01

2K 132 53
                                    

Katherine Young P.O.V. 

Nova Iorque

O tempo lá fora estava um pouco ensolarado, mas pela a janela que ficava a alguns centímetros da minha mesa na sala, podia-se ver o sol prestes a se pôr. Deslizei minha mão sobre meu ombro tenso e apertei na tentativa de massagear a região. Meus olhos deslizaram pela mesa a minha frente e havia uma enorme pilha de papéis ao lado da tela do computador. Todas aquelas folhas eram documentos sobre casos criminais. Atualmente trabalho em um consultório de advocacia no centro de Nova Iorque. Como eu vim parar aqui? Meu pai insistia que eu tivesse um futuro promissor e que seguise os mesmo passos que ele, se tornar um grande juíz. Eu nunca tive muito poder de escolha nessa questão e nunca busquei discussões sobre isso com ele, pois ele sabia muito bem como me controlar. 

O consultório era de um amigo próximo a ele, ele soube que estavam precisando de alguém para ajudar e, claro, meu pai praticamente me empurrou para cá. Nós não mantínhamos tanto contato quanto antes, quando morava com ele, dei graças aos céus por ter saído do Canadá e ter vindo ficar o mais longe possível dele, mas mesmo de longe, ele ainda conseguia me me perturbar. 

A porta foi aberta e ergui meu olhar saindo de meus desavaneios. 

Sim? — Encarei o homem que estava com metade do corpo dentro da sala enquanto segurava a maçaneta da porta e me olhava. 

— Já terminou com o caso dos Miller's? — Perguntou meu chefe, ele parecia tenso pelo seu olhar. 

— Sim, está tudo aqui. — Peguei os papéis que estavam do outro lado da mesa e me levantei indo em sua direção lhe entregar. Ele pegou em suas mãos e analisou por cima. — E o senhor deveria conversar com a filha deles, ela está escondendo alguma coisa. — Ele me olhou com o cenho semicerrado. 

— Descobriu alguma coisa? — Ele perguntou ainda esperando por uma resposta. 

— Pelos relatórios do crime, ela deu respostas muito vagas, mas acabou deixando passar que não estava presente no momento com os pais. — Ele respirou fundo balançando um pouco a cabeça, demonstrando estresse. 

— Certo, vou dar uma olhada nisso. — Assenti com a cabeça e estava prestes a sair quando ele abriu a porta novamente. — Você já pode ir. — Dei um sorriso forçado sem monstrar os dentes e ele fechou a porta. Suspirei sentindo o cansaço mental me dominar novamente. Peguei minha bolsa que estava sob o pequeno estufado perto da janela e desliguei a tela do computador. Peguei meu celular na mesa e sai da sala. 

Meu salto fazia barulhos que chamavam atenção das pessoas ali e podia sentir seus olhares pesados sobre mim. Entrei no elevador e apertei o botão para descer. A saia que eu usava era apertada e eu só pensava em me livrar dela o mais rápido possível. 

(...)

Pedi mais uma dose ao barman que estava próximo a mim no bar. O bar era rústico, era pouco iluminado e não era o mais chique, mas era o mais aconchegante da cidade. Havia algumas pessoas por ali enquanto eu estava sozinha no banco do bar. Virei o restante da bebida que rasgava cada vez menos que descia pela minha garganta e suspirei. 

— Dia difícil? — O barman perguntou me passando a bebida e começando a limpar outros copos. Ergui meu olhar para encará-lo. 

— Vida difícil. — Ele acentiu com a cabeça e bebi um gole do whisky. Olhei ao meu redor e o movimento do lado de fora estava começando a ficar menor. 

— O que a incomoda? — Ele perguntou chamando minha atenção. Eu já estava começando a ficar um pouco triscada pela bebida. 

— Papai controlador, trabalho terrível. — Resumi para ele levando o copo novamente a boca. Ele sorriu fraco. 

Stranger - Sebastian StanWhere stories live. Discover now