27 - Repaginada

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Sayumi Aizawa

Eu escovava meus dentes quando Dabi entrou no quarto quase arrombando a porta.

- Quebra a porta mesmo, pra que esse desespero? - Disse terminando de lavar a boca.

- Você tá na tv, vem ver - Ele disse saindo, o segui até a sala de Shigaraki, lá estavam todos reunidos olhando o noticiário, o rosto de Aizawa estava na TV, ao lado da foto que tirei para a entrar na UA, nem uma foto pessoal ele tinha. Ele estava arrumado, de terno e gravata, seu rosto ainda estava machucado do dano que causei, Nezu e all might estavam ao seu lado na mesa.

- É uma coletiva de imprensa da UA, parece que alguém denunciou seu desaparecimento e agora eles precisam esclarecer se isso é mais um sequestro - Shigaraki disse diretamente para mim. Toga me chamou para sentar ao lado dela no sofá e deitou a cabeça no meu colo.

- Vamos ver que mentira ele vai contar dessa vez pra sair dos holofotes da mídia - Olhei atentamente enquanto ele começava a falar.

- Venho aqui hoje esclarecer o desaparecimento da minha filha, Sayumi Aizawa. A denuncia de que ela teria sido agredida nas dependências da UA, não condiz com a realidade! É uma noticia falsa! Eu nunca encostei um dedo na minha filha, isso não condiz com a ética de um herói nem com a moral de um pai. Mas sim, é verdade que minha filha saiu da UA, ela foi transferida para a escola de heróis dos Estados Unidos para morar com a mãe e recuperar os laços. Peço, por favor, privacidade para a minha família em um momento tão delicado. Eu e a Sayumi somos muito próximos, essa distância não será fácil para mim.

- Mas que filha da puta...- Shigaraki disse, claramente decepcionado, no fundo ele gostava de Eraserhead. Eu estava chocada, mas uma vez, ele mentia. Agora publicamente. Alguém tinha que o impedir, mas acho que eu não era importante o suficiente.

- Mas por que essa revelação assim do nada? Sua filha nunca tinha sido citada em entrevistas, é a primeira vez que uma imagem dela é divulgada publicamente. Por que essa transferência tão repentina? Por que as denúncias de agressão? De onde vieram seus ferimentos, Sr. Aizawa? - Um repórter perguntou ao vivo, o nervosismo de Aizawa era visível. All Might tomou a palavra.

- É um momento delicado, mas eu posso afirmar, Sayumi está bem. Não houve agressão. Os documentos da transferência serão divulgados a caráter de comprovação. Não tem nada com o que se preocupar, pois eu estou aqui! - Logo em seguida, as palmas vieram. Desgraçados.

- Esse é o símbolo da paz! Um mentiroso desgraçado que vai deixar o Aizawa sair ileso! - Eu gritei, brava, eles fariam tudo parecer perfeito quando na verdade nem sabem onde eu estou. Present Mic precisava fazer algo.

- Bom, como sempre os heróis fazem merda e nada acontece! - Dabi disse, Shigaraki desligou a televisão antes que Aizawa voltasse a falar. Eu tentava conter as lágrimas de raiva.

- Você tá bem? - Twice perguntou, se aproximando com uma caixa de lenços de papel, recusei, não iria chorar na frente deles de jeito nenhum.

- Eu tô bem. Vai ser melhor ainda quando eu me vingar, aí toda essa gente vai ver como ele é podre, como todos eles são podres!

- Não se preocupa, baby. Eu vou te ajudar - Toga disse, dando beijinhos na minha mão. Subitamente, Kurogiri veio na nossa direção, afastando Toga e segurando meu rosto, a sensação das "mãos" dele era estranha, era como ser segurada por uma nuvem. Me assustei pelo ato imprevisível dele.

- Shota...Você é tão parecida com ele - Ele disse, aqueles olhos amarelos me encarando.

- Kurogiri, solta ela! Sai daqui! Você tá atrapalhando - Shigaraki disse, Kurogiri me soltou, parecia ter acordado de um sonho. Ele se curvou como pedido de desculpas e se afastou de mim.

- Oh...O que foi isso? - Toga disse.

