༺XXI༻

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ஜீ፝͜͜͡͡Seguimos Blair até o jardim.

Sentia a brisa fria vir de encontro ao meu rosto como um beijo de um cadáver em minha pele. O sereno da noite caía sobre mim naquele momento, fazendo com que valesse à pena eu estar completamente agasalhado. Dorian estava com uma de minhas camisas longas, já que não tinha roupas para ele ali, pois todo esse tempo esperava por uma garota e mesmo que fosse, as roupas precisariam ser atualizadas, pois a moda desde o século dezoito havia mudado bastante.

Ainda não entendia exatamente o que estava fazendo naquele momento, mas mesmo assim não a questionava, pois confiava nela suficientemente. Blair puxou uma adaga de dentro da sua bota e a desencapou, apontando na direção de Dorian que ergueu as mãos com uma expressão um tanto desesperada. Podia ouvir as batidas frenéticas do seu coração naquele momento.

― Toma Dorian! ― disse Blair lhe entregando a adaga.

― O que você vai fazer? ― perguntou ele por fim parecendo tomado pela mais intensa confusão.

― Eu só quero uma pequena amostra do seu sangue ― revelou Blair como um sorriso cordial circundando seu rosto chocolate.

― Para quê você quer meu sangue? ― Dorian parecia ainda mais confuso que antes como se aquilo não fosse nada comum para ele.

― Bem, preciso atualizar a barreira de proteção. Se fizer o feitiço com o sangue de vocês, vocês irão poder sair e entrar livremente sem ter que ficar trancados do lado de fora, pois a barreira permite quem está dentro de sair, mas se estiver fora e o seu sangue não constar no feitiço, ficará preso como alguém que esqueceu a chave dentro da própria casa.

― Ah sim ― exprimiu ele soltando o ar pela como se estivesse aliviado pelo quer que ele tenha pensado que aquilo seria.

― Já fiz esse feitiço antes apenas com o meu sangue e o do Sebastian, agora que você mora com a gente, tenho que te dar uma cópia da chave de casa.

Dorian assentiu compreendendo o que ela acabara de falar. Blair cortou a palma de sua mão fazendo uma careta de leve em sua expressão com o incômodo que a lâmina causou ao rasgar sua pele, enchendo a palma de sua mão com aquele líquido avermelhado. Ela fechou a mão para conter um pouco a corrente de sangue e logo entregou o objeto à ele, que pegou um tanto receoso.

Ele olhou bem para o artefato por algum tempo e a incerteza era nítida em sua expressão. Seus olhos se desviaram para os meus num gesto claro de insegurança. O encorajei com gestos de cabeça, insistindo para que ele confiasse no que estava acontecendo ali e por fim ele abriu a palma de sua mão esquerda e a cortou com a ponta da lâmina, que sem demora fez o sangue dele vir à tona. Ele fechou sua mão com a orientação de Blair para conter o sangue ali, então passou a adaga para mim que cortei a palma de minha mão sem demora.

O sangue de um vampiro era diferente do sangue efêmero. O sangue vampiro geralmente tinha a cor preta, que ficava em nossas veias. O sangue efêmero era nosso alimento, não servia para repor o nosso sangue. Aquele era o castigo dado pela bruxa primordial que jogara a maldição em todo o seu vilarejo para se vingar pelo que fizeram com a sua filha.

Juntos caminhamos em direção ao domo que protegia nosso lar. Blair conjurou um feitiço para fazer com que o campo de energia mágica fosse derrubado. Um pequeno tremor abaixo de nossos pés se fez presente, mas nada que nos desequilibrasse. Pude ver a energia violeta se dissolvendo totalmente.

― Bem, agora derramamos nosso sangue nessa linha ― apontou ela na direção exata com o próprio pé. ― Então nesse mesmo lugar se levantará uma nova redoma para nos proteger de todo mal.

Fizemos o que ela mandou e citando palavras em Latim, ela conjurou o feitiço, portanto nesse momento uma luz roxa começou a se fazer presente no chão, causando um novo tremor, então uma parede começou a se erguer bem em nossa frente brilhando e se fechando pouco a pouco até que por fim chegasse a cobrir todo o local.

Entre Almas [Livro 01]Where stories live. Discover now