༺XIV༻

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PENSILVÂNIA SÉCULO XV


ஜீ፝͜͜͡͡Nossos lábios se encontravam.

Nosso beijo foi intenso e apaixonado, como nunca havia beijado antes alguém dessa maneira. Sentia uma explosão dentro do meu peito, fazendo eu me sentir completamente intenso e vibrante. Ela parecia estar correspondendo aquele beijo com a mesma intensidade que eu, até que subitamente ela me empurrou, desvencilhando-se do meu beijo, fazendo com que eu a encarasse confuso. Num minuto ela parecia tão envolvida quanto eu e já no outro, me repeliu de tal forma.

Ela limpou a boca com as mãos com o olhar direcionado o tempo todo para o chão, como se evitasse olhar para mim. Minha cabeça ficava cada vez mais emaranhada. Ela andou de um lado para o outro parecendo um tanto atordoada. Não sabia exatamente o que a estava deixando assim. Talvez a tenha beijado inconsequentemente e agora havia deixado-a tão desordenada quanto eu.

― Você está louco? ― interpelou ela.

― O que foi? ― questionei com o coração batendo aceleradamente dentro do meu peito, mas agora não era mais pelo beijo e sim pelo que ela poderia dizer sobre o que havia acontecido.

― Isso não pode acontecer! ― disse ela e dessa vez olhou para mim com um semblante culpado. ― É melhor que você vá embora!

― Por que isso? ― indaguei. ― Se é porque ainda estou noivo, não se preocupe, eu vou cancelar agora mesmo o meu compromisso com ela!

― Não é isso! ― disse ela. ― Você é um efêmero!

― Efêmero?

― É como os de sangue-não-mágico são chamados! ― explicou ela. ― E agora você sabe demais. Não posso deixar que você vá antes de apagar a sua memória!

― Você não precisa fazer isso!

― Na verdade é uma regra. Todo e qualquer efêmero que ver o mundo sobrenatural, sua memória deve ser apagada imediatamente!

― Eu não quero esquecer! ― disse um tanto desesperado. ― Principalmente o beijo que acabamos de dar. Não quero ter que esquecer isso!

― Eu sinto muito, mas não posso deixar você ir sem que tome a poção do esquecimento!

― Será que você não poderia me tornar uma exceção?

― Infelizmente as regras contra um efêmero que sabe demais são claras!

― E quanto ao nosso beijo? ― perguntei vagamente. ― Isso não significou nada para você? Porque para mim significou muito!

― Não é isso Sebastian! ― disse ela tristemente. ― Eu gostei de você desde o primeiro dia em que te vi. Você me despertou algo bom e só comprovei ainda mais, agora que te beijei, mas o fato é que nosso romance não poderia ir adiante, mesmo que sua memória permanecesse. Você é um efêmero e eu sou uma caçadora.

― E o que isso tem a ver?

― Tem a ver que sou uma caçadora de demônios e alguns deles são racionais. Se descobrissem que estou namorando um efêmero, tentariam te matar imediatamente para me atingir. Não posso deixar que isso aconteça. Não posso deixar que um inocente como você sofra as consequências da minha luxúria!

― Então fuja comigo! ― disse soando um tanto precipitado. ― Esta noite eu ia fugir para muito longe daqui, mas acabei sendo interceptado por aquele ser medonho e aí você me salvou e agora estou aqui diante de você!

Passei a mão pela lateral de seu rosto tão leve como uma seda e ela pareceu corresponder ao gesto, fechando os olhos e colocando a sua mão sobre a minha. Ela abriu os olhos novamente encarando o meu rosto e mesmo que ainda não tivesse dito uma palavra, sabia que diria não à minha proposta. Seus olhos negros eram bastante expressivos de maneira que não poderia esconder qualquer sentimento. Seus olhos tinham uma linguagem própria, falando antes mesmo de sua boca.

― Olha Sebastian, mesmo que eu quisesse fugir com você, eu não poderia! ― disse ela num tom mórbido afastando-se de minha mão e ficando de costas para mim. ― Não posso ir contra a minha natureza!

― Como assim?

― Eu tenho uma maldição! ― disse ela de uma vez, virando-se para ver a minha reação ao soar daquelas palavras.

Não fiz nada por um alguns segundos, apenas a fitei assimilando com calma aquilo que acabara de me dizer. Seu semblante carregava certa melancolia e eu sabia que o que estava dizendo era verdade. Aquela palavra ocupou a minha mente, ressoando em cada canto. Maldição. Maldição. Maldição.

― Que tipo de maldição? ― perguntei por fim.

― Minha maldição consiste em caçar seres com sangue demoníaco e não poderei viver em paz até o último ser sobrenatural estiver reduzido à pó!

Minha mente estava cada vez mais caótica. Cada palavra que saía de sua boca era como uma espada afiada que cortava a minha mente com vigor. Sentia meu cérebro pesar dentro da minha cabeça. Nunca havia tido que assimilar tanta informação em apenas um dia. Abri a boca tentando achar a coisa certa à dizer, mas não encontrei nada, portanto voltei a cerrar meu lábios, piscando algumas vezes para afastar toda aquela atordoação.

De repente ouvi um som de passos vindo naquela direção e uma voz feminina cantarolando uma canção. Daynna teve um sobressalto e pegou em meu antebraço, me puxando para longe daquela mesa e pedindo com um gesto que eu ficasse em silêncio. Ela parecia um tanto nervosa, percorrendo o arsenal com olhar, sem saber exatamente o que fazer.

Ela me puxou até um armário, abrindo a porta. Vi que ali dentro continha alguns armamentos, como espadas, arpões e mais alguns arco-e-flechas. Ela pediu em um sussurro para que eu entrasse ali dentro e assim eu fiz. Ela fez novamente o sinal para que eu ficasse em completo silêncio ali dentro. Assenti com a cabeça e ela fechou a porta do armário, me deixando quase que na completa escuridão se não fosse pela pequena fresta da porta do armário que permitisse que passasse ali um pouco de luz.

Os passos se aproximavam cada vez mais dali, assim com a cantoria, ficando cada vez mais alta, até que de repente a cantoria parou. Senti uma pontada no coração. Não sabia exatamente o que estava acontecendo. Não dava para ver muito bem dali de dentro, então uma voz feminina bastante familar falou:

― Daynna, o que está fazendo aqui?

Agora tudo que ouvi foram balbucios e meu coração se apertou.

Entre Almas [Livro 01]Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum