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PENSILVÂNIA SÉCULO XV


ஜீ፝͜͜͡͡Acordei naquela manhã determinado.

Finalmente poderia ter o final feliz que eu merecia com a pessoa que eu queria. Daynna poderia me ajudar à manter a casa de meu pai com o seu dote. Tudo poderia ser resolvido e eu poderia estar com a mulher pela qual me apaixonei. Havia entregado meu coração em suas mãos com tudo o que havia de melhor. Não havia mais dúvidas do que eu queria. Iria pedi-la em casamento assim que falasse com meu pai sobre a minha solução.

Acordei naquela manhã em meu quarto com o brilho do sol entrando pelas frestas da janela. Quase não conseguira dormir na noite passada de tanta ansiedade para comunicar ao meu pai que me casaria com Daynna e que poderíamos ser felizes. Agora finalmente me levantava da cama um tanto empolgado para o café da manhã. Minha cama estava um tanto desarrumada, mas sabia que a nossa empregada arrumaria tudo quando chegasse. Apenas ajeitei as minhas roupas em frente ao espelho e por fim me pus à caminhar em direção à cozinha para tomar um café da manhã ao lado de meu pai e lhe contar a novidade.

Cheguei na cozinha e o vi como em todas as manhãs sentado ali sozinho desfrutando de um café da manhã balanceado de frutas, pão e suco. Sua expressão era meio abatida. As olheiras em seus olhos eram notáveis. Talvez não tivesse dormido bem naquela noite preocupado em perder o nosso patrimônio. Ele mexia o copo de suco com uma colher para misturar bem antes de tomar, mas fazia isso de uma maneira distraída que sequer havia me notado enquanto me aproximava silenciosamente.

Sentei em silêncio na mesa e ele nem fez questão de olhar em meu rosto. Era perceptível que me culpava por não querer ajudar a nossa família naquela situação. A briga que tivemos ontem à noite ainda perdurava em minha cabeça. Principalmente a lembrança do tapa que ele me dera no rosto. Ainda podia sentir a sensação de ardor só de me recordar, mas a minha raiva já havia passado e eu estava pronto para ter um recomeço com ele, afinal ele era o meu pai, mas também era a única família que me restara naquele momento. Não podia desistir dele sem ao menos tentar mais um pouco.

― Bom dia pai! ― cumprimentei-o por fim num tom um tanto temeroso.

Ele elevou seus olhos para mim finalmente me encarando sério. Por um momento eu achei que ele não iria me responder ou iniciaria uma nova discussão, mas mesmo que por dentro dos dentes ele respondeu ao meu cumprimento. Voltando os olhos para o seu café da manhã logo em seguida. Em sua frente estavam algumas uvas. Ele pegou uma de cada vez e colocou na boca, retirando apenas os caroços que encontrava dentro delas em cada mastigada e colocava dentro de um pequeno recipiente de argila logo mais à sua direita sobre a mesa.

― Bem pai, eu tenho uma novidade! ― disse por fim na esperança de que aquilo pudesse mudar o seu quadro atual e quem sabe até mesmo colocar um pouco de esperança dentro dele.

Ele trouxe até mim novamente o seu olhar, mas desta vez via certo interesse partindo dele, o que acendeu uma chama dentro do meu peito que me encorajava à qualquer coisa naquele momento. Respirei fundo para dar a notícia que me empolgava tanto, me preparando para o grande feito.

― Bem, eu sei como resolver o nosso problema! ― revelei. ― Eu vou me casar!

― Com a Victoria?

― Não, com outra garota. Ela se chama Daynna e também é uma garota de família rica. A família dela pode resolver os nossos problemas, pai, acredite em mim. O melhor de tudo é que eu estou apaixonado por ela, então não é apenas um casamento de negócios.

Por um minuto papai ficou em total silêncio olhando para o meu rosto com uma expressão neutra. Não sabia o que poderia estar se passando pela cabeça dele naquele momento, mas esperava que fosse a aprovação desse casamento. Mesmo que não aprovasse ainda sim lutaria para me casar com ela, mas infelizmente ele perderia a casa e também à mim, pois nunca mais voltaria à vê-lo novamente. Ele então pigarreou e assentiu, o que ainda não sabia se era algo bom ou ruim se tratando do meu pai. Ele se tornara bem mais imprevisível do que eu imaginava depois da morte da mamãe.

― Tudo bem filho se isso resolve os nossos problemas e você está feliz, siga em frente! ― disse ele por fim e aquilo me alegrou. ― Mas quero conhecer a família dessa moça antes do casamento, tudo bem?

Assenti com a cabeça mostrando que tinha compreendido o que ele havia dito e nunca me senti mais radiante por dentro. Por fim tomamos o café da manhã em silêncio, mas o clima entre nós não estava mais tão tenso quanto antes. O peso havia saído dos meus ombros e eu me sentia leve como uma pluma, livre ao vento podendo ir para onde quiser.

Depois de comer, voltei para o meu quarto. Sabia exatamente o que tinha que fazer a seguir. Pediria a mão de Daynna para os seus pais e poderia por fim me casar com ela. Tudo estava saindo perfeitamente bem. Minha vida agora era como um quebra-cabeça e cada peça finalmente estava se encaixando em seu devido lugar. Estava radiante. Não sabia quanta felicidade poderia caber dentro de mim, mas agora podia desfrutar de uma das melhores sensações da minha vida.

Um pássaro negro pousou sobre a janela do meu quarto que estava aberta. Ele carregava um envelope fechado no bico. Ele deixou o envelope sobre a parte plana da janela e por fim saiu voando novamente, tomando o seu rumo nos céus. Por um tempo o assisti indo embora até sumir no horizonte. Era uma cena tão incomum para mim, mas nada muito mais estranho do que o que eu já tinha visto antes.

Me aproximei para ver o envelope. Não havia a assinatura de ninguém ali, apenas o meu nome escrito. Por um momento hesitei, mas logo resolvi abri para ver o que tinha ali dentro. Com os dedos rasguei com cuidado o envelope e puxei uma folha de papel dobrada e vi que se tratava de uma carta pessoal para mim. Na carta dizia:

Sebastian, me encontre hoje à noite perto da cachoeira, tenho algo para te mostrar.


- Ass: D

O D não deixava muito claro quem poderia ser, mas a única pessoa que pensava e conhecia que começava com aquela vogal, era Daynna, portanto logo meu coração se encheu de alegria com aquela carta. Quase pude ouvir sua voz falando em minha cabeça dizendo aquelas palavras. Mal podia esperar para encontrá-la naquela noite. Meu coração aguardava avidamente até que caísse à noite para poder me encontrar com ela.

Entre Almas [Livro 01]Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora