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PENSILVÂNIA SÉCULO XV

ஜீ፝͜͜͡͡Corria em meio à floresta.

O vento frígido da noite arranhava meu rosto e cabelos à medida que eu corria, fazendo-me sentir frio, mesmo estando devidamente agasalhado. Jogava o ar podia vê-lo claramente evaporando à minha frente. Minha respiração estava ofegante, tornando meu peito mais denso. Parei por um momento, curvando-me para a frente com uma das minhas mãos nos joelhos, arfando, enquanto a outra segurava uma lamparina. Resolvi caminhar daquele ponto em diante.

Precisava vê-la. Meu coração batia mais aceleradamente dentro da minha caixa torácica. Caminhava para o mesmo lugar onde ela havia me salvado daquele Inferus. Esperava que ela aparecesse novamente ali em sua ronda noturna. Por mais que só se tivesse passado vinte e quatro horas desde a última vez que a vi, sentia como se houvesse se passado muito mais que aquilo. Meus lábios sentiam saudade dos seus e meu rosto almejava o seu toque aveludado novamente.

Por um tempo fiquei parado ali, esperando vê-la à qualquer momento. O barulho das folhas dançando ao ritmo do vento, enquanto corujas, sapos e grilos cantavam em harmonia como em um coral cada qual com a sua própria melodia, compondo a mesma música.

De repente alguém usando uma capa com um capuz sobre a cabeça pulou de trás das árvores também segurando uma lamparina. Meu coração acelerou imediatamente e senti um frio subir por meu tronco como se à qualquer momento algo fosse sair de dentro de mim.

Era ela.

Ela tirou o seu capuz, deixando que seus cabelos avermelhados livres. Sua pele branca como a lua a fazia ainda mais bela como a noite. Alguns vagalumes voavam atrás dela, mas não retiravam seu brilho de forma alguma. Ela era tão encantadora quanto uma bela rosa.

Um sorriso automaticamente tomou o meu rosto sem que eu me esforçasse para contê-lo. Caminhei na direção dela, deixando minha lamparina no chão. Ao me aproximar suficientemente dela, depositei um beijo em seus lábios edulcorados que me deixavam deleitado como se provasse do mais doce néctar.

Passei minhas mãos ao redor de sua cintura, puxando-a para mais perto de mim. Seus braços enlaçavam meu pescoço, intensificando ainda mais o nosso beijo. De repente o ar tornou-se mais quente e já não sentia mais tanto o frio daquela noite. Nossos corpos estavam colados um no outro trocando todo o calor necessário.

Ela afastou seus lábios dos meus e encontrei seus olhos negros sob a pouca luz que o deixavam ainda mais intensos. Ela mordiscou os lábios, soltando um pequeno sorriso. Ela ficava ainda mais linda daquele jeito. Seus dentes eram perfeitamente brancos como porcelana. Uma verdadeira obra de arte.

Desde à noite anterior, me sentia feliz por ela não ter apagado à minha memória para esquecer do ocorrido. Entendia bem as regras dos caçadores. Humanos comuns realmente não tinham condições de descobrirem sobre o mundo sobrenatural. A maioria iria temer ou talvez até enlouquecer. Eles só queriam proteger os mortais, já que o poder para derrotar os seres demoníacos já haviam sido entregues nas mãos especiais deles.

― Que tal se a gente saísse daqui? ― perguntou ela empolgada. ― Eu conheço um ótimo lugar!

Abri um sorriso maroto e concordei com a cabeça. Ela apanhou a sua lamparina e também fiz o mesmo, voltando para pegar a minha, seguindo-a mata à dentro.

Fui conduzido por ela até uma pequena clareira no meio da floresta, onde jazia um pequeno chalé. A madeira aparentemente corrompida pelos cupins e o mofo nítido, mas ainda estava de pé, como alguém que se recusa a se deixar vencer pela queda. Não havia nenhum sinal de alguém por ali e pelo sorriso que habitava os seus lábios rúbidos, ela conhecia bem aquele lugar.

― Relaxa! ― disse ela segurando minha mão. ― Vem comigo!

Não questionei, apenas a segui.

Ao chegar perto suficientemente da porta do chalé, Daynna olhou para mim com um sorriso malicioso e empurrou a porta, enquanto eu sentia meu coração se debatendo freneticamente dentro do meu peito, quase como se quisesse saltar para fora. Ela parecia não ter medo de nada naquela pose inabalável de caçadora de demônio, mas eu não era assim.

Com a sua lamparina ela iluminou antes de dar qualquer passo para dentro daquele local. Parecia tentar captar algum perigo ali dentro, mas ao não achar nada, apenas sinalizou para que eu a acompanhasse e assim fiz. Ela fechou a porta assim que passei totalmente. 

Observei cada detalhe em evidência. Haviam alguns móveis velhos nos seus devidos lugares. O cheiro de madeira molhada só se intensificava ainda mas ali dentro. Daynna andava completamente à vontade por ali, o que só intensificou a minha suspeita de que ela já havia estado ali antes.

Ela pôs a lamparina que carregava sobre uma mesa de madeira no canto da sala, virando-se para mim. Pus minha lamparina no chão e um sorriso involuntário roubou meus lábios novamente ao vê-la sorrindo para mim. Me aproximei um pouco mais dela, envolvendo sua cintura com meu abraço, enquanto ela colocava seus braços sobre meu ombro enquanto suas mãos tocavam a região occipital da minha cabeça, afagando meus cabelos médios. Não pude resistir e a beijei novamente. Um beijo longo e demorado, levando-me à êxtase total, como se meu corpo flutuasse por entre as nuvens.

Afastei meus lábios do dela, olhando bem o seu rosto por um momento, passando minha mão pelos seus cabelos ondeados. A beijei novamente, porém desta vez com mais vigor. Ela correspondeu ao meu beijo e logo a puxei para mais perto de mim. Suas mãos logo invadiram o interior da minha camisa, encontrando meu abdômen. Percebi exatamente o que ela queria, assim como eu. Sorri em meio ao beijo e logo interrompi para tirar a camisa. Ela me observou mordiscando os lábios e voltando a me beijar e agora eu sentia o ar mais quente do que quando estava com roupa.

Ela me puxou para o chão, desta vez ficando por cima de mim. Ela me depositou mais um beijo ardente. Com minhas mãos livres, comecei a corrê-las pelas costas do seu vestido até achar o laço que o amarrava. Com um leve puxão, soltei-o, folgando-o de umavez por todas. Ela alongou-se sobre mim sorrindo. Estava ainda mais linda e naquele momento não pude deixar de me sentir sortudo por poder contemplar perfeitamente cada centímetro do seu corpo.

Entre Almas [Livro 01]Where stories live. Discover now