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~ jude montoya

TRÊS SEMANAS DEPOIS.

(...)

— Obrigado por entender. — Jonathan Schiatti me disse, com um sorriso nervoso. Fizemos uma reunião com a produtora ontem, mas estavam havendo divergências.

Agora estávamos em um restaurante elegante perto da Madison Street, em New York, com roteiros e contratos impressos, pois ontem, nada foi fechado por diferenças criativas. Jonathan queria os direitos de criação, mas querem mudar algumas coisas do enredo que ele era contra, e normalmente os estudios eram ferrenhos com isso.

E eu o entendia de estar recuando.

— Não entregue sua obra para uma adaptação se está insatisfeito com o contrato.  —  Falei muito sincera, seus livros eram um verdadeiro sucesso, os fãs se frustrariam com uma adaptação que não fosse a altura. E eu não gostava de trabalhar em coisas fadadas a dar errado.

— Um produtor da Netflix me ligou sábado....  — Confidenciou.

— Então... Eu sugiro que você reveja suas opções. Pois você as tem.

— É. — Ele concordou. — E aquele produtor me deixa com vontade de comer minha própria bile toda vez que diz que minha personagem não pode estar realmente morta.

Algo tinha me ocorrido, em prontidão. Só que agora seria complicado. Eu sabia quem era perfeito para produzir um filme gótico, uma história acabada em tragédia.... Mas relutei da ideia de sugerir algo a essa pessoa. Por tantos motivos.

— Não posso negar que ele é difícil... — Soltei enquanto o garçom colocava duas taças de pudim de chocolate a nossa mesa.

— Não pedimos... — Comecei, mas o garçom foi mais rápido.

— Cortesia da nossa chefe. — Respondeu olhando pro Jonathan, que sorriu.

— Eu agradeço pessoalmente depois — Ele disse. E se voltou para mim.

— Minha esposa, Anabel. Ela é a chefe. — Me esclareceu. — E eu sempre venho aqui por uma taça de pudim, que só ela sabe fazer. — Disse, a voz tinha aquele tom, aquele tom dos apaixonados. Eu amava ver o amor das outras pessoas. Achava tão bonito.

Eles devem ter se casado jovens, pois já tinham uma filha, pelo o que ele comentou, e ele deveria ter mais ou menos a minha idade. Eu o admirava como escritor, e quando o vi pessoalmente, o achei um homem lindo, e o conhecendo um pouco, uma boa pessoa também. Era uma mulher de sorte.

— Sério? Uau. Tudo o que eu comi aqui estava perfeito... — Ele sorriu orgulhoso. Olhei para o garçom — Dê meus cumprimentos a ela, está tudo muito gostoso. — Falei uma verdade absoluta, tudo o que comi estava, muito, muito bom.

— Pode deixar. — Ele disse, saindo dali. A casa estava cheia, todos deveriam estar cheio de trabalho.

Jonathan e eu continuamos a discutir o assunto por alguns minutos, até acabar o incrível pudim. Tínhamos outra reunião na quinta, e deixamos o resto para ser esclarecido lá, junto aos outros. Paguei a conta e me despedi, saí do restaurante em busca de um taxi, eu tinha planos para ir ao hotel, tomar banho, me arrumar....

Pois no caminho pra cá, presa em um taxi, avistei o cartaz na Times Square, do clássico "O Fantasma da Opera" e me dei o direito de entrar no site da Broadway, e comprar minha entrada. Eu ia sair e ver algo que eu gostava. E foi o que eu fiz, me dando esse pequeno prazer, ou aquele outro pequeno prazer de simplesmente sair do teatro e tomar um sorvete. De curtir minha própria companhia.

Me coloquei a pensar Jude que eu era em minha adolescência em Miami, apesar de ter Nia, outros amigos e até mesmo um namorado outro. Abri meus contatos, sentada ali naquela sorveteria, e pedi uma hora na conta comercial do consultório da minha ex terapeuta. Eu só seria respondida por pessoa física amanhã, mas buscar essa ajuda, me deixou confiante. Em mim. Principalmente quando meus problemas psicológicos estavam sendo usados contra mim.

Comum de DoisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora