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Sebastian Stan P.O.V. 

06:00 AM 

Ainda estava um pouco escuro lá fora vendo através da janela, Katherine dormia com a sua cabeça em meu peito calmamente. Sua respiração estava baixa e lenta e seu corpo colado ao meu, sua mão pousada em minha barriga debaixo dos lençóis e seus cabelos bagunçados chamavam minha atenção. Ela vestia uma de minhas camisas por baixo dos lençóis. Depois de termos transado novamente na banheira, nós dois decidimos descansar um pouco, mas Katherine aparentemente estava mais cansada. 

Enquanto a observava eu pensava sobre sua condição com seu pai. Pelo o pouco que Katherine havia me dito, ele era abusivo com ela e muito controlador. Mas mesmo sendo assim, ela ainda sentia que não devia dar as costas para ele por causa do que acontecera com sua mãe. Me peguei pensando que poderia tê-la colocado numa situação pior agora e depois de termos fugido com o carro do segurança de seu pai, com certeza ele estaria mais furioso. 

Mas seu pai não me preocupava, ele não poderia me fazer mal algum. Katherine era quem me preocupava. Engraçado, estou aqui me preocupando com alguém que conheço a menos de 24 horas como se fosse alguém muito importante. Mas eu não podia negar que Katherine era alguém me despertava muito interesse, e honestamente, eu queria conhecê-la mais. Queria saber mais sobre seus costumes, sua vida, seus interesses, queria saber sobre tudo. 

Ela se mexeu próximo a mim e suspirou levemente com o rosto próximo ao meu pescoço. 

— Você não dorme nunca? — Ela murmurou baixo ainda de olhos fechados me fazendo olhar para seus lábios. — Estou começando a achar que você é um vampiro. — Ela disse me fazendo rir e deitar a cabeça no travesseiro. 

— Eu dormi, mas perdi o sono. — Murmurei sentindo a garota se mexer novamente perto de mim e ficar por cima de mim, ela se colocou entre minhas pernas e encostou seu queixo em meu peitoral deixando seu rosto quase perto do meu. Ela me observou com um sorriso pequeno em seus lábios. 

— E o que te perturba a noite? — Perguntou. 

— Seu pai. — Ela riu deitando o rosto na minha barriga me fazendo rir junto depois voltou a me encarar. 

— Ele não é tão assustador. — Ela disse.

— Por que sinto que ele é um velhote e você que é medrosa demais? — Ela balançou a cabeça rindo mais uma vez. 

— Ele não é um velhote, tem braços bem fortes. — Ela piscou me fazendo arquear a sombrancelha e rir. 

— Isso era pra me assustar? — Ela riu dando um pequeno beijo em meu queixo. 

— Ele é faixa preta em karatê, não vai querer entrar numa briga com ele. — Murmurou deslizando seus dedos pelo meu queixo brincando com os pequenos fios da minha barba. 

— Uau, acho que vou começar a tomar cuidado agora. — Brinquei com uma expressão de medo no rosto a fazendo sorrir enquanto me olhava. — Como você vai resolver tudo isso com ele? — Perguntei vendo seu sorriso se desfazer aos poucos. 

— Eu vou pra casa, ele vai estar lá, nós vamos discutir, ele irá cortar o meu dinheiro ou... — Ela ficou pensativa. — Ele vai me dar muito sermão e vai querer me arrastar de volta pro Canadá. 

— E você vai deixar isso acontecer? — Perguntei a fazendo com que me olhasse seriamente. 

— O que espera que eu faça? — Ela disse ficando na defensiva e com um olhar triste mas tentou disfarçar saindo de cima de mim. 

— Revidar. — A encarei. Ela se sentou na cama e respirou fundo me olhando de lado. 

— Não é como se eu pudesse fazer algo drástico, Sebastian. — Ela disse virando o rosto de novo. — Não é fácil e simples como você pensa. — Ela levou suas mãos até seus cabelos os jogando para trás. 

