༺XLII༻

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PENSILVÂNIA SÉCULO XV

ஜீ፝͜͜͡͡Meu coração estava em pedaços.

Daynna, o amor da minha vida morrera tragicamente. Agora entendia o que ela tinha feito. Ela se matara, pois sabia que a maldição não permitiria que me deixasse viver, então para não me ver morrer, ela cravou uma adaga em si própria na forma mais pura de amor, pois preferiu morrer ao me matar.

A família de Daynna não poderia ficar sem ter notícia da filha, portanto fiz com que Blair escrevesse uma carta fúnebre para a família, dizendo que ela havia se matado. Pude ouvir o grito do pai dela mesmo à quilômetros de distância. Blair também chamou o coveiro da cidade até ali para velar o corpo e assim foi a última vez que a vi em vida.

Agora tudo o que restava era um espaço vazio em mim que não poderia ser preenchido tão facilmente. Minhas lembranças ilustravam a melhor parte de mim que se fora. Por mais que eu soubesse que não seria para sempre, ainda sim doía ter que vê-la partir. Meu coração se apertava ao recordar o momento de sua morte.

O que me restava afinal, era esperá-la na próxima reencarnação, sem saber ao certo quando aquilo aconteceria ou como. Talvez não suportasse esperar por muito tempo para ter de volta o seu amor. Não queria viver apoquentado e almejante por algo sem saber ao certo o tempo exato de espera. Não sabia quantas eras teria de esperar, mas precisava me manter circunspecto até seu retorno à este mundo.

O amor para mim agora era como um castigo. Tive que ver o meu amor morrer e não sabia por quantas vidas mais teria de ver aquela cena se repetir. Estava completamente assustado, mas o fato de amá-la e poder ser amado por ela era o que fazia tudo valer à pena para mim no fim das contas todas às vezes que tivesse de passar por aquilo.

Blair fora uma ótima amiga para mim durante todo aquele momento de turbulência onde se encontrava o meu ser, ficando ao meu lado para que desabafasse toda a dor do meu peito até que finalmente o pesar diminuísse totalmente.

Por algum tempo me culpei pela morte dela. Se eu não tivesse ido atrás dela, talvez ela ainda estivesse viva. Se soubesse aonde aquela ação tola me levaria, nunca teria feito o que fiz. Iria preferir vê-la apenas de longe tendo uma vida feliz sem mim, que morrendo outra vez comigo. Talvez houvesse algo na próxima vida que pudesse fazer para que a maldição não fosse despertada.

Por algum tempo busquei a resposta nos grimórios que Blair possuía em sua casa. Até que por fim achei algo que falava sobre a maldição do caçador. Tudo o que eu tinha que fazer era achá-la antes que completasse seu vigésimo aniversário ou tudo estaria completamente perdido outra vez, pois na data de seu aniversário terreno, ao fazer vinte anos, a maldição se ativaria e logo estaria tudo perdido, portanto agora sentia que estava preparado.

Conversei com Blair sobre o assunto e ela me dissera que a única maneira de rastrear a alma de Daynna, era pegando o sangue dela e forjando a pedra da alma, que avisaria assim que sua reencarnação chegasse. Por sorte não havia me livrado das roupas que usava no dia em que sua vida a deixou em meus colo. A camisa e calça que eu usava estavam marcadas com o sangue dela, portanto as peguei e assim ela fez o feitiço que resultou na pedra da alma que demos o mesmo nome que o dela. Daynna.

Algumas semanas se passaram até que Blair chegou do povoado com mais uma péssima notícia. Meu pai havia se matado logo após perder a casa, pois ele a havia dado como garantia ao banco para sanar todas as dívidas que tínhamos. Depois que papai foi enganado e roubado, tudo estava perdido e o fato de eu não ter me casado com Daynna, fez com que a dívida se atrasasse e ele adiou o quanto pôde até não conseguir mais e perder o único patrimônio que nos restava.

Por sorte ainda havia um trunfo para mim. Não queria ter de perder a casa da minha família a única lembrança que tinha dos meus pais que agora estavam falecidos. Tinha que lutar pelo único bem que me restava. As joias que usaria para fugir daquele lugar na noite em que reencontrei Daynna e fui atacado por um Inferius, a mesma noite que demos o nosso primeiro beijo, ainda estavam enterradas no mesmo local, pois naquele dia não conseguira retirá-las de lá, sendo assim voltaria até aquele local e com as joias legítimas de minha mãe, retomaria o que era a minha herança de família.

Fui até lá com Blair no mesmo dia e procurei o banqueiro para reconquistar o que era meu por direito com as joias mais preciosas e caras daquela época. Peças legítimas. No começo o banqueiro demonstrou certa resistência ao ver que eu queria reivindicar o bem da minha família, mas ao ver a quantia que eu tinha em minhas mãos, logo apressou-se a me devolver a mansão, portanto aquilo tudo estava resolvido e eu tinha todas as memórias da minha família de volta.

Chamei Blair para morar comigo depois de tudo o que ela tinha feito por mim, ajudando-me a controlar minha sede de sangue, ficando ao meu lado e me apoiando sempre. Mostrara seu valor por isso queria que nossa amizade transcendesse à eternidade, já que éramos imortais. Ela me faria companhia enquanto eu esperava pela reencarnação da minha alma gêmea. Também queria que ela conhecesse Daynna na próxima vida, mas desta vez com vida e não apenas um cadáver ensanguentado.

Agora estava regando as rosas no jardim que eu tinha preparado assim como minha mãe gostava, mantendo sua memória viva naquele local. Olhava as rosas e me lembrava da noite em que conheci Daynna no palácio. Seus cabelos tão vermelhos quanto as pétalas que regava. Mesmo ainda sentindo o vazio habitando meu ser, mas senti cada vez mais que a cada dia que se passava estava cada vez mais perto de encontrá-la outra vez, trazendo de volta a esperança que um dia havia sido quebrada.

Entre Almas [Livro 01]Onde histórias criam vida. Descubra agora