༺XXXIII༻

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ஜீ፝͜͜͡͡O mundo parecia estar desabando.

Nós três corremos pelo corredor do hospital em estado de desespero, pois temíamos que chegássemos tarde demais no leito de Enzo. Temia pela vida dele, mesmo sabendo que efêmeros como ele sucumbiam o tempo todo, mas tinha um apreço especial pela sua vida, afinal via muito de mim nele. Mesmo depois de anos ele ainda amava a mesma mulher com a qual foi destinado a viver um vida plena e feliz até o dia de sua morte. Comigo não seria muito diferente, caso fosse um efêmero. A coisa que também mais admirava em Enzo era a sua alegria de viver mesmo depois de perder o amor da sua vida. Ele tinha uma força, um vigor e uma benevolência de dar inveja. Queria poder aproveitá-lo por mais tempo e ter o pai que eu nunca pude ter em minha vida.

Me aproximei do balcão do hospital onde uma mulher de meia idade usando trajes brancos como os dos médicos estava com uma expressão neutra, olhando para a tela do computador diante de si, digitando alguma coisa que poderia jurar ser importante. Sua pele era escura e seus óculos refletiam a tela iluminada do aparelho. Seus cabelos grisalhos estavam amarrados em um coque perfeito e seus lábios extremamente carnudos estavam pintados com um batom rosa bem claro.

― Boa tarde ― cumprimentei como um primeiro gesto de aproximação. ― Eu procuro por um senhor chamado Enzo Russo.

― O senhor é algum parente dele? ― perguntou ela num tom bem seco baixando os seus óculos para me fitar melhor.

― Digamos que somos o mais próximo que ele tem de uma família.

Ela posicionou os seus grandes lábios para baixo me encarando com aquela expressão empedernida, ela não parecia nenhum pouco interessada no que eu tinha a lhe dizer, então começou a digitar alguma coisa em seu computador, enquanto eu esperava por uma resposta da parte dela, até que ela parou de digitar, então voltou seu olhar apático para mim.

― Temos um Enzo Russo que foi internado hoje de manhã às 10:45 com setenta e quatro anos de idade.

― Esse é o nosso Enzo.

Ela pegou alguns papéis e colocou sobre o balcão e apontou para uma caneta ao lado que estava posta com uma corrente, talvez para ninguém levar embora dali, já que era um objeto muito pequeno e as pessoas poderiam levar embora.

― Preencham esse formulário e eu vou liberar a entrada de vocês.

Assenti com a cabeça, então comecei a preencher tudo, algumas coisas eu não sabia o que significava, então Blair e Dorian me ajudaram com tudo até que finalmente tudo estivesse preenchido e assinado. Entregamos a papelada e ela deu uma olhada para ver se estava tudo em ordem, então nos deu um adesivo de visitantes e seguimos pelo corredor com a coordenada do quarto que ela nos liberou.

Assim que chegamos em frente ao quarto pude ver Enzo deitado na cama do hospital com o pijama e uma mangueira final e transparente na veia com um esparadrapo colado escondendo a ponta, recebendo um tipo de líquido transparente. Havia algo parecido com um prendedor de roupa no seu dedo indicador com um fio que ligava à uma máquina que estava ao lado de seu leito com linhas que se mexiam para cima e para baixo, seguindo para o lado.

― Enzo? ― chamei num tom baixo quase que em um sussurro me aproximando dele, entrando no quarto.

O corpo dele se virou em nossa direção e os olhos castanhos que outrora estavam fechados, agora se abriam para nos encarar. Tudo o que eu mais queria naquele momento era que Enzo me dissesse que estava bem para aliviar um pouco mais o meu coração. Seus olhos estavam um pouco fundos e sua expressão um tanto abatida. Ele tentou sorrir ao ver a gente, mas parecia muito grogue para aquilo.

― Vocês estão aqui! ― disse ele com uma voz um tanto vacilante.

― Viemos te ver Enzo ― revelou Blair se aproximando mais da cama e segurando a mão dele. ― Vim assim que recebi o recado do seu vizinho de que você estava aqui.

Entre Almas [Livro 01]Onde histórias criam vida. Descubra agora