29 - Panic

3.4K 433 257
                                    

Sayumi Aizawa

- Sayumi, vem aqui - Shigaraki disse, guardei o papel em que escrevia e me aproximei dele.

- Sim? - Olhei no que ele mexia, curiosa, um armário cheio de armas de fogo, munição, facas - É sua coleção pessoal, Shiggy?

- Não é uma coleção, são da liga. Toma, essa é automática, sabe usar? É só apertar o gatilho - Ele me deu uma arma na mão, era pesada, mas parecia se encaixar perfeitamente na minha palma. Simulei que mirava em algo para ver como era. A sensação de ter uma arma em mãos era...incrível. Sentia como se tivesse controle do mundo todo, me sentia poderosa.

- Nunca testei, mas deve ser fácil - Disse naturalmente, ainda brincando com a arma em mãos.

- Tá, depois você vai lá no telhado e atira em algumas latas...ou em alguém, você que sabe - Ele deu de ombros, separando outra arma idêntica e munições.

- Não vou matar ninguém, só vou usar isso pra assustar.

- Não vai matar ninguém? Senão matar ninguém, não vai conseguir salvar a velha lá

- Minha mãe não é velha! E você vai ver, não vou precisar usar essas armas - Peguei a caixa de metal com a outra arma e os carregadores.

- Tá, você que sabe, mas não diga que eu não avisei!

- Claro, não vou esquecer disso, senhor - Sorri ironicamente, ele revirou os olhos.

- Vai lá treinar sua pontaria e para de me encher o saco! Que garota mais chata! - Ele se afastava de mim, coçando o pescoço e indo em direção ao computador.

- Sabe, eu tava pensando nessa sua parceria com os traficantes, eles não tem nada que possa me dar uma nova individualidade? A minha é muito fraca para combate... - Ele parou o que estava fazendo e começou a pensar no All for one. Ele tinha deixado muita coisa pra trás.

- Eles não tem nada assim...mas eu vou pensar no seu caso, talvez seja útil

- Sim, mas sem me transformar em Nomu! - Sorri vitoriosa, ele devia ter um plano para me deixar mais forte logo logo.

- Okay, nada de Nomu. Tchau, sai daqui!

- Não vai me desejar sorte, Shiggy? - Abandonei a caixa em um canto por alguns segundos e fui para perto dele.

- Não, quero que você se foda

- Poooxa, não seja assim. Vamos, me deseje sorte - Peguei no pulso dele, tirando de perto do pescoço para que ele parasse de se machucar, ele me olhou com raiva por ter o tocado, mas permaneci com o mesmo sorriso bobo.

- Me solta, eu vou te matar...

- Não vai não! Me deseje sorte!

- Tá! Tanto faz! Boa sorte! Que se foda essa merda! - Ele tirou o braço da minha mão, claramente surpreso e assustado pelo toque. Eu sabia que ele poderia me matar com um toque, mas...ele parecia precisar.

- Obrigada! Tchauzinho! - Subi para o telhado do prédio e pratiquei como eles faziam nos filmes, atirando em latas e aumentando cada vez mais a distância. O primeiro tiro não acertou o alvo, eu ainda precisava conhecer o peso da arma. No segundo, um tiro certeiro. Sorri de orgulho, era mais fácil do que parecia. Continuei treinando, aumentando a distância. Sabia que Toga me observava, mas preferi fingir que estava sozinha, o único problema eram os pensamentos dela...tão impuros...tão bonitos. Depois que o primeiro cartucho descarregou, sentei no chão, alongando os braços para sanar a pequena dor que começava a latejar no meu ombro. Toga se aproximou sorrateiramente.

- Você fica tão bonita segurando essa arma, baby... - Ela sussurrou no meu ouvido, me fazendo arrepiar. Não houve um dia em que essa garota não me fizesse entrar em pânico.

- É mesmo? - Foi tudo que consegui falar, ela se deitou ao meu lado e colocou a cabeça nas minhas pernas, me olhando de baixo, sorri envergonhada.

- Então eu não posso mesmo ir com você e o Dabi? - ela colocava um pouco de drama na voz, como se tentasse me convencer.

- Não, dessa vez não...Mas vão ter outras vezes, ok? - Ela deu de ombros e ficou em silêncio, olhando dentro dos meus olhos, estendeu as mãos e acariciou meu rosto, passando as unhas afiadas pelo meu lábio. Senti meu rosto esquentar pela intimidade do momento.

- O que você tá pensando baby?

- Não sei... - Respondi sem jeito, minha voz falhava.

- Você tá pensando em mim?

- É, acho que sim...

- Depois que você voltar dessa sua missão, espero que já tenha esquecido aquele garoto meio a meio - Ela se sentou e arrumou meu cabelo atrás da orelha. Lembrei que ela me viu chorando pela culpa de ter magoado ele. Isso nunca deveria ter acontecido.

- Eu não penso mais nele, Toga... - Desviei o olhar, os olhos dela eram intimidadores demais, ela segurou meu rosto e me forçou a olhar para ela, se aproximando do meu rosto, o espaço entre nós era perigoso, conseguia sentir a respiração dela na minha pele.

- Então o caminho tá livre, né? - Minha cabeça estava uma loucura, pânico por completo. Não conseguia mais ler os pensamentos dela, era como um curto circuito no meu cérebro, mas tudo se acalmou quando senti o beijo quente dela. Ela só parou quando precisou respirar.

- Toga...

- Quando você voltar da sua missão, continuamos - Ela sorriu e se levantou como se nada tivesse acontecido, saindo saltitante e sorridente para dentro do prédio de novo. Eu me encolhi no lugar, abraçando os joelhos e tendo gritos internos. Ela era linda, não imaginava que isso realmente poderia acontecer, achei que ela só brincava comigo, mas agora...agora aparecia um sonho. 

I'm Still Here [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora