15 - Amigos?

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Sayumi Aizawa

- Hey, Bakugou, você e o Bakusquad vão tá ocupados amanhã?

- Baku o que? - Ele me olhava confuso, lembrei que isso não era realmente algo, eu só tinha inventado a partir do tempo que passava observando eles.

- É como eu chamo você e seus amigos, esquece. É que eu queria convidar vocês pra dar uma volta! Sair e tal, ninguém vai ter aula, vocês precisam se distrair também - Fiz a minha melhor cara de coitadinha, não que eu achasse que funcionaria com ele, mas eu precisava que eles fossem.

- Você não manda em mim! Vou falar com eles, mas eu não quero ir! Vou me tornar um herói, não tenho tempo pra gracinhas!

Eu sorri, ele estava pensando no que iria inventar de desculpa pra mãe dele para poder ir comigo.

- Obrigada! Eu vou amar ter vocês lá! - Abracei ele rapidamente e soltei antes que ele pudesse me empurrar, saindo correndo em seguida, para não ter minha cara explodida.

- Hey! Todoroki! Eu queria falar com você!

- Sim? - Ele não tirou os olhos do celular, mas tudo bem.

- Quer sair comigo amanhã? Por favor, por favor, por favor! Chama seus amigos também!

- Ia ser estranho, eu nunca chamo ninguém pra sair.

- Pra tudo tem uma primeira vez! É que eu queria muito, to me sentindo bem sozinha esses dias e...meu pai vai pagar tudo!

- ...Pega, manda uma mensagem pra eles, mas deixa eu ver antes de você enviar - Ele me deu o celular, fiquei surpresa, ele não era do tipo que confiava nas pessoas, mas seus pensamentos estavam tão tranquilos sobre isso. Ele confiava em mim. É uma pena que, cedo ou tarde, ele iria descobrir minha traição.

Sorri e escrevi uma mensagem apelativa, mas não tanto, ainda precisavam pensar que era ele.

- Eu não escrevo assim, Sayumi

- É, na verdade, você nem escreve! - Deitei no ombro dele e devolvi o celular. - E ai? O que você quer fazer? A gente podia chamar o Bakugou pra ver um filme, porque ele também não foi pra casa.

- Ele não gosta de mim...nem de filmes, nem de sair do quarto - Ele deu um pequeno sorriso, eu sorri também.

- Tá bom, tá bom, então só nós dois! No seu quarto ou no meu?

- Acho que um garoto e uma garota não podem ficar no quarto sozinhos.

- Essa regra é do meu pai. Foda-se meu pai! - Ele se assustou comigo, não estava esperando.

- ...É, foda-se seu pai - Ele sussurrou e levantou, fomos pro quarto dele.

- Seu quarto é muito fofo, me sinto na casa da minha avó!

- Eu não sei se isso é realmente bom, considerando que sou um adolescente. Você tem avó é? Eu não conheço as minhas

- Não é bem minha avó, é a mãe do tio Mic. Ela é um amor e eu ficava com ela quando era criança e meu pai esquecia de chamar uma babá antes de ir pras missões de herói.

- Fofo. Vamos parar de falar de família? Senta, vou pegar o notebook.

Sentei no chão macio e peguei um lençol na cômoda, ele meio que não tinha uma cama, era tudo no estilo japonês tradicional. Me pergunto se ele saberia como viver em uma casa moderna ou ficaria confuso.

- Você escolhe, eu não costumo assistir muita coisa. - Ele se sentou ao meu lado pegando outro cobertor.

Coloquei um filme bobinho, comédia romântica, daqueles que não precisamos prestar atenção. Eu não tinha muitas oportunidades de conversar, não queria desperdiçar essa.

- Shoto, você, assim, gosta de alguém da sala? - Ele parou pra pensar, ouvi ele revisar os nomes de todos da turma em seus pensamentos. Perguntei por causa do tema do filme.

- Não, não gosto de ninguém. E você? - Era verdade, sua mente não mentiria. 

- Não, também não gosto de ninguém.

- Você já beijou? - Eu já devia esperar por essa pergunta, mas mesmo assim corei de vergonha.

- Meio que sim, mas a pessoa meio que me obrigou, então meio que não...

- Então você 'meio' que não beijou?

- Meio que sim, meio a meio - Sorri, porque ele tinha se esforçado pra fazer uma piada com meu nervosismo, ele sorriu também.

- Mas e você, Sho? Já beijou? - Empurrei ele um pouquinho, sorrindo.

- Sim, duas pessoas.

Eu já sabia, porque li os pensamentos dele, mas precisava perguntar pra que não fosse estranho.

- Quem hein? Como foi?

- Momo e Izuku, eles inventaram uma brincadeira chamada jogo da garrafa, eu nunca tinha visto, mas disseram que você tem que beijar, ai eu beijei.

- Ai, achei fofo! Você beijou duas pessoas numa única noite! Mas você sabe que o jogo não funciona assim né?

- ...Não funciona?

- Esquece, depois você pergunta deles! - Eu ri do rosto confuso dele.

- Você já quis beijar alguém de verdade? Sem ser forçada.

- Ah, sim, já quis. Inclusive da 1A! - Não sei porque falei isso, talvez o nervosismo da conversa intima. Minha mente estava tão tranquila, tudo que ouvia era eu e Todoroki, estava gostando da sensação de só conversar com um amigo, de me divertir a dois.

- Quem? - Ele deu um meio sorriso, parecia que sabia a resposta.

- Hmmm, o Sero, a Mina, o Iida, Denki, Jirou...Bakugou...

- Quanta gente!

- E eu ainda nem acabei! - Nossas risadas ecoaram pelo quarto.

- Sério que tem mais? Quem? - Ele também estava relaxado como eu, parecia que ali, quando éramos só nós dois, podíamos ser nós mesmos.

- Você! Acredita? - Eu ri, nem percebi que a risada dele tinha parado e ele me encarava. Quando percebi, me arrependi do que tinha dito. Me arrependi da conversa toda. Meu rosto esquentou.

- Sério? Você queria mesmo? - Ele estava sério demais, me assustava, me deixava tímida. Não era como se eu tivesse muita experiência lidando com pessoas. Acenei positivamente com a cabeça.

- E ainda quer?

Senti tanta vergonha que não conseguia mais olhar pra ele, mas o olhar dele, que antes era distante, agora me perfurava.

- Por que? Você quer?

- Ah, acho que você é a primeira pessoa que tem coragem de falar isso pra mim...Eu não me importaria - Ele falou e deu de ombros. Nos 5 segundos de coragem mais longos que já tive, segurei o rosto dele pelo lado quente e o beijei, esperando que retribuísse e assim ele fez. Seus pensamentos invadiram os meus. Estávamos gostando. Era bom demais pra ser verdade.

Me afastei dele quando faltou o ar, já não tinha mais vergonha, ele não tinha vergonha. Nossos rostos estavam perto demais e ele olhava nos meus olhos. Dá onde surgiu esse beijo? Por que não era estranho? Que sentimento desconhecido era esse? As perguntas borbulhavam na minha mente enquanto eu tentava achar as respostas nos traços do rosto dele. 


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Babado fortíssimo esse capítulo kkkkk
eai? gostasse? 

I'm Still Here [Finalizada]Where stories live. Discover now