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~ jude montoya

(...)

- Ele é muito bom... - Ouvi Gary dizer para mim em um sussurro baixo, enquanto assistíamos a única gravação de hoje. A morte de Artenis na campina, enquanto seu irmão, Edward, interpretado por Sam chorava sobre seu corpo.

E Sam Carvert era um ator incrível, entregava verdade em cena, o texto decorado com devoção. Alguns ali, estavam emocionados até.

Eu estaria também, se não estivesse como Gary, avaliando a atuação dos atores e como estavam efetuando o roteiro que fiz. As vezes é inevitável não fazer isso.

Quando finalizaram o último take, eu respirei aliviada, hoje, sábado, nos dariam o resto do dia de folga. O que não era muito por já ser três da tarde, e eu sequer vi Falkirk além da janela da van.

Notei Kelsey se aproximar de mim.

- Jude... Que tal sairmos hoje a noite? Beber alguma coisa? Algumas das meninas da maquiagem também vão! - Ela chamou.

E era disso que eu precisava. Um compromisso. Pois se Carvert viesse com a ideia de jantar comigo, eu teria uma boa desculpa.

- Eu aceito. - Falei e no instante seguinte ela já estava marcando o lugar para irmos, e me dando o endereço.

Eu não estava verdadeiramente animada, boa parte de mim queria poder ir para o hotel e me enfiar em um casulo baseado em doces e a nova temporada de Vikings sem me preocupar em me arrumar para sair em uma noite das garotas. Principalmente quando as garotas são apenas conhecidas, e não temos intimidade.

Mesmo com a vida em Hollywood, eu tinha um círculo de amizades muito pequeno. Tinha muitos conhecidos, muitos colegas de profissão que gostava. Mas amigos, pessoas das quais eu poderia segurar a mão, eram muito poucos. Nesse meio, é difícil confiar em alguém, eu já vi muitas coisas podres acontecer de perto.

No início de noite, eu já estava pronta para sair, e o plano era: marcar presença, voltar cedo para o hotel, me enfiar em um pijama de frio. Ver dois episódios de Vikings. Dormir.

O hotel que estava agora era muito menor, em estilo medieval, e particularmente eu gostei bastante do ambiente. Bem mais do que o que ficamos em Edimburgo.

Eu o deixei, quando o táxi que chamei para me levar até o pub chegou, era onde elas estavam, eu não conhecia Falkirk direito e não sabia me direcionar bem fora do hotel para ser sincera. E quando Kelsey me enviou a mensagem, disse que já estavam lá. Poderiam ter me esperado? Poderiam!

No meio do caminho, enquanto eu respondia algumas mensagens de Heath, um figurinista que se tornou um amigo do set de Revival, um curta metragem que trabalhei, enquanto ele me contava uma fofoca, sobre uma conhecida nossa do elenco, meu celular se pôs a tocar. O respondi rápido, antes de dar atenção a chamada, pois era alguém que eu gostava muito.

"Genevieve Dorney" estava na tela. Fazia tempo que eu não conversava com minha cunhada... Digo, ex cunhada.

A atendi em seguida.

- E ai, Jude, cada vez mais gostosa? - A ouvi brincar, me arrancando uma risadinha.

- Não mais que você, Gen. Meu colírio. - Respondi em prontidão fazendo piada com o fato dela ser oftalmologista, podendo ouvir um murmurar ao fundo da ligação. Conhecido.

- Então amiga, como vai a gravação? Você está pegando mesmo o Carvert? - Questionou como só alguém da família Dorney faria. Sem rodeios.

- Não. - Ri de nervoso. - Foi só paparazzis e seus ângulos. Carvert e eu não temos nem uma amizade. - Falei, pra não dizer coisa pior. - E com você, como tudo está? - Perguntei, afinal ela e o marido Kennedy, estavam tentando há um tempo inseminações artificiais, por ele não poder ter filhos. Cachumba grave na infância e essas coisas.

Comum de DoisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora