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~ jude montoya

(...)

— Então, você está fazendo aulas de judô? De onde veio essa idéia? — Perguntei a Bowie, tomávamos aquele sorvete que eu o havia prometido a tanto tempo. Sentados em uma sorveteria de um shopping em Pasadena.

— Meu amigo, Liam, estava fazendo e parecia ser muito legal. — Comentou, enquanto colocava a colher com sorvete na boca. Minha taça já estava vazia.

— E você gostou da sua primeira aula?

— Não muito. — Confessou. — Mas os garotos de lá, disseram que fica melhor depois.

— Eu concordo, faz mais algumas aulas, você pode vir a gostar depois, e se você não quiser fazer mais, você conversa com seu pai.

Ele assentiu, antes de dar a última colherada no sorvete. Então, ergueu os olhos pra mim.

— Achei que você ia ficar longe de novo. — Disse como uma confissão. — Que ia morar com a sua mãe.

Depois do julgamento, eu havia feito minhas malas e ido para a Flórida com a minha mãe, fiquei pouco mais de um mês em Miami com ela. Para respirar longe de casa, mas também voltar para onde tudo começou, onde cresci. Inclusive, assisti a estréia de Herdeiros do Rei, com ela, só nos duas na sala. Sem tapetes vermelhos, vestido de grife, luzes, sem ir a uma festa de estréia. Não era confortável ver Sam em cena, eu descobri de início, pois eu me lembrava do que acontecia a cada avanço da série. Então, eu acabei parando no segundo episódio. Veria daqui há algum tempo, quando não fosse desconfortável assim.

Nesse meio tempo, acabei vendendo aquele roteiro que escrevi para Jonathan Schiatti, para a Netflix, obviamente, pedindo meus direitos autorais. Eu nunca abria mão deles. Mas a produção já havia começado, e eu esperava que fosse incrível...

E depois, usei meu tempo livre para ler, caminhar na praia com a minha mãe, começar a fazer yoga (e desistir), fazer minha terapia, cozinhar, e resolvi eu mesma escrever algo do nada, eu ouvi tantas histórias como colaboradora do Liberté, que violência doméstica, acabou sendo tópico, mas o emergir disso, o voltar a retomar sua vida, como eu via acontecer lá, a cada nova realização conquistada por aquelas mulheres, essa era minha verdadeira pauta. E agora eu tinha um ótimo roteiro, em minha opinião, mas ainda não pensei se o enviaria há algum produtor ou se seria apenas meu.

Mas sobre o comentário de Bowie... Eu não ia ficar longe deles.

Eu os amava, amava mesmo e eu tinha como prioridade, ficar perto de quem importa e se importa, e eu queria ser uma amiga para eles. Independente do que aconteça agora.

— Nada disso, não vou ficar longe. Você e seus irmãos, podem sempre contar comigo. Inclusive, eu estou sozinha nesse fim de semana, será que seu pai se importaria se eu chamasse você e a Amy para ir dormir lá em casa? Se vocês quiserem, é claro... — Falei, era estranho não incluir Axel, mas ele já era um jovem, e tinha coisas melhores pra fazer em um sábado a noite...

— Ele deixa! É você, Jude, se você pedir, é óbvio que ele deixa!

Eu sorri, mas meio... Nervosa.

Eu não havia falado com Jack pessoalmente desde aquele dia no hospital, há quase três meses.. Na verdade, eu havia mandado uma mensagem, agradecendo por ele ter sido testemunha na audiência e fui respondida com "não foi nada, na verdade gostaria de ter feito mais". E desde então, foi isso.

Ele estava me dando espaço, eu sabia disso, e que ele não iria me procurar, até que eu desse um "sinal verde" para tal.

Só que... Havia uma parte de mim que não queria me envolver de novo, tinha medo de se machucar. Só eu sabia como havia me sentido da última vez.

Comum de DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora