32 - Afeto

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Sayumi Aizawa

O incêndio do hospital estava em todos os jornais por três dias, minha televisão não desligava, queria acompanhar tudo e ver o que falavam de mim. Os seguranças deram entrevistas, me descreveram como cruel e aterrorizante. Não conseguia decidir se isso era bom ou ruim, provavelmente bom, pelo menos agora tinham medo de mim, mas...a culpa também me preenchia. Durante toda a minha vida, fui criada acreditando que a pior coisa que podia existir eram os vilões e agora eu tinha me tornado uma. Imaginar o que minha mãe pensava de mim agora era o pior, ela com certeza não desejava isso para sua única filha, um destino doloroso e incerto. Dabi entrou no quarto sem bater, mas não era uma surpresa para mim. A tristeza em meu peito era tão grande, que eu não conseguia reagir.

- Eai, vai ficar deitada olhando pra essa televisão pra sempre? Esquece isso, você merece sua vingança, foda-se o que o noticiario diz, entendeu? - Ele desligou a tv, sabia o que falavam me afetava porque, diferente dele, eu não tinha maturidade o suficiente para lidar com isso.

- Tá, não to com fome. Você pode sair.

- Sua namoradinha ta te esperando, se recomponha, garota

- Eu tô bem, só to cansada! - Gritei com ele e me levantei - Tá vendo? Eu to bem! Mas você não me deixa em paz, fica enchendo minha cabeça o tempo todo!

- Pode baixar esse tom aí porque você não tá falando com nenhum otário não! Senta, sua idiota, vamos conversar! - Ele me forçou a sentar e se sentou ao meu lado, acendendo um cigarro. Era difícil continuar gritando com ele quando na verdade eu queria um abraço e acolhimento.

- Posso fumar um também? - Pedi e, dessa vez, ele me deu. Imitei o jeito que ele fazia, nunca tinha tentado antes. Na primeira tragada a fumaça me fez mal, ele sorriu e pegou da minha mão.

- É por isso que eu não deixo, você e a Toga são crianças demais pra isso

- Não somos crianças, a gente tá literalmente na liga dos vilões.

- E continuam sendo crianças. Sabe, vocês não mereciam passar por isso, tinha que tá vivendo como adolescentes, indo no cinema, em festas, não se escondendo em um prédio abandonado e fugindo da polícia.

- Mas a vida não foi legal com a gente...

- É...Deviamos falar sobre o seu pai, você deve saber tudo sobre o meu depois de tanto tempo com o Shoto...E porque vive lendo a porra da minha mente, já te falei que eu odeio sua individualidade? É tão irritante! Quanto mais eu tento não pensar em algo, mais eu penso!

- E é assim que eu descubro os segredos de todo mundo - eu sorri dessa vez - Não vamos falar do meu pai, certo? Vai lá comer que eu já vou, só vou tomar um banho

- Tá, vou dizer pra sua namoradinha esperar por você - Ele me provocou, mesmo esperando por isso, corei de vergonha. Toga não tinha saído da minha mente. Me arrumei e fui jantar com eles.

- Baby! Finalmente! Nossa, eu queria invadir seu quarto, mas o Twice não deixou. Disse pra respeitar sua privacidade e blah blah blah - Ela me abraçou, falando animado, sorri também, era impossível ficar triste perto dela.

- Sabe o que eu ia fazer se você invadisse?

- O que? - Ela disse, sabia que eu estava provocando.

- Eu corto sua garganta - Sussurrei, a risada dela explodiu no ambiente e nos afastamos, eu disse brincando, mas ela parecia amar a ideia.

- Olha, na minha frente não! Isso aqui é uma casa de respeito! - Twice disse, mas um sorriso se formava no seu rosto, ele sempre era contraditório.

- Linda e atrevida, do jeito que o diabo gosta - Toga disse, passando a língua pelos dentes. Eu sorri e me servi, sentando ao lado dela depois.

Passamos o resto da noite assistindo tv e fazendo piada de um filme idiota, sobre algum herói mais idiota ainda. Por um momento, senti que estava em família. Uma família bem esquisita, mas que me amava e nunca me machucaria. Estranho pensar que, para mim, afeto se resumia ao mínimo de humanidade. Aizawa definitivamente tinha me estragado. Gostaria de poder ver a cara dele quando descobriu que minha mãe sumiu, ele com certeza sabia que a culpada era eu, mas não podia contar com ninguém, ninguém ia ajudar ele dessa vez. Tudo estava nas minhas mãos.  

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Oi, tudo bem? Esse capítulo foi bem curtinho porque é mais como um extra do capítulo anterior. Bjs até o próximo capítulo! Obrigada por acompanharem 

 Bjs até o próximo capítulo! Obrigada por acompanharem 

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I'm Still Here [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora