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~jude montoya

(...)

— Jude, você tem que comer alguma coisa. — Minha mãe falou já colocando um copo enorme de leite com chocolate na minha mão.

— Só o leite. — Falei, estava embrulhada em um edredom na sala de casa. Ainda era manhã. E domingo...

— Quer que eu busque suas coisas no hotel? — Se prontificou a perguntar. — Ou talvez Nia. Ou Martin. — Disse.

Neguei com a cabeça. Depois eu pensaria nisso...

Nia havia chegado por volta das quatro da manhã, então sequer pude perguntar como foi seu teste ou tive tempo para lhe contar o que aconteceu, aparentemente Martin a buscou no aeroporto, como eu estava acordada depois do meu estado de pânico, eu pude os ouvir chegar. Ainda estavam dormindo, era bem cedo. Minha mãe e eu que caímos da cama.

O "não-relacionamento" de Nia e Martin consistia nele ter roupas aqui em casa, escova de dentes no banheiro da Nia, e sempre tinha Doritos pra ele no armário....

Na verdade eu nunca entendi bem como tudo isso funcionava por mais de dois anos. Digo, por Martin eles estariam namorando. Mas Nia não quer. Ela nem aceita que digam que eles são um casal ou que ela goste dele. Mas da mesma forma eles eram monogâmicos, passavam todo o tempo livre juntos. Mas Nia nunca admitia ter qualquer sentimento por Martin, nem mesmo para o próprio Martin. E ele bem... Só faltava se ajoelhar e a pedir em casamento. Mas da mesma forma... Ela ficava toda boba perto dele, e toda hora, não perdia a oportunidade de ficar tocando nele, fazendo carinho, quando estavam juntos, o olhando toda apaixonada.

Mas agora parece que as coisas se encaixam melhor pra mim. Nia preferia não dar nome a nada. Mas viver aquilo. Apenas isso.

E quem sou eu pra falar de relacionamentos (ou não-relacioamentos) complicados, não é?

Eu tinha que por um ponto final no que eu chamei de relacionamento, isso sim...

Antes que eu pudesse falar algo ouvi baterem na porta. Minha mãe ficou de pé, até que ouvi chamar. Chamar meu nome.

— Não abre. — Me prontifiquei, colocando o leite sobre a mesinha ao lado do sofá, ficando de pé. Eu havia desligado meu celular, depois de 87 chamadas perdidas de Sam.

E agora... Ele estava na minha porta.

— JUDE! SEI QUE ESTÁ AÍ, JUDE! — O ouvi chamar, meu corpo instantaneamente ficou tenso.

Engoli em seco. Minha mãe me fitou, e eu apenas pedi com uma troca de olhares, para que ela não falasse nada. Não agora.

— JUDE! — Tocou a campainha seguidas vezes e bateu na porta. — PRECISAMOS CONVERSAR JUDE! — Tocou a campainha mais vezes, o som fazia meu âmago retorcer.

Sam.... Sam... Sam me deixava com medo.

Eu tinha medo dele.

Respirei fundo, sentindo minha mãe segurar minha mão.

— NÃO TEMOS O QUE CONVERSAR. VAI EMBORA! — Soltei, com uma decisão já tomada. Eu não queria fazer as coisas assim, mas não havia outra forma. — ACABOU, SAM! ACABOU TUDO! VAI EMBORA!

— Jude você não está sendo racional! Precisamos conversar! — Ele protestou.

— VOCÊ OUVIU A MINHA FILHA, VAI EMBORA! — Minha mãe, que estava se segurando, soltou.

— Senhora, não se intrometa!

— SAM, VOCÊ A OUVIU, VAI EMBORA. NÃO QUERO MAIS NADA COM VOCÊ, NÃO DEPOIS DE ONTEM!

Comum de DoisWhere stories live. Discover now