22 - O passado volta

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Sayumi Aizawa

A noite não tinha sido fácil, eu só pensava na minha mãe e em como ela deve ter sofrido nas mãos do meu pai esse tempo todo. Tentei lembrar de todas as vezes que estive perto dele, dos pensamentos deles, mas sempre eram coisas ruins, ele não pensava no estado dela, só em como me odiava, em como odiava ela. Definitivamente, ele sabia como manipular minha individualidade.

- Sayumi, vamos? - Todoroki bateu na porta e sussurrou, saí com fones de ouvido, precisava me acalmar.

- Aham, vamos... - Ele suspirou quando me viu e me puxou pra um abraço rápido.

- Você vai ficar bem, eu juro - Ele deu um beijo delicado na minha testa, tentei sorrir, mas eu sabia que não iria ficar bem, independente do que minha mãe falasse, eu não ficaria bem. Fomos os dois pras áreas comuns do dormitório, indo em direção a porta, Aizawa nos parou. Todoroki virou para falar com ele, eu não consegui, se olhasse pra cara dele, iria explodir.

- Onde vocês dois vão? - Ele perguntou, apertei os olhos bem forte, tentando controlar minhas emoções, e deixei que Shoto resolvesse a situação.

- Vamos sair, a manhã é livre hoje né?

- Você deveria ir treinar, Todoroki, junto com seus colegas. A Sayumi também deve ter outras coisas pra fazer, certo, filha? - Ele enfatizou a palavra como se desse uma ordem. Tinha vontade de gritar com ele ali mesmo. Bakugou apareceu, vindo do lado masculino do dormitório.

- Vamos, meio a meio? Tavam me esperando né? Tchau, Aizawa-sensei! - Bakugou passou o braço pelo meu ombro e puxou Todoroki pela roupa, nós levando pra fora.

- Vocês deviam ter saído direto, não tem nada que ficar explicando porra nenhuma - Ele não nos soltou, continuavamos andando pela calçada. Comecei a chorar um pouco, mas tentava controlar. Basta de me sentir fraca. Basta.

- Não sabia que você vinha - Todoroki disse.

- Você pode ser o namorado, mas eu sou mais amigo dela que você. Tenho direito de ir junto - Ele empurrou Todoroki. Não tinha nada haver, não éramos namorados e ele não era tão meu amigo assim, mas eu não estava em posição de negar algo.

- Não namoramos ainda - Todoroki completou. Eles começaram a conversar e brigar sobre isso, sobre quem era mais amigo, quem sabia mais. Eu fiquei calada, era um momento péssimo para essa discussão.

Quando chegamos ao hospital, minhas mãos estavam frias e tremiam. Minha mãe podia estar tão perto agora. Ainda era difícil acreditar que o que Todoroki disse era real. Ele percebeu e segurou minha mão, a aquecendo delicadamente.

- Você tá pálida hein? Fica feia assim, melhore! - Bakugou falou, levantando minha cabeça com a mão para que eu olhasse pra frente e não pra baixo. Fomos pro hospital, Todoroki resolveu tudo na recepção com uma mentira. Eu tentava filtrar os pensamentos ao meu redor, procurando pelos da minha mãe.

- Ela tá no quarto 102, você vai lá sozinha? - Assenti para a pergunta de Todoroki e fui em direção ao quarto, sem olhar pra trás. Na porta, eu conseguia ouvir os pensamentos pacíficos dela. Além disso, podia ouvir sua voz cantando uma música de ninar da qual eu me lembrava. Meus olhos se encheram de lágrimas novamente. Bati na porta abrindo em seguida.

Minha mãe estava ali, tão perto, tão linda. O rosto dela era iluminado pelo sol que vinha da janela. Seu cabelo era curto, diferente do que eu me lembrava. Meu coração estava apertado e um monte de sentimentos confusos se formavam. Eu só queria abraça-la. Quando ela se virou pra mim, seus olhos também se encheram de lágrimas. Seu rosto esbanjava surpresa e, ao mesmo tempo, felicidade de acabar com a saudade que machucava o peito. Abracei ela, o mais forte que podia.

I'm Still Here [Finalizada]Where stories live. Discover now