Entre Almas [Livro 01]

༺III༻

ஜீ፝͜͜͡͡Meu coração batia aceleradamente.

Sentado no sofá da sala, sentia o nervosismo que se espalhava pelo meu corpo em ondas gélidas que me deixavam ainda mais irrequieto. Esfregava as minhas mãos um tanto nervoso, enquanto vibrava a minha perna desesperado pelo que viria naquela noite. Precisava distrair a minha mente enquanto esperava Blair pegar algumas coisas para o feitiço de teletransporte. Tentei imaginar como seria seu rosto naquela vida e por um bom tempo aquilo me distraiu. Será que voltaria com seus cabelos vermelhos? Pensei. Aquilo foi uma das primeiras coisas que chamara a minha atenção assim que a vi pela primeira vez. Seus olhos escuros como pedras de carvão, faziam meu coração palpitar.

Agora minha cabeça estava completamente concentrada no meu coração, que pulsava freneticamente. Me sintia um bobo novamente. Senti uma onda leve que me fez querer sorrir mesmo sem haver um motivo específico. Apenas pensar em vê-la novamente, me fazia sentir isso. Era como se toda a eternidade passasse por mim de uma vez só e com total ímpeto, deixando em mim um rastro de seu impacto colossal, como uma colisão em meu ser. Eu não costumava me sentir daquele jeito há muito tempo.

Naquela noite ela estaria completando seus dezoito anos de idade. Desde que ela havia chegado neste plano, Blair me avisara assim que isso aconteceu. Ela a sentiu reencarnar. Desde daquele dia eu tinha me tornado cada vez mais ansioso. Se eu pudesse dormir, certamente não conseguiria com excelência por pelo menos dezoito anos consecutivos.

A qualquer momento eu poderia tê-la visto. Poderia ter acompanhado seu crescimento, mas supus que seria estranho demais, portanto a veria quando completasse seus dezoito anos que é a maioridade para poder vê-la no auge de sua maturidade sem parecer que eu era algum tipo de perseguidor atemporal que a observara a vida inteira. O que quer que estivesse fazendo naquela noite, seria a primeira vez que a veria. Em alguns casos de reencarnação a pessoa reencarnada se parecia bastante com a sua primeira versão. Será que seria aquele o caso?

Blair entrou na sala de repentemente e me viu naquela estado de nervosismo antes. Por um tempo ela me estudou bem, até que uma risada dominou a sua boca.

― Para alguém que planejou por quase seiscentos anos o reencontro com a sua amada, você até que parece bem nervoso!

Mordi o lábio inferior.

― Acha normal que eu me sinta tão nervoso assim mesmo não sendo a primeira vez que a vejo? ― perguntei curioso.

― Acho, afinal de contas é a primeira vez que você vai vê-la nessa vida e também sempre ficamos nervosos quando vamos ver a pessoa que amamos, pois afinal de contas é a hora que mais ficamos vulneráveis.

Dei um sorriso.

― Você tem toda razão!

Blair mostrou a pedra da alma na palma de sua mão. Aquele artefato nos ajudaria com o feitiço certo, a localização correta naquela vida. Levantei por fim do sofá sentindo meu coração à beira de um colapso. Estendi a mão para ela que a pegou e por fim conjurou o feitiço que nos levaria de encontro à Daynna.

― Dirigendos pedes nostros in viam rectam.

Ajudei-a repetindo o feitiço em alto e bom som, então a pedra da alma começou a levitar. Blair a segurava por uma corda amarrada à ele com uma de suas mãos. A pedra que formava aquele colar improvisado era verde esmeralda, deixando uma luz esverdeada forte ao redor, cada vez que sentia a presença de Daynna mais perto.

Fechei os olhos e por fim fomos transportados para onde quer que ela tivesse. Paramos na frente de um lugar com letreiros luminosos que piscavam em luzes coloridas. Pudemos ver uma grande quantidade de homens em uma fila indiana na porta do estabelecimento. Andamos em frente ignorando completamente aquela fila formada. O segurança negro e alto que estava de braços cruzados, descruzou os braços e tentou nos impedir de passar. Ele era muito mais alto do que eu, o que poderia me causar certo receio, mas não me intimidava nenhum pouco com o seu tamanho protuberante.