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~ jude montoya

Ao me aproximar daquela área do set, já tive a visão do acidente, e muitas pessoas a circulando, me embrenhei meio a eles, para poder ver melhor, mesmo com aquela ansiedade interna de não querer ver ferimentos ou sangue.

Espiei erguendo os pés para ver entre os ombros dos homens a minha frente, um dos câmeras, Timmy se não me engano, estava no chão, sua perna presa debaixo do maquinário e urrava de dor enquanto os outros homens faziam força para erguer o peso sobre ele, pude ouvir o chamar da ambulância e os murmúrios.
Ouvi choro feminino e notei uma staff, sentada no chão com ferimentos nos ombros enquanto outros tentavam acalma-la.

Meu Deus.

O que chamou minha atenção, foi o que ouvi entre as conversas paralelas "Se não fosse Sam os puxar com ele,  poderia sido muito pior", e Sam estava agora ajudando os outros homens a levantar o maquinário.

Eu fui um pouco longe demais em minha antipatia por ele pois em minha mente ele era alguém sem qualquer tipo de qualidade, pela primeira vez também, o vendo junto aos outros tentando ajudar a Timmy, tive respeito por ele.

Os bombeiros logo chegaram, nesse meio tempo já tinham conseguido tirar Timmy (do qual eu evitei ver a perna ferida, mas disseram ser uma fratura, que felizmente não estava tão feia), e então o levaram junto a Greta e mais dois amigos da produção como acompanhantes, para serem cuidados em um hospital no centro de Broxburn, assim como técnicos para levar o maquinário. Os grupos se disperssaram, voltei para os trailers, as gravações de hoje foram encerradas.

Peguei minhas coisas, pronta para ir em direção as vans que nos levariam de volta a Edimburgo, mas quando passei frente a um dos trailers notei Sam Carvert descendo os degraus devagar, puxando levemente uma perna, com uma mochila pendurada no ombro, fazendo uma careta.
Ele havia se machucado.

— Deveria ter ido com eles para o hospital. — Falei, me aproximando dele.

Este, ergueu seus olhos azuis pra mim.

— Não foi nada demais. Apenas torci o pé em algum momento quando fui tentar afasta-los. — Comentou, mas não parecia estar se vangloriando de seu feito.

— Foi legal da sua parte. — Fiz uma pausa. — Altruísta. — Completei.

E isso arrancou uma risada dele, que estava a minha frente. O que era tão engraçado, afinal?

— Foi um elogio?

— Foi uma observação. — Constatei.

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Indo pra Edimburgo? — Perguntou, e eu assenti, começamos a andar para sair dali, mas em algum momento, com ele tentando disfarçar que mancava um pouco, ele simplesmente segurou em um dos meus ombros, como se eu fosse uma muleta.

— O que é isso? — Indaguei olhando de esguelha para sua mão ali, apoiada em mim.

— Sua vez de ser altruísta, Montoya. — Proferiu, resolvi não discutir, apenas deixei que ele se apoiasse em mim, enquanto íamos em direção as vans.

Então me lembrei de algo.

— Tenho adesivos ortopédicos no hotel. Se precisar posso te dar alguns. — Falei, pois eu costumava usar nas costas, quando eu tinha terrores noturnos, costumava sentir dores musculares no dia seguinte. Eles eram bons para torções.

— Vou ser obrigado a aceitar. — Estalou a língua. — Quanta bondade da sua parte... — Ele sibilou, e eu afastei meu ombro de suas mão em um movimento rápido. Ele estava debochando quando eu tentar ser amigável?

Comum de DoisWhere stories live. Discover now