• Capítulo 6

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Kah on·
Assim que estacionei meu carro na garagem de casa percebi que a bicicleta do garoto está aqui, aff. Respirei fundo e olhei o meu celular que marcava seis e meia. Putz, minha mãe vai me matar! Saio do carro com cuidado e entro dentro de casa tentando fazer o mínimo de barulho possível, mas logo me assusto ao ouvir uma voz, a da minha mãe.

Caro: ora, ora. Parece que alguém lembrou que tem casa- a voz da minha mãe ecoa pela sala e eu me viro devagar a vendo de costas no sofá. Parecia estar lendo algo, com certeza uma revista.
Kah: o-oi m-mãe- falo nervosa, ela se levanta, se vira para mim e tira seu óculos de grau.
Caro: isso são horas de chegar em casa Karol? Falei que queria você aqui às seis horas.
Kah: ai mãe, relaxa. Nem está tão tarde assim.
Caro: não quero saber. Eu disse para você estar aqui naquele horário e você me desobedeceu chegando meia hora depois.
Kah: o importante é que eu estou aqui, tá bom?- bufo.
Caro: não importa. Eu fiquei preocupada. E se algo acontecesse com você?
Kah: mas não aconteceu. Estou ótima!
Caro: já disse que não importa e que tinha que chegar aqui no horário que eu mandei.- ela se aproxima- E por ter me desobedecido irá ter um castigo.
Kah: o quê?
Caro: isso mesmo que você ouviu.
Kah: você não pode fazer isso- a olho incrédula. É sério que ela vai me dar um castigo só por que cheguei meia hora atrasada? E mano, nem está tarde.
Caro: claro que posso, sou sua mãe. A partir de hoje você vai da escola para casa e de casa para escola. Nada de sair com suas amigas.
Kah: ah não.- nego com a cabeça rindo- Você só pode estar de brincadeira.
Caro: estou falando bem sério Karol. E outra, quero a chave do seu carro.
Kah: o quê? Vai me deixar sem meu carro também?- pergunto irritada.
Caro: sim. Isso para você aprender. Agora me dá!- ela afirma estendendo a mão e eu a olho brava. Eu não acredito que ela está fazendo esse show todo porque cheguei trinta minutos atrasada. TRINTA MINUTOS CARALHO!- Eu não vou falar de novo.- ela diz e eu bufo. Pego a chave do meu bolso e a entrego- Irá com o Phelippe para escola e esse castigo será por tempo indeterminado.
Kah: pra que tudo isso? Me diz? Nem está tão tarde assim.
Caro: não quero saber. Eu preciso colocar limites em você e tudo isso será para o seu próprio bem.
Kah: se isso é para o bem eu não quero nem saber o que é para o mal- falo sentindo meus olhos marejados e me viro subindo as escadas rapidamente. Assim que entro em meu quarto bato a porta com força, jogo a mochila no chão e depois me jogo na cama. Por que eu tinha que oferecer carona para aquele garoto? Maldita hora! Ou melhor, por que eu não o levei e fui embora? A verdade é que minha mãe é uma chata e não me deixa fazer nada! Ouço a porta do meu quarto se abrindo e logo após braços menores envolverem minha cintura.
Clara: não fica "tiste"- a voz da minha irmã de cinco aninhos ecoa pelo o quarto. Me viro para ela e a olho ainda deitada.
Kah: eu não estou triste anjo- falo limpando as lágrimas que haviam caído.
Clara: está sim. Eu vi a mamãe brigando com você.
Kah: foi só uma pequena discussão. Depois nos resolvemos- sorrio fraco e ela me abraça. A verdade é que acho que nunca vamos nos resolver, não se depender dela.
Clara: a mamãe é brava, eu sei, mas lá no fundo ela é boazinha- ela diz me fazendo ri. Como eu amo esse pinguinho de gente. Senti um olhar sobre nós, mas nem fiz questão de me virar para ver quem é. O abraço está tão gostoso que a preguiça é bem grande de sair dele. Depois de um tempo pergunto a minha irmã se ela quer um sanduíche lembrando dos que comprei hoje mais cedo e ela aceita. Eu e o Ruggero acabamos nem comendo.

Rugge on·
Depois que o médico me falou um pouco mais sobre o estado do meu pai entrei no quarto onde ele está e o vi desacordado. Respirei fundo e fechei a porta logo após me aproximando dele que está deitado na maca. O médico ainda não sabe direito o que aconteceu, mas pelo o que tudo indica ele estava saindo do trabalho e acabou sendo atropelado por um carro em alta velocidade. Me sentei na cadeira ao lado da maca e fiquei o olhando. Sei que estou sendo um péssimo filho e que não estou me dedicando o bastante, mas tem sido tudo muito difícil. Confesso que estudar não é minha praia e sei que ele só quer ajudar no meu futuro e no do Leo, tanto é que pagou a nova escola para mim. Apesar dele me culpar pela morte da minha mãe ele não sabe direito o que aconteceu. Acho que ele me culpa para não ficar sofrendo. Eu sei que parece meio louco e também não é o certo, mas por um lado eu o entendo, pois eu também jogo minha raiva nos outros, então não o jugo. Só que a morte da minha mãe me dói muito. Foi por minha culpa que tudo aconteceu, mas eu não quero lembrar disso agora. Fiquei um tempo dentro do quarto e logo após resolvi sair. Falei novamente com a Karol e que menina chata viu, ela me tira do sério. Tudo bem que fui um pouco grosso, mas esse é meu jeito. Sinto muito se ela não entender e também não vou mudá-lo por ela. Fiquei puto quando ela me deu as costas e saiu andando. Sério, eu juro que ela vai me pagar muito caro. Olhei para o lado vendo a entrada do hospital e suspirei. Eu poderia sim ficar lá dentro com meu pai, porém meu irmão já deve estar preocupado em casa e não posso deixá-lo sozinho. Vou até a garagem e percebo que a minha bicicleta ficou com aquela garota. Porra mano, não estou falando que ela me tira do sério? Custava ela me dar a merda da bicicleta? Ela fez de propósito, certeza!
[...]
Rugge on·
Acabei de chegar em casa. Depois que eu descobri que a minha bicicleta está com aquela idiota tive que pagar um Uber. Assim que entrei em casa fui ao meu quarto e vi meu irmão de sete anos jogado na cama jogando um joguinho aleatório em seu tablet que eu dei de presente no dia do seu aniversário.

Love Barriers [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now