11 - Recuperação

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Sayumi Aizawa

Acordei na enfermaria, acho que tinha dado certo, mas agora...nada fazia sentido. Por que eu tomei uma decisão tão impulsiva e idiota? Não deveria me importar com o que Izuku ou qualquer um outro pensa, eles não sabem sobre a liga dos vilões. Meu corpo todo dói e as bandagens atrapalhavam o movimento das minhas mãos. Enquanto tentava reorganizar meus pensamentos, percebi tio Mic ao meu lado, ele dormia pacificamente em uma cadeira. Não parecia confortável, ele poderia ter ido embora, mas me alegrou ver que alguém tinha ficado ao meu lado. Cutuquei ele de leve.

- Tio? Acorda - Ele acordou, sorridente e escandaloso como sempre.

- Princesinha! Você ta se sentindo melhor? Lembra o que aconteceu? - Ele disse se levantando e vindo até a cama me abraçar delicadamente.

- Foi só um acidente, eu tô bem. Obrigada por ter ficado aqui. - Eu sorria, mas o rosto dele se entristeceu.

- Sayumi, você sabe que é muito importante pra mim, mas me diz uma coisa. Você me contou tudo sobre a sua relação com seu pai? Porque eu sempre soube que vocês não tem uma ligação forte, mas...mas algumas coisas que ele falou fazem parecer que o problema é maior que isso.

Eu congelei, ele nunca falava assim do meu pai. Na verdade, ele não era o tipo de pessoa que falava pelas costas. Acreditava em todas as histórias do meu pai, mas acho que agora queria acreditar em mim. As lágrimas ameaçaram brotar dos meus olhos.

- Nossa relação é difícil...Mas acho que tá tudo bem - Eu queria contar a verdade. Queria tanto! Mas, inconscientemente, fui dominada pelo medo mais uma vez. Tive medo de perder o Tio Mic, tive medo que o meu pai o manipulasse para ficar contra mim e isso eu não suportaria. Nem com toda a coragem do mundo o trauma que meu pai causou em mim se apagaria.

- Só quero que você saiba que se tiver alguma coisa, pode falar pra mim - Ele me abraçou de novo, percebendo que eu iria chorar. Abraçou até ouvirmos uma batida na porta, eu estava tão perdida que não escutei os pensamentos turbulentos cada vez mais perto. Ele foi ver quem era na porta e virou pra mim com um sorriso.

- Hey! Seus amigos da 1-A! Todos eles! - Ele abriu a porta e todos os alunos da 1-A entraram, sorrindo e com uma fruta de presente. Eu nem gostava, mas era um bom presente.

- Oi, Sayumi, a gente veio aqui pra te desejar melhoras! - Uraraka disse.

- Foi um acidente muito grave, esperamos que você se recupere logo - Iida disse. Eu sorri pra eles.

- Obrigada, eu já me sinto melhor.

Eles não estavam realmente preocupados comigo, claro, tinha um pouco de empatia pela minha quase morte ridícula, mas a maioria deles pensava que, como eu era filha do seu professor, eles tinham obrigação de vir.

- Não vamos te incomodar, você precisa descansar. Só passamos pra desejar melhoras mesmo - Izuku disse, sorrindo também. Os pensamentos dele já não me incomodavam, mas os de Mineta me davam tanto nojo que precisei puxar o lençol mais pra cima, para que ele parasse de olhar. Ele era um merda.

- Obrigada mesmo. Eu volto logo pro dormitório. - Eu sorri, mesmo desconfortável e todos saíram, exceto Bakugou.

- Tudo bem, Bakugou? Vocês são amigos certo? Vou deixar vocês um pouco sozinhos - Tio Mic disse e saiu, nos deixando sozinhos.

- Que merda você tava fazendo?? Era óbvio que não ia dar certo! - Ele estava irritado comigo da mesma forma que ficava com Izuku.

- O que? - Não entendi do que ele estava falando.

- Você sabe! Você me mandou mensagem dizendo que ia fazer uma granada que imitava minhas explosões! Isso é burrice! Deixa isso pros profissionais, sua idiota

- Oh, isso... É, eu fiz besteira, achei que iria conseguir.

- Espero que não tente fazer essas merdas de novo e se tentar, eu não vou te salvar!

- Ah, você que me salvou? - Eu sorri, não sabia dessa parte. Ele ficou ainda mais bravo por eu não estar levando a sério.

- Eu não ia deixar o meio a meio ficar com todo o crédito!

- Desculpa ter te deixado preocupado e sim, eu ainda vou poder tocar violino quando as queimaduras melhorarem

Ele sempre ficava sem jeito quando eu respondia as perguntas que estavam na mente dele. Acho que ele realmente esquecia que eu posso fazer isso.

- Eu já disse pra você parar com essa porra!

- Tudo bem, eu vou tentar fingir melhor da próxima vez. Quero um abraço! - Eu disse abrindo os braços pra ele.

- ...Abraço coisa nenhuma, porra de abraço. Eu vou voltar pro dormitório, tchau!

Dei risada dele, como que pode uma pessoa tão pequena acumular tanta raiva? Ele era engraçado, porque por trás de toda aquela raiva, tinha alguém tão humano quanto eu. 

Eu estava tão distraída com outras coisas que não percebi que meu pai não apareceu nenhuma vez depois que acordei, talvez fosse melhor assim. Ele só iria brigar comigo e me ameaçar. Eu preferia a companhia agradável de Present Mic, ele sim me amava, pelo menos um pouquinho.

Mesmo com toda a máscara de inatingível e acostumada com a situação, saber que meu pai não me amava doía. Doía muito mais porque a vida toda me senti obrigada a amar ele e, agora, me sentia culpada por odia-lo tanto. Nada confortava essa sensação.

I'm Still Here [Finalizada]Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