— Eu discordo. — Disse chamando sua atenção. — Eu acho que é bastante simples. — Ela me encarou. — Eu entendo, você tem medo dele e medo do que ele pode fazer com seu dinheiro e com a sua vida, provavelmente pode te infernizar para sempre, mas você não acha que deve tentar sair dessa situação? — Falei me sentando na cama. 

— Você não sabe de nada. — Ela disse saindo da cama e ficando de pé. — Você não entende. 

— Então me diz. — A encarei. — Me diz o que te impede além do medo. — Ela pareceu pensativa, mas logo se irritou e saiu andando. A segui indo até a sala. — Katherine, fala comigo. 

— E por que eu deveria falar com você? — Se virou ficando de frente para mim e suspirei. — Você não me conhece e eu não conheço você. Até onde eu sei, eu não deveria confiar em você. — Me encarou me olhando nos olhos e dei um passo ficando próxima a ela. 

— E por que está aqui? — Ela me encarou. — Você confiou o suficiente pra fugir do seu pai comigo. — Ela baixou seu olhar. 

— Eu não deveria ter feito isso. — Ela murmurou. 

— Mas fez. — A observei, ela estava triste e parecia estar decepcionada. — Você está aqui comigo.

— Mas não deveria. — Levantou seu olhar. Pela primeira vez a vi com seus olhos avermelhados e marejados. — Eu não deveria estar aqui, não posso. — Baixou o olhar novamente. 

— Para de repetir isso. — Respirei fundo. — Você confiou em mim, o que significa que uma parte sua sente que deveria ter feito isso. — Ela levantou seu olhar novamente me encarando. — Você está certa, eu não conheço você, mas eu observo as pessoas e sei que você se sente insegura em arriscar. — Ela fechou seus olhos e suspirou. Então eu estava certo sobre isso, pensei. — Está tudo bem, eu entendo. — Falei tocando em seu braço. — Me deixa... 

— Me ajudar? — Ela me interrompeu me olhando e uma lágrima escorreu pelo seu rosto a fazendo limpar rapidamente e sair da minha frente. Ela ficou de costas para mim um pouco distante e pude notar pelos seus ombros que ela estava tensa. 

— Se alguma parte sua quer sair dessa situação e viver... — Falei. — você precisa se ajudar. 

Ela suspirou alto e virou ficando de frente para mim e pude ver seus olhos avermelhados, ela tentava se manter séria e forte naquele momento, mas eu sabia o quão delicado aquilo era para ela. Me aproximei aos poucos dela e toquei seu rosto com a minha mão, sua pele estava quente e sua respiração fraca. 

— O que meu terapeuta diria sobre isso? — Ela murmurou me encarando. 

— Que uma hora você vai ter que confiar em alguém. — Deslizei meu dedo sobre sua bochecha rosada. Seu rosto estava avermelhado por segurar o choro.— Desde quando faz terapia? — Perguntei franzindo o cenho e ela riu fraco. Ela respirou fundo. — Que tal um café? — Perguntei e ela negou com a cabeça. 

— Eu prefiro chá. — Ela disse me fazendo sorrir fraco. 

— Chá, então. — Dei um beijo demorado em sua testa e a mesma me abraçou pela cintura e a abracei de volta a apertando contra meu corpo. Acariciei seus cabelos longos e ela se afastou um pouco de mim. 

Nós dois voltamos até a cama e ela deitou na mesma ligando a TV enquanto eu ligava para o serviço de quarto e pedia por algo para comermos. Depois de fazer o pedido me deitei ao seu lado na cama e a puxei para mim. 

— Quero levar você pra ver algo hoje. — Falei deslizando minha mão por seu braço pousado em mim. 

— O que é? — Ela me olhou por baixo e sorri a olhando. 

— É surpresa. — Fiz cara feia para ela que sorriu. 

Odeio surpresas. — Ela disse. 

— Que pena, eu não ligo. — Falei dando de ombros olhando para a TV e ela riu me fazendo sorrir. 

— Vai começar a bancar o idiota agora? — Questionou me olhando. 

— Quem mandou você confiar. — Ela revirou os olhos me fazendo rir. 

— Idiota. — Disse antes de encostar seus lábios nos meus. 

Stranger - Sebastian StanWhere stories live. Discover now