- Nada, não vamos falar disso - Shigaraki se limitou a dizer, aparentemente, Kurogiri era um nomu, mas eu não sabia dizer de quem, talvez alguém que já conheceu Aizawa ou o admirava como herói. A situação toda foi tão estranha que preferi não falar disso.

- Hmmm...como vamos sair pra comprar sua fantasia de vilã sendo que sua foto tá no jornal? - Toga observou, eu realmente precisava de roupas.

- A resposta é simples, ela não vai sair. Seria arriscado demais - Shigaraki disse, muito sério.

- A gente pode disfarçar a baby! - Toga disse, ela não era assim tão mais velha, mas continuava me chamando de baby.

- Não, pedido negado. Twice, você pode ir com a Toga e aí vocês compram ou roubam algo pra ela, vocês que sabem, mas se ela sair agora, as pessoas vão reconhecer

- Desde quando você é tão organizado e preocupado assim? - Eu disse, sem pensar.

- Desde que eu não quero que você estrague meus planos! O Dabi vai te vigiar, então se você tentar fugir, ele vai te cremar.

- Nossa, que crueldade, Shiggy! Não se preocupa, baby. Vou achar umas coisas bem bonitas pra você - Toga disse, me dando um beijo na bochecha e saindo de lá com Twice. Cruzei as pernas e tentei arrumar meu cabelo com os dedos, estava embaraçado demais.

- Vocês dois vão ficar ai me olhando?? - Shigaraki disse, se referindo a mim e a Dabi.

- Não, ninguém ia querer ficar olhando pra essa sua cara feia. Vem, Sayumi - Dabi disse e eu o segui sorrindo, fomos pro quarto dele, tentei pentear meu cabelo enquanto ele abria mais uma garrafa de cerveja.

- Você acha mesmo que eu pareço com Aizawa? - perguntei, me olhando no pedaço de espelho quebrado que havia na parede.

- Quando você tá com o cabelo preso, não parece tanto

- Eu não quero parecer com ele...odeio ele - Ele entendia minha dor. Entendia de verdade, por isso, deu um suspiro em protesto contra as próprias ações e foi até o armário, voltando com uma cesta cheia de produtos para cabelo.

- Eu te ajudo, senta aí

- Me ajuda? Por que? - Era estranho, parecia bom demais pra ser real. Me sentia presa em uma ilusão.

- Senta logo ai, merda! - Com toda essa delicadeza, obedeci e me sentei no sofá, ele desembaraçou meu cabelo com paciência, para não machucar.

- Quer cortar?

- Você sabe fazer isso...? Não conhecia esse seu lado.

- Você não conhece nada sobre mim, garota burra. Quer cortar ou não quer?

- Quero! Obrigada! Meu pai não me levava no salão de beleza quando eu era criança, me levava na barbearia. Era engraçado - Sorri, todos os meus cortes de cabelo quando criança tinham sido um desastre, depois de um tempo simplesmente não pedi mais para fazer isso e arrumei a franja sozinha. Dabi também sorriu, apesar de achar a história deprimente. Esperei pacientemente enquanto ele se dedicava para fazer um bom corte de cabelo, agindo como um profissional.

- Terminei. Acho que agora você não tá mais com cara de mocinha, melhorou - Ele disse, me entregando o espelho. Me olhei por alguns segundos, meu cabelo longo agora batia no ombro, a franja que a muito tempo não era cortada, agora parecia perfeita. Me senti bonita como há muito tempo não sentia.

- Eu...Nem sei o que dizer, obrigada, amei!

- Você não parece com ele, não acredita no que qualquer um fala para você. Você é muito mais bonita, por dentro e por fora - Ele guardou suas coisas e colocou no armário de novo. Eu não sabia como agradecer, só encarava meu reflexo, me sentindo muito mais livre.

- Eu vou sair, meu whisky acabou. Limpa tudo ai até eu voltar e não saia daqui! - Ele disse, saindo do quarto. Não consegui agradecer o suficiente, ele tinha acabado de me livrar de amarras que eu nem sabia que me prendiam.

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Me empolguei, capítulo extra, beeeijos

I'm Still Here [Finalizada]Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin