar sobre meu pai e sobre o festival esportivo. Era fácil evitá-los, só precisava me afastar toda vez que os pensamentos deles invadiam os meus. Mas teve uma pessoa que eu não prestei atenção. Enquanto fugia de Sero, dei de cara com Izuku saindo da sala do All Might.

- Você! Você é a filha do Aizawa-sensei! Tenho tantas perguntas! Você tá com tempo? Já almoçou? - Ele estava animado demais para que eu pudesse negar.

- Claro. Vamos achar um lugar pra sentar e eu respondo o que você quiser! - Forcei um sorriso.

- Sério??? Vem! Vamos! Primeiro, qual era a individualidade da sua mãe? Quem é sua mãe? - Ele já falava enquanto íamos procurar onde sentar, estava nervoso, mas sua curiosidade era mais forte.

- Minha mãe não tinha individualidade. Então não importa muito quem ela era né?

- Ela morreu? Eu sinto muito! Desculpa por perguntar! - Ele estava desesperado, com medo de ter me magoado, sorri para acalmá-lo.

- Tudo bem, ela não morreu, só não mora mais no Japão.

- Ah, tudo bem. Ainda bem que você não nasceu sem individualidade né? Como funciona sua individualidade? Você pode ouvir os pensamentos de qualquer um?

- Sim, qualquer um em 150m. Mas só funciona com humanos.

- ...Você consegue ouvir os pensamentos do Tokoyami?

- Sim, ele é humano, só que mutante.

- Entendi! Você pode ouvir meus pensamentos agora?

- Sim, como eu disse, todo mundo em 150m.

- Oh! Mas tipo, isso é muita gente! Só aqui na escola devem ter mais de 500 pessoas. Você não fica confusa?

- Eu ficava quando era criança, é como tá no meio de um show de rock o tempo todo. Antes, não sabia diferenciar o que as pessoas falavam e o que elas pensavam. E eu também posso conversar com pessoas por telepatia, então às vezes eu esquecia de falar e elas ficavam bem assustadas quando percebiam que estava falando dentro da mente delas. Agora eu já treinei muito, sei filtrar as informações.

- É uma individualidade incrível! Você pode prever os movimentos dos vilões né? Já que todo mundo pensa antes de agir. Quer dizer, quase todo mundo, as vezes eu faço as coisas sem perceber.

- Hmmm, sim, eu posso fazer isso e também posso te garantir que ninguém age sem pensar, as pessoas só pensam mais rápido em algumas situações.

- Você seria uma heroína incrível! Por que não entrou pro curso de heróis? Você poderia usar aquelas faixas igual o Aizawa-sensei, assim melhoraria sua força física!

- Eu não entrei no curso de heróis porque meu pai não quer que eu seja uma heroína, entende? - Falei mesmo sabendo que isso poderia prejudicar meu pai, eu já estava irritada com ele e as perguntas de Midoriya me irritavam mais ainda.

- Oh...Ele não quer que você se machuque, mas...mas isso é normal! Minha mãe também tem medo, ela só quer me proteger, tive que insistir muito pra ela deixar eu me tornar héroi, sempre foi meu sonho e ela - Interrompi ele antes que ele completasse a frase.

- Izuku, nossas famílias são bem diferentes. Melhor não falarmos disso, você consegue manter segredo? - Ele concordou.

- Ótimo, Izuku. Tchau, até outra oportunidade.

Sumi no meio dos outros alunos o mais rápido que podia, ele me deixava nervosa com tantas perguntas, ainda mais com aqueles pensamentos acelerados que tinham mais perguntas ainda.

Passei os próximos dias um pouco afastada dos meus novos amigos, não queria atrapalhá-los durante a preparação pro festival de esportes, além disso, também precisava preparar meu equipamento. Eles eram insistentes, sempre que tinham um tempo, passavam na oficina para conversar comigo, mesmo que por poucos minutos. A paz e a conexão que eu sentia com eles eram surreal, principalmente com Sero e Kirishima.

Em casa, as coisas não mudaram, meu pai mal ficava por lá, mesmo eu dizendo o quanto estava preocupada pela gravidade dos seus ferimentos. 

I'm Still Here [Finalizada]Where stories live. Discover now