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~ jude montoya

(...)

Despertei lentamente pela manhã como se tivesse que erguer um elefante junto a minha cabeça, o primeiro pensamento foi "nunca mais vou beber" seguido de "não seja hipócrita", o breve vislumbre entre as pálpebras me fez perceber que estava no hotel. Menos mal, eu diria.

Então abri os olhos de novo... Eu estava no hotel sim. Mas aquele não era meu quarto!

Me sentei abrupta e senti uma fisgada na nuca, e do meu lado, havia um homem, Sam Carvert, estava esparramado na cama com a cabeça enfiada no travesseiro. Um instante de pânico me percorreu mas então percebi que estávamos completamente vestidos. Inclusive de sapatos.

Busquei as peças da noite passada, ficamos conversando no bar, ele flertando e eu desviando, tivemos um contato breve com as garotas da produção, enchemos a cara e rimos juntos, fiquei sabendo de fofocas de Hollywood? Se fiquei não me lembro! Aceitei uma corona de volta para o hotel e... Branco. Branco. Branco.

E aqui estava eu.

Minha boca estava amarga e minha cara amassada. Olhei pro Carvert que dormiu sem sequer tirar o blazer e as botas. E ele ainda sim estava estupidamente bonito.

Escapar sem ser notada? Ou acorda-lo?

Escapar sem ser notada.

Coloquei meus pés que estavam dentro de um coturno de salto no chão (eu dormi com isso e não sei como) e agradeci pela tapete persa cobrir o quarto todo e abafar o som. A passos lentos me guiei devagar em direção a porta.

Desgraçados, o quarto dele era mil vezes melhor!

Quando estava com a mão na massaneta, ouço ele me chamar. Droga! Não sirvo para ser uma espiã!

— Fugindo tão cedo da cama de seu amante, Montoya? — Perguntou, o olhei de esguelha.

— Deve ser por que a noite não foi tão satisfatória. — Fiz questão de alfineta-lo, enquanto ele se sentava na cama. Este sorriu de lado sem se afetar, não parecia tão destruído pela ressaca quanto eu, eu era mesmo fraca pra bebida e ainda sim dava uns goles a mais.
Verdade seja dita eu sequer me lembro de como Carvert ficou bêbado, ele foi pedindo a bebida e eu com toda certeza perdi o prumo mais cedo que ele, para poder estar atenta a algo tão trivial.

— Muita ressaca? — Perguntei a ele, que tirava seu blazer.

— Estou péssimo. — Resmungou sem me olhar. — Exageramos ontem. — Disse, e então isso chamou minha atenção, me perguntando se por acaso eu não fiz ou falei nada demais.

— Que tipo... De exageros? — Mordi o lábio, com certa expectativa.

— De todo o tipo. Dançamos pelados sobre as mesas enquanto jogavam bebidas em nossos corpos. — Disse afetado, tentando soar bem humorado. Mas eu não me sentia assim.

— Estou falando sério. — Resmunguei.

— Me lembro só de algumas coisas. Bebemos, conversamos com as garotas, e acho que você falou quando estávamos vindo pra cá, que tinha muito tesão em mim. — Completou, muito sério.

Entre-abri a boca... E olhei pra ele, ali na minha frente, verdade seja dita, ele causa tesão até em uma porta. Mas... Mas... Eu falei?

O pior era que eu não sabia se podia duvidar de mim mesma pelo meu histórico, uma vez Jack e eu estávamos em uma social de amigos dele, logo no início do namoro, ainda estávamos naquela fase de se conhecer, e eu fui bebendo tequila achando que ia aguentar, em algum momento eu estava olhando pra Jack, com calor no corpo, o achando lindo, querendo passar minhas minhas mãos nele e a boca... E eu acabei chegando bem perto dele falando "Vamos para o hotel, estou louca pra fazer o favor de te chupar" e acabei falando alto demais, dando para algumas pessoas escutarem. O local ficou em completo silêncio até Jack começar a rir, e os outros riram também, pois felizmente a bebida já tinha os afetado também. E naquela noite ele me levou mesmo para o hotel, mas fui eu que ganhei um banho gelado, uma xícara de café sem açúcar, uma noite de sono da morte e ainda sim uma ressaca. E claro, um ano inteiro de Jack Dorney me perguntando se eu ainda estava querendo lhe fazer aquele favor. E não posso dizer que neguei.
E depois disso, sempre moderei o que eu bebia, não sei o que me deu...

— Nunca falei isso! — Protestei, a tática era negar, negar até o fim.

— Não falou mesmo. — Ele admitiu. — Mas isso não quer dizer que nunca tenha pensando.

Ele era um descarado!

— Não seja tão cheio de si. Pode acabar levando um balde de água fria. — Falei quando ele ficou de pé, alongando os braços capazes me fazendo engolir em seco, era surpreendente como sua presença tomava todo o ambiente.

— Bem, Carvert, tenho que ir. Tenho uma reunião, afinal terão algumas mudanças no texto da cena final. — Comentei, algo que ele como protagonista, logo seria informado e receberia o novo roteiro.

— Eu gosto muito do roteiro, Jude. Me deixa confortável como ator. E isso é raro. — Disse então, uma coisa gentil.

— Que bom. Fico feliz. — Fui sincera. — Agora vou ir. Bom dia. — Falei, abrindo a porta do quarto.

— Jude? — Me chamou, pelo meu nome, enfim. O olhei por cima do ombro.

— Aceita jantar comigo hoje a noite? — Indagou, me fazendo virar para ele.

— Jantar? Comigo? Você...

— É.

— Como bons amigos...?

— Não finja que não sabe que estou atraído por você, Montoya. — Pontou, e eu senti meus joelhos vacilarem. Eu não esperava por isso. Não mesmo. Não agora.

— Sam... E se nos fotografarem de novo? E por que eu?

— Somos solteiros e livres até onde sei. — Disse. — E eu quero você desde o dia que chutou minha mala.

Meu Deus.

— Não parecia bem isso. A mala parecia o amor da sua vida.

— Era um dia que eu estava estressado. Descontei em você. — Disse, colocando as mãos no bolso da calça, mania que notei nele.

— Sei.

— Mas Jude... Só um jantar. Aquele restaurante que fica há uma quadra daqui. Somos livres. — Voltou a enfatizar.

Eu estava solteira. E uma hora eu teria que dar um um impulso para o fim do abismo. Para o fim da carência.
Isso não quer dizer ter algo sério com Sam.

Era sair com um homem lindo que poderia me dar uma noite agradável. Era só isso.

— Certo, Carvert. — Concordei. — As oito.

Ele sorriu então, antes que eu saísse dali, pouco depois eu estava me encarando no espelho do elevador, me perguntando do que diabos fui fazer.

O dia passou mais rápido que o esperado. E com o fim do dia, eu não tinha nenhuma desculpa para não jantar com Carvert. Então, apenas me coloquei dentro de um belo vestido, uma bela maquiagem, saltos e sobretudo.

Eu teria um encontro em um incrível restaurante escocês, com um ator que é a paixão de milhares de adolescentes.

O que eu estava fazendo da minha vida?

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OLÁ PESSOAS❤
Capítulo postado!

E então, já é o capítulo 9! Mas me digam, já estão shippando Sam e Jude?

Queria agradecer a todos que estão dando oportunidade a essa história, que no caso surgiu de inspirações aleatórias assistindo The Tudors, meu interesse repentino pela Escócia, de ver documentários sobre o cinema norteamericano e ler "É assim que acaba" da Colleen Hoover. E tudo está sendo jogado aqui agora!

Então é isso...
beijos
- cris

Comum de DoisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora