Comum de Dois

03

~ jude montoya

(...)

— Eu já me desculpei, se não quer aceitar minhas desculpas, eu sinto muito! — Falei passando por ele e sua mala, o ouvindo resmungar algo, que felizmente para mim, foi inteligível.

Então apenas fiz o que tinha que fazer, desci para jantar com Kelsey para discutirmos sobre o roteiro, a comida era perfeita, mas o assunto se guiou para Sam Carvert.
E como ela o achava lindo, charmoso e super educado.

Super educado!

Não contei a ela sobre nosso encontro perto do elevador, mas "super educado" ele não era.

Acho que eu era impar desde já nessa produção, pois estavam endeusando o ator principal.

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Na manhã seguinte, eu já estava batendo perna pelo centro de Edimburgo, comi apenas uma tortinha de frutas que comprei, e depois saí tirando muitas fotos de tudo para meu álbum de viagem.

Eu havia comprado há alguns anos quando mudei para Hollywood um enorme álbum de couro, para colocar todas as fotos de boas lembranças que ainda teria. As melhores lembranças de uma vida. Algumas foram tiradas com o celular, outras com uma polaroid, mas nos últimos dois anos elas tiveram seu upgrade.

E antes eu me pegava pensando em como eu amaria em um futuro distante dar esse álbum a um filho ou filha que viesse a ter com Jack... Completando com fotos que tirariamos juntos.

Quando cheguei frente ao Lady Stair's House, ergui minha câmera para a construção antiga, sai em busca do melhor ângulo para o capturar de vista panorâmica, e nada parecia bom o suficiente, dei alguns passos para trás, e... Droga!

Eu acabei me chocando contra alguém, e no susto, deixei minha câmera cair no chão. A minha câmera!

Vi sua lente se chocar contra as pedras batidas com força. Me abaixei as pressas para a resgatar e... O estrago estava feito, havia uma rachadura profunda na lente.

— Você não olha mesmo por onde anda... — Ouvi então, a voz de Sam Carvert cantarolar atrás de mim.

Me levantei, e me virei para olha-lo. O estava ali, com as mãos nos bolsos em suas roupas caras e óculos escuros escondendo os olhos azuis, o homem era lindo, isso era inegável, mas eu já nutria por ele, antipatia.

— Eu? Você que aparece em lugares inoportunos. — Declarei, olhando minha câmera, teria que buscar no Google um lugar para concerta-la.

— Mas não sou eu que saio destruíndo as coisas. Primeiro arranha minha mala, agora destrói seu brinquedinho. — Disse, e o pior, ele parecia estar achando a situação engraçada.

— É a porra de uma câmera alemã de seis mil euros c...  — Rosnei, me controlando pois eu quase completei com a frase "com valor sentimental".

— A mala Burberry também não é barata, sabe disso não, é? — Soltou com o sarcasmo escorrendo como veneno.

Mas o que diabos eu fiz pra esse cara?

— Sei sim. Mas também sei que você tem dinheiro pra comprar umas outras mil iguais. — Revidei, e fiz o melhor que podia fazer nesse momento, lhe dei as costas de novo.

E eu pude o ouvir bufar. Bufar!

E sabe o pior? Eu teria que trabalhar diretamente com esse homem!

Ah, e acho que ele nem sabia disso...

Coloquei minha câmera na bolsa, e caminhando pelas ruas de pedra, achei um café de rua, com mesinhas a sua volta, então me sentei ali para ver melhor o estado da minha câmera...
É, tinha concerto. Suspirei, olhando pra ela...