Entre Almas [Livro 01]

༺VII༻

ஜீ፝͜͜͡͡Corri até Blair desesperado.

Ao chegar até a biblioteca em cerca de um segundo, encontrei-a sentada sobre a mesa de madeira polida no canto direito da sala com pilhas de grimórios, postos em cada lado, próximos às extremidade da mesa, enquanto um deles encontrava-se aberto bem à sua frente. Ela elevou os olhos em minha direção quando irrompi na sala. Sabia que ela podia captar a preocupação estampada em meu rosto, pois seus olhos mudaram no minuto em que encontraram os meus.

― O que aconteceu? ― perguntou ela num tom preocupado. ― Onde está o Dorian?

― Ele fugiu! ― respondi imediatamente.

― Como assim ele fugiu? ― interpelou ela exasperada.

― Eu o deixei sozinho por alguns instantes e ele pulou a janela em fuga!

― Ai não Sebastian! ― disse ela passando a mão pela cabeça, num sinal claro de desespero. Sua voz estava alarmada e seus olhos saltados. ― Ele não pode sair daqui. Se ele ultrapassar a barreira mágica posta em volta dessa casa, ele pode estar correndo grande perigo!

― Então faça um feitiço de localização para achá-lo!

― É o que eu vou fazer agora mesmo!

Ela levantou-se da cadeira, que rangeu contra chão de madeira. Ela atravessou a biblioteca, deixando tudo mais para trás e fez um gesto para que eu a acompanhasse, portanto assim fiz, seguindo-a até o seu quarto. Assim que adentramos pela porta, ela correu até uma cômoda num canto direito, pegando uma caixinha de joias e retirando a pedra que usara na noite anterior para encontrar Dorian. Ela segurou a pedra verde-esmeralda entre as mãos e fechou os olhos para maior concentração, canalizando toda magia possível dentro de si para a pedra.

― Ubi enim Dorius revelare! ― disse ela em um tom de voz firme. ― Ubi enim Dorius revelare!

Ela abriu os olhos por um instante e pude ver que os olhos castanhos que eu conhecia não estavam mais ali, dando lugar a olhos totalmente escleróticos. Ela continuava a pronunciar o feitiço, no entanto agora sua voz parecia distante, quase como um sussurro. A pedra em suas mãos começou a brilhar e aos poucos começou flutuar, enquanto irradiava sua energia mágica. Blair voltou à fechar os olhos, como se caísse em si e quando os abriu novamente, pude ver que seus olhos eram castanhos novamente.

Já convivia à sete séculos com aquela magia, mas ainda não conseguia me acostumar totalmente. Para mim cada vez que via aquilo, de certa forma ainda me impressionava. Era como se a novidade nunca houvesse fim. Era algo bonito de se ver e ao mesmo tempo irracional, mas era real. Mais real que eu mesmo ou Blair. Algo grandioso.

― Blair, você está bem? ― disse tocando o seu ombro.

― Estou! ― respondeu ela ofegante. ― Estou bem sim!

Cada vez que Blair usava sua magia, ela fazia certo esforço físico. Seria algo como correr muito rápido ou se exercitar. Parte da sua energia se esvaía junto com a sua magia, o que a deixava com os pulmões frenéticos, como se houvesse disputado uma maratona.

― O feitiço está feito! ― disse ela olhando para a pedra que emitia o seu brilho esverdeado, enquanto flutuava no ar bem diante dos seus olhos. ― Agora vamos logo atrás de Dorian, sem perda de tempo, precisamos achá-lo o mais rápido possível!

― Espera! ― disse e ela voltou sua concentração para mim. ― Tem certeza que está bem o suficiente para fazer mais um feitiço?

― Estou sim! ― respondeu ela me entregando o sorriso mais tranquilo que havia em seu estoque.

― Tudo bem, mas acho que você precisa descansar um pouco quando voltar, pode deixar os grimórios para amanhã, tudo bem?

― Tudo bem, mas precisamos ir logo antes que algo ruim possa acontecer com Dorian!