༺XXXIX༻

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ஜீ፝͜͜͡͡Sentia-me extasiado.

Poderia dizer que me apaixonei mais rápido do que alguém quando cai no sono. Algo que todo o meu ser precisava e eu mesmo ainda não sabia ou talvez só não quisesse admitir. A verdade é que já havia pensado várias vezes na hipótese de me apaixonar por Dorian, mas sempre que esse pensamento vinha eu o tratava como algo intrusivo e como tudo que é intruso o único objetivo era afastar o quanto antes para que não tomasse conta de forma veemente o meu juízo. Em uma noite pude finalmente compreender o que todos queriam me dizer desde o começo. Depois de toda a frustração, minha mente rachada finalmente ganhou uma abertura para que pudesse entrar as informações que eu bloqueava outrora.

Agora estava ali deitado com Dorian sobre o meu peito, enquanto sentia o meu coração batendo mais forte e sabia que ele escutava cada batida que fazia minha caixa torácica vibrar por baixo de seu ouvido. Meu braços estavam ao redor do corpo dele e minhas mãos se encontravam com os dedos entrelaçados. Deitados na grama com nossos rostos voltados para o céu de fim de tarde, observávamos as nuvens e seus diversos formatos, enquanto Dorian me explicava que estar ali era a mesma sensação de se estar em um museu quando muitas vezes algumas pessoas ficavam paradas observando obras abstratas, sendo possível ver várias formas diferentes dentro de um mesmo quadro ou escultura.

Dorian me explicava também que a graça desse tipo de arte não estava em saber ao certo o que era, mas fazer as pessoas verem ou imaginarem um significado que pudesse contar a própria história diante de seus olhos, fazendo com que o telespectador criasse uma afinidade quase que de imediato em suas obras, transformando o artista num contador de histórias nato, mesmo que nunca houvesse ouvido nenhuma daquelas histórias antes. Ele era tão esperto e a paixão que demonstrava pela arte, fazendo com que seus olhos negros brilhassem ainda mais, deixavam-me ainda mais fascinado por ele. Ele me despertava uma paixão só de ouvi-lo falar de suas paixões.

Por mais que eu fosse quase como um morto-vivo, ainda sim me sentia mais vívido ainda do que eu me lembrava. Eu podia sentir minha pele fria se arrepiar a cada toque dele, quase como se a ponta de seus dedos exalassem energia que assim que posta contra a minha pele eriçavam todos os meus pelos, quase como que um choque imediato, mas não em uma carga mortal ou incomoda, apenas na carga certa para carregar meu corpo com toda a energia necessária para viver mais mil vidas.

Já havia se passado horas do nosso primeiro beijo e eu ainda continuava me sentindo como no primeiro momento. Seus lábios me eram convidativos o tempo todo como belos morangos avermelhados e suculentos, gritando para serem mordicados. Uma coisa que antes eu não sabia da existência, mas agora que finalmente havia descoberto queria provar muito mais era o famoso "beijo de língua" como os efêmeros chamavam. Dorian havia me ensinado a beijar daquela forma e não sabia que era possível beijar usando a língua, mas era uma sensação alucinante de maneira que me roubou o fôlego.

Blair ainda não havia voltado para casa desde aquela manhã, provavelmente estava demorando para achar uma boa substituta para a sua funcionária antiga. Geralmente essas coisas demoravam um pouco quando não se tinham tantas boas opções na fila. Esperava que ela chegasse logo, pois eu estava louco para lhe contar a novidade entre Dorian e eu. Era algo que nem eu mesmo esperava que acontecesse, talvez ela mesmo já tivesse perdido as esperanças de que aquilo iria vir a acontecer, mas tenho certeza que ela vibraria feliz por nós dois, afinal ela sempre me aconselhara de que era possível eu me apaixonar por Dorian também já que ele era a mesma pessoa que amei há séculos atrás, mudando apenas o corpo. Ela sempre me aconselhara a olhar além do que o corpo dele, mas que enxergasse através dos seus olhos a mesma alma pela qual eu havia me encantado.

De alguma forma meu subconsciente deve ter escutado as palavras de Blair e manteve isso ativo em minha cabeça, mesmo que eu não percebesse isso por ser um pouco distraído, mas me fora bastante útil, pois de alguma forma manteve a minha curiosidade por saber o que aconteceria caso eu beijasse Dorian. Será que eu sentiria a mesma coisa que sentia quando beijava Daynna? A verdade era que sim. Eu senti tudo novamente como se uma peça do quebra-cabeça que estava faltando em minha vida finalmente estivesse completada. Eu havia me redescoberto e também o mundo ao meu redor e eu me sentia a pessoa mais feliz daquele século.

Entre Almas [Livro 01]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt